Não é preciso saber detalhes para entender as principais causas. Conhecer os pormenores só desviará a atenção dos "porquês" do drama. É tão certo isso como é acertada a minha relutância em dar protagonismo às chamas. Espaço meu, não alimentará a febre aos pirómanos, embora tudo leve a crer que desta vez mais se deva à incúria que à loucura. Dirão que não, que se conjugaram factores de baixa humidade, vento, temperaturas do diabo e trovoadas...
Entre a profusão de imagens, declarações, testemunhos, entrevistas e comentários, procuro a sentenciosa análise de Filipe Soares dos Santos da qual recordo algumas palavras, frases soltas: "falta de ordenamento"; "grande parte da floresta ou é privada ou fracionada e sem cadastro"; "é preciso passar a dar valor ao mato, à biomassa". Procuro e não encontro.
Veio a explicação por outra via, assim:
(...)
«6 – O PCP considera que uma das questões centrais para evitar tragédias como a de hoje é a inversão da tendência da desresponsabilização do Estado na gestão da floresta, na prevenção e combate a incêndios e no ordenamento do território e combate à desertificação.
É necessário inverter o esvaziamento humano de estruturas da Administração Central e a rarefacção de meios financeiros para a floresta e para o apoio à actividade agrícola. Nesse sentido a DORLEI do PCP reitera a sua condenação do encerramento de vários serviços da Direcção Regional de Agricultura no Distrito de Leiria.
É necessário valorizar a importância e o papel dos pequenos produtores e compartes dos Baldios, dar mais meios e poder de decisão às suas associações, dar resposta ao problema central do baixo preço do material lenhoso e assegurar o ordenamento da floresta, designadamente através da elaboração do Cadastro Florestal com os meios financeiros adequados.
7 - Os problemas da floresta portuguesa e as catástrofes como a de hoje não resultam apenas das condições climatéricas extremamente adversas que se verificaram no dia de ontem.
Decorrem também da destruição da pequena e média agricultura, do desaparecimento de muitos milhares de explorações familiares e da desertificação do mundo rural e do interior do País. Catástrofes como esta são ainda indissociáveis da aplicação da PAC e das suas desastrosas reformas, bem como do resultado de políticas agro-florestais, orçamentais e de serviços públicos contrarias aos interesses dos agricultores e do mundo rural.»
18 de Junho de 2017
O Gabinete de Imprensa da
Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP
Já antes deste luto eu me enlutara com a situação que só espanta pela dimensão do drama.
A tragédia foi grande por de mais pelo que nos devemos conter de dar receitas e conselhos ...
ResponderEliminarLamento.
Graça,
EliminarNão é nem receita, nem conselho
é uma acusação por nada ter sido feito
Faço-a, como sócio 331 dos BV de Oeiras
(e com as cotas em dia)
E quanto a lamentos, quem não lamenta?
Por muito doridos que todos estejamos, esta acusação é perfeitamente pertinente.
ResponderEliminarMaria João
...e é uma acusação antiga
Eliminartão antiga
minha amiga
Concordo que está acusação é absolutamente pertinente.
ResponderEliminarO teu partido (e quase o meu) faz parte do governo actual, portanto, mãos à obra para evitar tragédias terríveis como está. Menos palavreado e mais coragem para enfrentar é resolver os problemas do mundo rural.
apenas um senão
Eliminaruma correção
se fizesse o meu partido parte do Governo
a Reforma Agrária faria parte da agenda
Boa?
Meu amigo,
ResponderEliminar"A quente" é difícil ter uma opinião clara.
Mas lamentar não chega:
http://octopedia.blogspot.pt/2012/09/o-negocio-dos-incendios-em-portugal.html
Um grande abraço
lerei
Eliminaratentamente
como sempre faço
ao que escreve
Abraço retribuído, meu amigo
Caro Rogério, tem toda a razão, esta tragédia só espanta pelos números, mas, mais tarde ou mais cedo uma tragédia iria acontecer, porque chegados ao Verão, a lengalenga é sempre a mesma, porém, nada foi feito até hoje, relativamente ao cerne de tudo, que é o ordenamento florestal entre outras políticas. Espanta, mesmo apenas pelos números. Se não fossem estes números era mais um incêndio. Todos lamentávamos, mas rapidamente esquecíamos. Nada mais.
ResponderEliminarA melhor forma de chorar esses mortos
Eliminaré fazer o que ainda não foi feito
(bem-vindo samnio)
E o pior é que todos nós ficamos com a certeza, de que no próximo ano, vamos estar de novo, a lamentar outros fogos, talvez outras vitimas.
ResponderEliminarAbraço