SETE METROS
Uma obra
obrada pela joana grande
só pode enorme
seja qual for a forma
que a obra obrada tome
(Só gostaria de saber
o que o personagem do Bordalo
dirá do galo)
Rogério Pereira
«...Todo o poder político tende a monumentalizar a sua ideologia, aquilo
em que realmente acredita. Assim, escolher uma artista que produz obras
de grande escala, feitas por grandes equipas coordenadas pela vontade
central de uma iluminada, é monumentalizar uma certa forma de gestão e
de empreendedorismo enquanto arte, e do artista enquanto gestor de
objectos ou eventos de grande escala. Não é muito diferente da
contratação de Souto Moura ou de Cabrita Reis para as barragens do
Douro. Nestes casos, a decisão final é privada, mas a mensagem é a
mesma: uma grande empresa faz-se representar por artistas-empresários.
Escolher Joana Vasconcelos é dar a entender que o Estado é também ele
uma grande empresa.
Depois, o modo como acabou por se escolher a artista, directamente e
sem consultar os interesses do mundo da arte, ignorando instituições e
comissários, por exemplo, também diz muito sobre este Governo.(...) E é claro que mesmo ao nível da forma, a obra de Vasconcelos é uma
monumentalização do empreendedorismo enquanto estética. Construir obras
de arte a partir de panelas não é muito distinto de vender conservas ou
aguardentes gourmet. Agarra-se num certo produto, que até já foi indício
de pobreza e torna-se aquilo num produto de luxo, exaltando a pobreza
como uma espécie de desígnio nacional, e muito obviamente
monumentalizando as políticas deste governo.»
in "A arte que merecemos" _______________
* Obrar = cagar, defecar
Obra obrada à imitação do dono, diz o pobo.
ResponderEliminarPimba!
Gostei muito, muito, da fotografia dos santinhos. Parece-me estarem no altar. Serão do Bordalo?
Obrar coisas com tão grande dimensão, além de dar um trabalhão, deve dar uma grande dor de barriga :)
ResponderEliminarO Bordalo falecia !
beijinho
Fê
ResponderEliminarMerecemos agora tão pouco de quase tudo!
Bj.
Lídia
Obremos
ResponderEliminarTanta e tão grande obra, assim, protegida, deixa-nos com a pulga atrás da orelha.
ResponderEliminarBeijinhos, Rogério. :)