Dez da noite e o moto-gerador foi desligado. Na messe aprontaram-se os dois petromax mas apenas um funcionou pois a “camisa” de um deles danificou-se irremediavelmente. Nada perturbados pela reduzida iluminação, a mesa da “lerpa” continuou a jogatana sem qualquer interrupção ou outros lamentos que não fossem as queixas pelo azar com o jogo distribuído pela “banca”. Noutro lado, mais iluminado, o grupo de leitura fazia o que sempre fizera naqueles serões na retaguarda da luta. Lia. Eu, por meu lado, entretinha-me com distracções menos frequentes como seja acompanhar borboletas e abelhões esvoaçando à volta da luz como se a pretendessem devorar oferendo-nos em troca a escuridão. Tinha como costume o copo de uísque na mão e dentro, mais uma vez a simular gelo, a bala de G 3. O tilintar do metal no vidro sugeria-me maior frescura na bebida e assim estava. O furriel Alma Atenta levantou-se de repelão como que sacudido por uma decisão. Pegou no velho rádio de pilhas a um canto e ligou-o no posto já sintonizado mas com muitos ruídos e interferências. Pacientemente procurou melhorar a sintonia o que conseguiu. Música congolesa. Mil tentativas tinham sido já ensaiadas, mil vezes sem sucesso de apanhar outros postos que não fossem emissoras do Congo ou da Tanzânia. “Desliga essa porcaria” reclamou o furriel Alma Redonda, enxofrado pelo mau jogo que lhe tinha calhado. “Desculpa pá, mas hoje tenho de ouvir os gajos”...
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Recordações – boas e más – que nunca vai esquecer.
ResponderEliminarCaro Rogério
ResponderEliminarNeste momento em que estou a ler este seu texto também eu tenho o meu copo de scotch whisky mas velhinho sem gelo e muito menos sem bala. Mas é só um cheirinho.
Beijo
Querido Rogério, estou aqui a pensar que o meu amigo e o meu marido se deviam dar muito bem, pois ele está constantemente a partilhar as memórias da sua passagem pela guerra colonial... o problema é que ele é meio avesso às informáticas...
ResponderEliminarBeijinhos
Recordações que habitam o nosso interior e que nos fazem viver.
ResponderEliminarVou continuar a ler...até ao seu navegar.
ResponderEliminarBeijinhos
Caro Rogério
ResponderEliminarPode não parecer. Mas os aconteciemntos de 4 de Fevereiro de há 50 anos deram um contributo para as mudanças do mundo. Pode-se questionar. Mas eu sou dos que acha que foi para melhor. Por muitas duvidas que hoje possamos ter.
Abraço
O blog é muito bom!Saúdo cordialmente o polonês ; ))
ResponderEliminarEu espero que você me visitar também;)) Beijos!
Gostei de ler estas recordações de outrora.
ResponderEliminarRevi-me em grande perte nestes acontecimentos.
Recordações que deambulam na nossa mente. Algumas boas outras desagradáveis, mas todas elas fazem parte da nossa história de vida.
ResponderEliminarUm abraço
Boa semana