Quando há tempos escolhi ser Viriato, por razões que agora não vêm à baila, não fazia a mínima ideia de que o chefe lusitano nem falava português, que a sua linguagem era proto-celta e que o latim viera a ser imposto na península pelo invasor como politica colonial associada à romanização dos povos. Nem sei detalhes sobre as origens do português, nem mesmo se D. Afonso Henriques o usava ou se era a língua materna (de sua mãe), já que essa seria a base da conversa doméstica. Presumo, sem ter ido confirmar, que as universidades terão sido sempre (e são) as instituições onde a história e a cultura se arruma e, assim, teremos de agradecer a D. Dinis (Estudos Gerais) a consolidação do português enquanto língua que Camões, mais tarde, iria (tão bem) cantar...
Quando há tempos decidi, entre Sólon e Clistenes, escolher este para intervir em actos de cidadania neste espaço, não foi para me alargar na vasta cultura helénica nem para ir mergulhar na densa (e bela) e variada mitologia grega. Foi ao pensamento grego a que me apeguei e apego.
Por isso, pela língua latina e pelo que julgo fazer parte da minha identidade, não podia discordar da decisão de Crato em introduzir, já no próximo ano lectivo, no ensino básico, uma nova disciplina de cultura e línguas clássicas. Por tudo o escrito não me contradigo: estou de acordo e até saúdo. O problema é outro. E esse repito-o no que disse quando o soube: «Drª, esta gente está louca? Os meus netos 5 e 6 anos precisam de começar já? Se sim para quê e em prejuízo de quê? Com que esclarecimento se opta?». O ministro não responde, é surdo que nem uma porta.
Mas... não é apenas esse o problema.
Mas... não é apenas esse o problema.
Não é o acordo ortográfico uma facada no clássico? O quadro não engana. Será que a escola pública resiste a tanta trapalhada?
ResponderEliminarHá casos em que o Acordo rompe com a etimologia da palavra, sem dó nem piedade num verdadeiro ataque à Língua Portuguesa.
Quanto aos avanços educativos do Senhor Crato, não sei o que dizer senão que o desconcerto já não é disfarçável.
O quadro que apresenta, já mo tinham dado a ver, mas não tão "arrumadinho".
Obrigada!
Bj.
O acordo é um desacordo que ninguém entende. Nem nós, nem os brasileiros tão pouco, pois tenho lido imensas criticas deles. E depois há palavras onde as consoantes mudas acabam, mas noutras não, palavras que perdem o hífen e outras não, como cor de rosa e cor-de-laranja, que vi há dias no falar português da RTP1.
ResponderEliminarTem lógica?
Um abraço
Se eu a falar digo a maior parte das consoantes "mudas", devo escreve-las ou não?
ResponderEliminarQuerido Rogerito, não se deixe levar pelas falácias básicas de gente básica! O seu Virito e os lusitanos que foram romanizados foram-no pela soldadesca romana que mal sabia falar latim. Falava o baixo latim que depois foi corrompido pela língua autóctone e que séculos depois depois o português antigo e por aí a diante...
ResponderEliminarAgora este quadro - que estou farta de ver por esta net fora - não prova nada! Nas outras línguas, nessas palavras pronuncia-se o C/K enquanto em português não se pronunciam e por isso não são necessárias na escrita. O problema das pessoas é apenas sentimental porque nos custa enfrentar a mudança...
Quanto ao (C)rato, nem preciso de dizer mais nada, pois não? E, já agora, porque é que o Mário Fenprof não o pôs para correr como fez à MLR?!
Beijinhos
Stora Graça,
ResponderEliminarEsperava que a stora me ensinasse mais qq coisa...
mas recuso-me a desaprender
aquilo que julgo saber...
os romanos
estiveram por aqui
cerca de 600 anos
quanto às consoantes mudas
percebo que gosta de modas
Olá Rogério.
ResponderEliminarSobre o assunto, gosto de pensar que o ensino das Humanidades possa vir a ser o antídoto para a desenfreada tecnologia que tem sido uma pandemia. Contudo, tenho-me rido com a incompetência de quem faz e desfaz leis. É que, não sei como se irá poder ensinar os rudimentos da gramática latina / grega se a terminologia da actual gramática portuguesa é, por idiotice pura, diferente da que é usada no latim ou no grego. Como ensinar aos alunos que o genitivo é o caso específico dos determinativos?
Vai ser um problema sério com o tão usado, pela classe ministra, determinativos de posse. 😊
beijinho
Laura Abrantes
Caro Rogério
ResponderEliminarsobre este tema deixo aqui uma outra opinião. Em minha opinião a Educação em Portugal carece de uma sã discussão pública.
http://dererummundi.blogspot.pt/2015/06/um-caso-de-dever-publico.html
Luísa Moreira
Cara professora Luísa Moreira,
ResponderEliminarJá tinha lido o que me recomendou. Aliás é um blog que sigo. Dessa entrevista isolo uma resposta com que estou de acordo, mas que levanta outro. Diz o entrevistado: «Eu defendo que o estudo das línguas e culturas clássicas deveria ser obrigatório no ensino obrigatório, no 9.º ou no 12.º anos. Para todos, sem exceção. Como refere George Steiner, no livro Elogio da Transmissão, "a humanidade é herdeira de uma civilização", Todos os educadores têm obrigação moral de assegurar que o conhecimento poderoso se mantenha vivo, seja transmitido, criticado e atualizado para ser útil às pessoas e à sociedade". Acredito que é por aqui o futuro já hoje. Estamos sempre a tempo de começar ou recomeçar a caminhada.» E qual o problema que esta resposta coloca? Está expresso na afirmação final, no estar sempre a tempo de um recomeço. É que o drama é o estarmos sempre a recomeçar. A escola transformou-se num laboratório imenso e as crianças em cobaias...
É a sério ou será uma espécie de AEC?
ResponderEliminarQuantas vezes já vi este quadro! ; )))
ResponderEliminarAs consoantes lêem-se em latim, inglês e francês, por isso, existem. Em português, não.