12 setembro, 2018

«O GOLPE ESCRAVIZA O BRASIL E MATA MAIS QUE UMA GUERRA »

Zillah Branco, especial para O Lado Oculto


Lula tornou-se o símbolo de um processo que mostrou ao povo brasileiro ser possível libertar-se das imposições das potências hegemónicas, assumir um papel positivo no cenário internacional e iniciar uma série de transformações sociais que enfrentariam séculos de exclusão e miséria. A Bolsa Família lançada pelo seu governo é um programa divulgado pela ONU e adoptado nos países onde a miséria mata mais que as guerras.
«Ao analisarmos o legado de Lula, de 2003 a 2016, até que Temer abriu as portas do Brasil à destruição avassaladora, vemos que os prejuízos económicos (com a quebra das iniciativas de produção e emprego e o congelamento por 20 anos dos orçamentos para o sector social), financeiros (com o confisco, pelos bancos, das casas de habitação financiadas a crédito aos trabalhadores agora desempregados e a venda das empresas nacionais), do desenvolvimento cultural (com o corte nos orçamentos das universidades e das bolsas de estudo nos vários níveis do ensino, e das instituições públicas culturais), do desenvolvimento da estrutura de produção do Estado (com a desagregação para privatização da construção naval, da Embraer, da Petrobrás, e de mais de 7 mil empresas públicas), da atenção à saúde, da quebra da Bolsa Família e das múltiplas iniciativas para fomentar a pequena empresa ou cooperativa de produção, o corte de subsídios e reformas por invalidez, com a destruição não só do sistema judiciário que promovia a inclusão de milhões de brasileiros nos benefícios da cidadania mas da própria justiça social que era a base do desenvolvimento humano do povo brasileiro, vemos que o aumento da mortalidade infantil e materna, de jovens abandonados aos bandos criminosos, de famílias deixadas à fome, de suicídios e doenças mentais, de enfermos sem tratamentos, tende a ser maior do que em guerras e prolongam-se por anos afora, reduzindo um país potencialmente rico a escombros. As estatísticas registaram 63 mil homicídios por ano.

Devastação como numa guerra
O crime cometido pelos golpistas ultrapassa em muito o de agressores armados que invadem um território. É hediondo.
A ONU dá o testemunho de que o Brasil conseguira, com o combate à miséria, retirar 42 milhões de pessoas da fome, mas que depois do golpe, em 2018, já perdeu esta conquista. A queda da mortalidade infantil para a taxa de 14,1 óbitos por mil nascidos e a redução em 25% dos óbitos maternos em relação a 2001, que aproximou o Brasil das condições de países desenvolvidos, desvaneceu-se no meio das múltiplas catástrofes económicas e sociais.
O desemprego, que entre 2003 e 2004 desceu de 12% para 4,5%, acompanhado de melhor distribuição de rendimentos com o aumento do salário mínimo em 71,5%, produziram o aumento de consumo dos bens essenciais que animou a indústria e a comercialização de produtos básicos e de alimentos.(...)»
Pode continuar a ler este texto em "O LADO OCULTO". Escolhi-o por razões de proximidade afectiva e porque no Brasil se joga mais que o destino do povo irmão. A sua escolha pode ser esta ou outra, das tantas que pode ler.
De seguida dou conta da mensagem que recebi do Conselho Redactorial, como assinante do 



«Iniciamos a caminhada informativa de O Lado Oculto trazendo-vos notícias comprovativas de que este é um mundo em colapso, entre uma ordem desgastada, sem remissão, e uma nova ordem que se vai dando a conhecer através de sinais velhos e tragicamente ameaçadores. É a luta do capitalismo pela sobrevivência.
O exemplo da situação na Síria é flagrante. Num momento em que está a desenvolver-se uma ofensiva de grande envergadura contra um dos últimos, mas dos mais fortes bastiões terroristas, surgem de todos os lados, da União Europeia aos Estados Unidos, passando pelas Nações Unidas, manobras, travões diplomáticos e até provocações cujas consequências serão a reactivação e a eternização de uma guerra que já originou centenas de milhar de mortos e desalojados, além de trazerem novo alento aos mercenários praticamente derrotados.
Simultaneamente, consolidando, passo a passo, a sua estratégia conjunta com o chefe de turno do fascismo sionista, o presidente dos Estados Unidos da América vai anunciar “o acordo do século”, isto é, o crime do século para tentar institucionalizar a limpeza étnica que há mais de 70 anos se realiza na Palestina. Para preparar terreno, a Casa Branca decidiu asfixiar financeiramente a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos.
A ONU revela uma docilidade confrangedora – e por vezes colaborante – com todos estes comportamentos, tendo à cabeça um secretário geral da triste figura, sem personalidade, coragem e independência para o cargo.
Apesar do tumulto que, por outras razões, envolve a figura do presidente dos Estados Unidos em exercício, nada acontece que ponha verdadeiramente em causa o poder deste país para determinar acontecimentos internacionais. Prova disso são as sanções contra o Irão, que geram muita revolta verbal mas todos acatam.
Sendo que a inconsequente contestação a Trump não belisca minimamente a expansão imperial da NATO, que alarga a presença nos Balcãs com uma nova base militar na Albânia, e os preparativos de integração da Macedónia, para a qual recebeu uma mão amiga de Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego.
No inferno causado pela ingerência norte-americana vive igualmente o Brasil, sofrendo os efeitos do golpe contra o povo que tem os efeitos de uma verdadeira guerra; povo esse que luta agora generosamente, mas em condições desiguais, para que a situação não degenere na institucionalização do fascismo.
Entretanto, os presidentes francês e russo protagonizam um episódio aparentemente contra a corrente e que está a dar que falar. Nada que, à primeira impressão, trave a degradação constante da vida no planeta, exemplificada dramaticamente pelas alterações climáticas, que apenas os seus causadores negam para poderem continuar a dar largas à ganância que está na sua origem.
Com votos de frutuosa leitura
O Conselho Redactorial»

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