11 setembro, 2015
A lagartixa
Estava ela de cara enfeitada a brincar com nada (que é aquilo que os netos fazem enquanto não escolhem a próxima brincadeira) quando ouviu um "Plim!"
Exactamente assim, "Plim!"
Ela olhou, olhou, olhou, e não viu nada. Mas voltou a olhar e lá estava, na água.
Não era pedra, pois as pedras afundam.
Não era folha, pois as folhas não mexem.
Não era gente, pois pessoa que cai na água faz barulho diferente.
Era uma lagartixa, que aflita, ainda se mexia, lá no meio da piscina. Foi a correr procurar um caniço, mas o que encontrou era curto e procurou outro, que era bom para salvar o bicho. Puxou-a, foi-a puxando, puxando, puxando, mas já não se mexia. Estaria morta?
E agora? Como se pega numa lagartixa, meio afogada, que já nem mexe, nem nada?
Foi pelo rabo, com muito cuidado.
A primeira ideia foi brincar com ela, mesmo assim, brincar aos médicos e doentes, como já fizera antes, mesmo sem pacientes, carentes de cuidados intensivos. Mas mudou de ideia, seria horrível vê-la morrer em sua mão, deixar de sentir o coração. Não!
E resolveu colocá-la em cima do pequeno, soalheiro e quentinho muro que havia por perto.
E esperou, esperou, esperou, até que a lagartixa despertou. Voltou a pegar-lhe pelo rabo e a lagartixa agitou-se, agitou-se, agitou-se tanto, que quase largava a cauda.
Chegou a mãe e disse "Que estás a fazer Maria?"
"A salvar aquela lagartixa!" e enquanto apontava para o lugar, a lagartixa começou a andar, a andar, a andar. Primeiro devagar e depois com aquela energia com que as lagartixas correm depois de serem salvas.
"Mãe, viste?"
"O quê?"
"Ela olhou para trás!"
"Foi para te agradecer pelo que acabas de fazer!"
Seguiu-se um silêncio povoado de orgulho e depois lá veio a pergunta:
"E tu achas que aquela rã, também agradeceu ao Diogo?"
"Sim, e até lhe piscou o olho!"
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Que ternura de gestos. Não vi mas pelo textp percebi desse amor aos animais.
ResponderEliminarParabéns por esses netos e esses gastos tão humanos e sensiveis
-A Maria é uma menina linda, sensível e corajosa. Conheço muitos adultos que não seriam capazes de pegar numa lagartixa.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Há "histórinhas" de que gosto muito! E sei que agradam às crianças e sei como fazer com que certas coisas que lhes agradam, contem!
ResponderEliminarLídia
É a Maria uma menina corajosa e de bom coração que salvou a pequena lagartixa que cabia na palma da sua pequena mão.
ResponderEliminarO primo Diogo é um menino sensível que, pasme-se, salvou uma rã tão pequena, mas tão pequenina, que ficou escondida entre uma folha de alface, apesar da Avó a ter lavado bem lavadinha e no frigorífico ter ficado umas horas e sair de lá geladinha!...
A falta que fazem os netos, quando os avós começam a ficar distraídos! O seu olhar arguto e sentimento de solidariedade para com os bichinhos, é genial...afinal, quem sai aos seus...:)
Beijinhos para os grandes e pequeninos!
Dois futuros biólogos, digo-lho eu amigo Rogério !
ResponderEliminarA minha filha em pequena tinha gestos destes, adorava salvar animais e até as moscas ela protegia.
Fez o mestrado de biologia de conservação na Amazónia sobre morcegos e está na Tailândia à dois anos num projecto de protecção às cobras.
Portanto, conte com isto :)
Um beijinho e bom fim de semana
Fê
Ah ganda Maria!!! Cheia de bondade e de coragem. Eu, com a idade da Maria, não seria capaz de pegar na lagartixa...
ResponderEliminarUns fofos os netos, não são? Beijinhos para eles (e para os avós também)
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ResponderEliminar.
. o respeito incondicional por todos os seres vivos é a condição base para uma salutar existência .
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. :) .
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os eternos inocentes alegres...
ResponderEliminarHá histórias assim a ensinar-nos a viver. A re_aprender!
ResponderEliminarA miúda nunca mais se vai esquecer do episódio.
Muito bom!
ResponderEliminarÉ de pequenino que se aprende a respeitar os animais e a natureza!