Coisas da terra, coisas do mundo
primeiro, o poeta
busca o absoluto. Não tenham dúvida:
o poeta busca o absoluto.
mas depressa o absoluto
suplica remedição
e o que era a alegria de viver
transforma-se na luta por estar vivo
em alegria
isto pensa o poeta
descendo uma calçada de maio
até ao âmago da comoção
estar ali
ouvir a paz rosada das rosas
as voltas ansiosas das abelhas
pela doçura do pólen
carregado de mel
sentir em êxtase
o tremular da claridade
a subir, de folha em folha
até aos topo destas coisas
que nos vêm da terra
das outras coisas
das que nos chegam do mundo
um arrepio profundo
um fio de sangue
um grito aflito
uma sirene em contramão
a rasgar a noite, a paz, o coração...
e o poeta tropeça
na mansidão
dos ecos de maio
que em desmaio
lhe fogem da mão.
Lídia Borges, in "LITERATURA E HUMANIDADE: QUE CAMINHOS PARA A PAZ"
21 setembro, 2015
Poesia (uma por dia) - 81
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Os desassossegos de uma poeta atenta e autêntica.
ResponderEliminarUm beijinho grato amigo Rogério
Fê
A Lídia no mastro mais alto
ResponderEliminara voejar
Abraço
E o que é o absoluto?
ResponderEliminarDe qualquer modo, gostei do poema
Tudo de bom, amigo
ResponderEliminarGrata Rogério.
Meus (des)maios em tempos de invernia.
Lídia