Não se Diz ao Triste que se Alegre
Pouco sabe da tristeza quem, sem remédio para ela, diz ao triste que
se alegre; pois não vê que alheios contentamentos a um coração
descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dobram o que padece.
Vós, se vem à mão, esperáreis de mim palavrinhas joeiradas, enforcadas
de bons propósitos. Pois desenganai-vos, que, desde que professei
tristeza, nunca mais soube jogar a outro fito. E, porque não digais que
sou gente fora do meu bairro, vedes, vai uma volta feita a este mote,
que escolhi na manada dos enjeitados; e cuido que não é tão dedo
queimado que não seja dos que el-rei mandou chamar; o qual fala assim:
Não quero e não quero
jubão amarelo.
(...)
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«Camões subversivo e revolucionário, em tudo um homem do nosso tempo»
Um longo discurso que li pela primeira vez, e que me levou a compreender melhor o poeta, que (pecadora me confesso) não é o meu preferido.
ResponderEliminarObrigada pelo link.
Abraço
Não te preocupes... tratando-se de poetas, não é fácil falar de preferências.
EliminarGrandes ambos: Camões e Jorge de Sena! Muito grandes (e bons) os dois - cada um à sua maneira.
ResponderEliminarGosto!
Tenho um defeito
Eliminarnão consigo separar
a escrita, da pessoa que a escreve
ao caso, dois Homens
muito grandes
Grandes, grandes! Nenhum dos dois quereria "jubão amarelo"... e nem eu...
ResponderEliminarAbraço!
Maria João
É curiosa
Eliminara actualidade de Camões
e a (sua) negação
da cor do jubão
Bom dia, Rogerio.
ResponderEliminarTão grande verdade, talvez fruto da ânsia de desabafo, feita poesia.
Pois que também a mim não agrada quem gosta de prescrever receitas de alegria, temperada com positivismo, a quem sofre, sem que tenha capacidade de lhe encontrar, isso sim, remédio para a causa do padecimento. Será fruto de incapacidade de algo melhor a dizer? Será alheamento da realidade?
Na falta de melhor, que se remeta ao silêncio, que esse soa como bálsamo aos ouvidos de quem sofre. ;)
Camões tem mais que "cantos épicos", tem faces lindas mostradas em poesia.
abç amg
Talvez não seja desabafo
EliminarCamões sabia,
que por estranho que pareça
que embora o povo sorria
carrega com ele uma profunda tristeza
Camões tem faces lindas
todas
... foi exactamente à cor do jubão que eu reagi de imediato...
ResponderEliminarBjo!
...e porque julgas que seleccionei este seu texto?
EliminarDois homens do nosso tempo, Luís de Camões e Jorge Sena.
ResponderEliminar...os nossos mortos não morrem!
EliminarCamões sim, Sena nem por isso.
ResponderEliminarJorge de Sena escreveu cerca de 40 livros, quais leu?
Eliminarhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Sena
Amigo Rogério, escolheu, aliás como é seu hábito, o texto de Camões mais indicado para este dia, que é nosso, do povo português.
ResponderEliminarCostumo dizer que só quem sofre, compreende a dor dos outros. Agora palmadinhas nas costas e palavras de consolo, não servem para nada.
Um beijinho e bom fim de semana
Umas vezes escolhemos, com gosto
Eliminaroutras é a escolha que vem ter connosco
Mas, tratando-se de Camões, todas as escolhas seriam acertadas em dia de mais um centenário da comemoração do seu nascimento.
Obrigado
Meu "pássaro"
Por acaso, é daquelas coisas que não percebo, o português comum é um homem triste por natureza. E não será das políticas ou das crises, que não ajudam, mas existem países bem mais miseráveis com povos bem mais alegres... ;)
ResponderEliminarNo entanto, o Camões estava carregado de razão!
A pobreza
Eliminarse é alegre
de certeza
que esconde a tristeza
bem visto (apenas com um olho)
ResponderEliminare bem observado (com os dois).
abraço, caro Rogério
Camões via com a alma!
EliminarSó a si próprio fiel, Camões!
ResponderEliminarQuanto ao jubão amarelo bem o quiseram enfiar e fazer-nos acreditar que lhe servia. Mas não!
Lídia
Só a si
Eliminare ao povo
Não se coloca essa distinção. Se o poeta for povo, a palavra di-lo-á de um ou de outro modo.
ResponderEliminarLídia
Refiro-me à fidelidade de Luís Vaz a uma classe da qual não era proveniente... embora a nobreza a que pertencia fosse (?) pindérica, terá estudado em Coimbra e era frequentador da Corte...
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