Aquele corpo tão falsamente provocante que caminhava para o abismo, era o seu, e ela por mais que tentasse não conseguia aliená-lo.
Detestara-o naquela noite e em todas as outras noites em que o usava. Queria que ele não lhe pertencesse, sentia a maldição que pesava sobre si e desejava ser uma pessoa normal, que se entrega, que recebe, que aceita e nada receia.Só via falência na sua vida. Não existia nenhuma razão no mundo que a pudesse impedir.A quem poderia interessar que ela vivesse, que trabalhasse, que amasse. Para quê? Para quem?A desculpa da euforia permanente produzida pelo álcool era mais razoável, pois conseguia afastar a falta do amor que não conheceu, dos beijos que não deu, dos livros que não leu e da vida que não viveu.Mas hoje estava sóbria!Eram precisamente seis horas e dezoito minutos quando ela decidiu o seu destino.
Assim decidida procurou o sítio propício e para lá se dirigiu.
Um homem de olhar indefinido, mas de onde irradiava estranho brilho, a passo decidido veio barrar-lhe o caminho. Não lhe perguntou a onde ia, fez-lhe uma pergunta inesperada."Há quanto tempo morreste?" e sem esperar resposta o homem continuou "Aposto que decidiste morrer há muito, talvez quando eras muito nova... acontece quando nos consideramos mortos, vamos morrendo, morrendo, ao longo do tempo..."
Surpreendida já não tanto por o desconhecido lhe ter interrompido o caminho mas por aquelas palavras lhe terem dado uma visão diferente ao seu percurso de vida, interrogou-se se não teria alguma vez desistido antes de começar.
Sem pensar que o fazia, sentou-se numa pedra que por ali havia. O homem acompanhou-a e sentou-se noutra. E por ali ficaram a conversar até a noite chegar. Depois (e porque há sempre um depois) sentiu-se ressuscitar.
Eram precisamente vinte e duas horas e cinco minutos quando lhe aconteceu o seu primeiro beijo.
Escrito a duas mãos, a mão dela e esta minha
Adorei o texto. Lindíssimo!
ResponderEliminarAinda bem.
EliminarA escrita da Fê inspira
Quando duas mãos se unem em sintonia, só pode haver esta magia !
ResponderEliminarEmocionei-me ver aqui no seu espaço este nosso "DESTINO".
Um beijinho grato
Fê
Duas mãos, duas escritas
Eliminardiferentes estilos, bonitas
Também eu gostei muitíssimo deste texto a duas mãos!
ResponderEliminarNo tempo já longínquo em que eu escrevia exclusivamente poesia pós-modernista, ocorreu-me poder, um dia, pegar numa obra que ficou prometida pelo meu avô, "O Regresso de O Encantado", acrescentar-lhe alguns dos meus poemas de então e publicá-la, acrescentando-lhe o sub-título "Poemas a Quatro Mãos e Um Sonho"... mas muito, muito longe vão esses tempos...
Abraço grande!
Maria João
(Como sabes, estou completamente impossibilitada de me mover no Google+...)
Em arte
Eliminarnunca é tarde
gostei de ver estas duas mãos, mas eu diria a quatro mãos, as da Fê e as tuas...
ResponderEliminarmuito bom!
:)
Se não fosse escrita
Eliminarmas uma peça para piano...
Duas mãos, duas escritas
bonitas
Era uma hipótese romanesca; eu decidi-me
ResponderEliminarpor uma solução mais segura...
Haja criatividade!
Uma tarde excelente.
Beijo.
~~
Li
Eliminarmas arrumar o passado dentro de um armário e deitar a chave fora julgo que é ficar com um mono em casa... eu podia o armário à venda no olx
o final ficaria, igualmente, feliz
O conto funcionou muito bem a duas mãos. Parabéns aos dois! :)
ResponderEliminar(pelo-me por estas iniciativas criativa...)
EliminarAdorei!Parabéns! valeu! abraços,chica
ResponderEliminarabraço meu
Eliminaragora que me apareceu
Gostei desta continuação.
ResponderEliminarObrigado
Eliminar...e eu gostei de continuar
Não acredito no Destino. Estamos zangados há tanto tempo que, creio, possa já ter morrido.
ResponderEliminarGosto sempre quando as histórias acabam bem.
Lídia