Eis uma nova palavra de ordem
Mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo!
SETE METROS
Uma obra
obrada pela joana grande
só pode enorme
seja qual for a forma
que a obra obrada tome
(Só gostaria de saber
o que o personagem do Bordalo
dirá do galo)
Rogério Pereira
"procurou(-se) a identificação daquilo que a Igreja e o PCP procuram no sentido de um país melhor, com mais justiça social, menos pobreza e menos desemprego, não se ficando apenas pela contemplação dos problemas, mas com intervenção concreta, junto das pessoas, dos cidadãos"
Jerónimo de Sousa, após encontro com D. Manuel Clemente
“O problema mais grave é não ter a possibilidade de levar o pão para casa, de o ganhar! E quando não se ganha o pão, perde-se a dignidade. Esta falta de trabalho rouba-nos a dignidade. Devemos lutar por isso, devemos defender a nossa dignidade de cidadãos, de homens e mulheres, de jovens. Este é o drama do nosso tempo. Não devemos permanecer em silêncio.”
Papa Francisco, citado hoje por Frei Bento Domingues
“Há 14 anos, o PCP avançou uma proposta em que defendia que as parcelas no regadio do Alqueva não deveriam superar os 50 hectares (...) seria vantajoso para a região se “os grandes proprietários arrendassem os seus latifúndios”.(...) A doutrina social da Igreja é clara: “A função social da terra está em oposição ao princípio do direito absoluto que ainda condiciona as mentalidades” e no Alentejo “há empresas agrícolas que são associais, e criadoras de pobreza”.
D. Vitalino Dantas, Bispo de Beja (aqui)
É a não-notícia o não ser oportuno dizer, porque os peritos vão reunir e depois é que vai ser.
É a não-notícia do livro que não chegou a ser pois não foi ele a escrever.
É a não-notícia de Portugal ir ser uma das economias mais competitivas do mundo à custa do empobrecimento que continua acontecendo.
É a não-notícia do dono disto tudo ser/não ser o culpado de tudo isto.
É a não-notícia de os culpados a incriminar serem os que foram espreitar a inocente lista (no dizer da ministra).
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem... a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos"Excelente legenda para tão curiosa pintura.
Nota para não Escrever
Se o conhecimento é uma forma de escrita, mesmo sem palavras, uma respiração calada, a narrativa que o silêncio faz de si mesmo, então não se deve escrever, nem mesmo admitindo que fazê-lo seria o reconhecimento do conhecimento. Pode escrever-se acerca do silêncio, porque é um modo de alcançá-lo, embora impertinente. Pode também escrever-se por asfixia, porque essa não é maneira de morrer. Pode escrever-se ainda por ilusão criminal: às vezes imagina-se que uma palavra conseguirá atingir mortalmente o mundo. A alegria de um assassinato enorme é legítima, se embebeda o espírito, libertando-o da melancolia da fraternidade universal. Mas se apesar de tudo se escrever, escreva-se sempre para estar só. A escrita afasta concretamente o mundo. Não é o melhor método, mas é um. Os outros requerem uma energia espiritual que suspeita do próprio uso da escrita, como a religiosidade suspeita da religião e o demonismo da demonologia. A escrita - inferior na ordem dos actos simbólicos - concilia-se mal com a metamorfose interior - finalidade e símbolo, ela mesma, da energia espiritual. O espírito tende a transformar o espírito, e transforma-o. O resultado é misterioso. O resultado da escrita, não.Herberto Helder, in 'Photomaton & Vox'
uma espuma de sal bateu-me alto na cabeça,
nunca mais fui o mesmo,
passei por todos os mistérios simples, e agora estou tão humano: morro,
às vezes ressuscito para fazer uma grande surpresa a mim mesmo,
eu que nunca mais me surpreendo:
sou mais rápido — (...)
Herberto Helder, extrato de que gosto in "Servidões";
«...não ouvem, não vêem, não falam e quando falam não sabem».
«Vemos, ouvimos e lemos / Não podemos ignorar»
«O cão, ao contrário de muitos outros mamíferos, primatas inclusive, conhece e pratica a máxima: "quem uiva nem sempre ganha, mas quem não uiva perde sempre". »
Passa-lhe tudo ao lado
Nada tem a ver consigo
Está louco e encantado
Com o seu próprio umbigo
Tornou-me assexuado
Basta-lhe o amor recebido
Está louco e encantado
Com o seu próprio umbigo
Canta, declama, fala e é escutado
Pelo seu mais velho amigo
Está louco e encantado
Com o meu próprio umbigo
Desdenha ou comenta com enfado
Os porquês dos caminhos que sigo
Está louco e encantado
Com o seu próprio umbigo
Faz poemas e num verso bem alinhado
Com ele próprio parecido
Ficou mais que enfeitiçado
Com o seu próprio umbigo
Um dia, depois de por momentos se ter perdido
Reencontrou-se. Era ele. O próprio umbigo
Rogério Pereira
«Há dias em que desaba uma chuva terrivelmente oblíqua sobre o Imaginário.O excesso de água invade-lhe os aposentos. Então é um desassossego porque, de um momento para o outro, diante dos olhos de quem quer ver, aparecem estrelas fundidas, pirilampos afogados, chamas nuas ardendo de frio, fósforos com as cabeças "em água" e outras fontes de iluminação completamente reduzidas a breu. Isto para não falar da indecência que é a realidade, sempre mortinha por existir, aproveitar o caos para se infiltrar clandestinamente no espaço da mente onde se (des)abrigam o infeliz Imaginário mais a Imaginação, sua delicada esposa. É um rugir de circuitos avariados, uma fumaça no ar, um cheiro a chamusco que faz estremecer o mais sóbrio dos poetas.Mas hoje, felizmente, o dia veio cheio de sol e trouxe até um pouco de vento. Mesmo a calhar! Era ver os estendais cheios de nuvens risonhas, luas verdes e azuis, labirintos de vários tamanhos e feitios, fábulas tecidas em linho antigo e outras imagens falantes cheias de claridade a desafiarem o vento numa verdadeira dança (do ventre).Amanhã todos os poemas serão secos e lúcidos.»
Momento?
Momento é aquilo que nos atinge por dentroé a única fracção do tempo
que podemos parar
e guardar
Não envelhece, nem se esquece,
quando um momento nos acontece
(o vídeo ilustra isso,
e é tão bonito...)
Minha Alma gosta de mim. E eu também! |
«...Não tratei da identidade portuguesa, penso sobre mentalidades que são transitórias por natureza. Não sei qual é a identidade portuguesa.(...) Sim, [deixei o marxismo] na juventude (...) A saudade não passa de uma beleza literária.»
José Gil, extratos de uma longa entrevista ao jornal i
Há momentos perfeitos, obras perfeitas e gestos que o são. Contudo, ninguém garante que não resultem de gente imperfeita. Diria mesmo que a procura da perfeição é uma perda de tempo. A humanidade mais ganharia em que os imperfeitos ocupassem melhor o tempo, reduzindo os momentos, obras e gestos imperfeitos e sobretudo despendessem mais tempo a entender as imperfeições dos outros.
«É uma tristeza olhar para esta Rogériografia. Apresenta dois hemisférios praticamente iguais de um cinzento azulado próprio da grande maioria dos humanóides. Nada de zonas ocupadas pelos processos próprios de zonas verdes como são os lúdicos, das artes, da cultura, da observação, do amor, da amizade. Nada, zero, népia. Já por lá terão estado (todos os cérebros nascem iguais) mas foram definhando, definhando até à sua completa extinção. Por essa razão os processos de reflexão, de pensamento profundo e de acção consequente são dominantes, embora com tendência para se irem cobrindo e neutralizando abundantes processos de nível superior (como podem verificar na imagem, no hemisfério esquerdo). O ar circunspecto e o porte seguro dos portadores destes cérebros conferem-lhes uma presença credível e séria pelo que aparentam ser um cérebro normal embora não o sendo.
A inexistência de processos verdes retira a este cérebro qualquer capacidade de produzir alegria e felicidade ao seu redor. Todas as suas manifestações são de aparente bom humor dada a sua elevada capacidade de mistificar comportamentos, mesmo quando está confrontado com as situações mais adversas. Não perdendo tempo com ninharias sabem ocupá-lo trepando e tramando.
Na vida familiar tem um papel muito protector mas autoritário. Dá grande valor à educação mas, contraditoriamente desvaloriza leituras elevadas. Os filhos só frequentam colégios particulares e, quanto a artes, permite-as desde que não desenvolvam ideias. Assim, valoriza tudo o que é contemplativo ou sensitivo. Quanto aos pais, lembram-se deles e colocam-nos em razoáveis lares ou mesmo boas residências para seniores que visitam com equilibrada frequência…
Vida profissional? Estão na maior. Senhores de elevada capacidade verbal e até com dotes de oratória, ascendem facilmente na carreira chegando, na sua grande maioria a lugares do topo, chega qual for o ramo da actividade ou o sector. Frequentemente tratam os colegas como ferozes concorrentes e, à semelhança de outros cérebros anormais, usam as falsas verdades como patamares de trepadeira mas... arrepiam-se só de pensar que alguém possa comentar que começaram graças a uma valente e influente “cunha”. Gabam-se com frequência da sua brilhante carreira académica. Uns ostentam mestrados, outros até doutoramentos. Fazem-no mesmo quando não possuem mais do que o ensino básico (e conseguem ter crédito).Actos cívicos? Sim, mas são imprevisíveis! Tanto acontece haver cérebros destes alinhados e militantes, como os podemos ouvir discorrer sobre o valor dos políticos, amesquinhando a sua actividade parlamentar ou autárquica. Votam sempre e o seu comportamento é, também neste domínio, muito parecido ao cérebro descrito no meu “relatório” anterior: votam sempre nos "aqueles" mas também votam noutros que se pareçam muito com "aqueles"...»
«...E chegamos à situação actual. Uma tragédia nacional. Sem empresas de referência com capacidade de inovação, de desenvolvimento tecnológico e de afirmação internacional, que possam funcionar como escolas de engenharia e de gestão.
Os nossos filhos mais promissores terão de emigrar, não por falta de emprego, mas por ausência de empresas onde aprendam e cresçam profissionalmente, como nós tivemos.»
Há homens que trazem a alma espelhada na cara
e a prática desenhada no gesto.
As palavras?
As palavras são coerentes com o resto
Querido
As tuas cuecas, estão na sabonária
Basta passá-las por água
Na máquina ficou roupa a lavar
É só pô-la a secar
Tuas camisas estão penduradas
Ao lado das gravatas
No sitio onde costumo
Pendurar-te as calças
No frigorífico
Tens os restos do jantar de sábado
E tens as instruções do micro ondas
Onde isso costuma ficar guardado
A dispensa está bem abonada
Julgo não faltar nada
O aspirador fica fora do lugar
Pois nunca o irias encontrar
E, assim, está mais à mão
Usa-o a horas convenientes
Fora da hora da novela, na televisão
Não esqueças de pagar a água
Se não vêm cortá-la
Fica o que me restou do ordenado
Na mesa de cabeceira, do meu lado
Deixo-te dois livros meus
E um outro, teu preferido
Quando não tiveres com que entreter
Podes ler
Não sei quando regresso
Resolvi ir saciar o Zapelim
Com um beijo me despeço
Geni
"...Não nascemos escravos de um Universo que já cá estava. Pelo contrário, evoluímos com ele.(...) De qualquer forma, daqui a cerca de 4000 milhões de anos a nossa galáxia, a Via Láctea, vai colidir com outra, a de Andrómeda [e o nosso Sol estará a morrer daqui a 5000 milhões de anos]..."
Vitor Cardoso, in “Houve um dia em que não houve ontem”/Público
“o mundo forma uma unidade por si mesmo e não foi criado por Deus nem por nenhum homem, mas foi, é e será eternamente um fogo que se acende e se apaga de acordo com as leis [da dialética]”Não admira que Baltasar Sete Sóis ajude Vitor Cardoso a construir sonhos...
Lenine, in Cadernos Filosóficos
Detalhe do rankingPara a manipulação resultar é necessário que a informação seja dada segundo a estratégia recomendada. Mas há uma regra transversal seja qual for a estratégia. Tal regra determina que apareçam, mesmo que nada acrescentem ao que já há muito venham dizendo ou mesmo não tenham nada para dizer.Há, contudo, no desenvolvimento do exercício deste "quarto poder" (que por acaso é uma mulher) uma formula de resultados bem testados, e é assim: caso se exiba alguém que se quer ostracizar, a receita é não exceder esse alguém a exposição pública mais de 40 segundos. O tempo recomendado deve até ser inferior, pois está provado que um espectador desatento leva entre 15 a 20 segundos para se reconcentrar e outro tanto para começar a entender o que se está a dizer. Quando aparece alguém que não costuma aparecer, você dá por isso e quando começa a dar atenção, pimba foi-se. Lembre-se de um exemplo recente.
O Costa é, em tempo contado, o campeão:
4h 11min 40 seg <> 252 min/7dias da semana = 36 min/dia
Alguém se lembra de coisa relevante que tenha dito?
Alguém se lembra de algo de relevante que tenha calado?
Porque me pediu, partilhei a mesa com agrado e ele agradecido ofereceu-me um café, que aceitei. Falámos sobre o que estava acontecendo e ele lamentava-se. Eu retorqui-lhe que há seis maneiras diferentes de ordenar uma série de três, recordando que na vida há muito de cálculo factorial e que o remédio era jogar com esse conhecimento. Olhou-me de frente, despido de humildade e soltou um "Não sei nada disso!" Levantou-se e foi-se. Depois dessa conversa, quando se cruza comigo, o que acontece frequentemente, nem me dirige palavra, como se me odiasse por lhe ter lembrado uma simples expressão de cálculo: "há seis maneiras diferentes de ordenar uma série de três elementos"
Hoje é como ontem me parecia. Esta, ainda me parece ter sido no outro dia e, no entanto já lá vai tanto tempo. Foi mais um dia festivo.