O condomínio é um condomínio de prestigio, ainda que haja, entre os muitos que aí residem, quem passe por dificuldades na vida.
O condomínio teve tempos em que o condómino administrante se repetia de eleição em eleição. Era um homem de presença forte, humor que baste, de ironia fina e se alguém com ele se zangasse, desarmante, sorria.
Ninguém sabia, até se saber, que o condómino do quinto frente, teve ferragens renovadas, à conta do arranjo da fechadura da porta da entrada.
Favor do administrador que, prestável, estendeu o serviço do rés-do-chão ao quinto.
Ninguém sabia, até se saber, que o condómino do último piso recuperou o terraço por conta da reparação do piso da garagem. Favor do administrador, prestável, que estende a obra do terraço à garagem.
Ninguém sabia, até se saber, que o sexto esquerdo, o vigésimo quarto direito, e outros quantos condóminos foram servidos por amáveis serviços.
Quando era chegada a hora da prestação de contas, na reunião de condóminos, havia quem comentasse que o condomínio era caro mas, de pronto, se elevavam as vozes referindo o prestígio de se viver em tal condomínio, que em todo o país não havia vida mais feliz.
Perante o plano de obras e o correspondente orçamento o administrador voltava a ser reeleito. E foi assim, durante muito tempo.
Hoje, depois de ausência forçada, o ex-administrador está de volta.
E diz o condómino da cave esquerda, em casa onde o sol mal entra.
«O homem "onera"! Mas qu´importa, se faz obra...»
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NOTA DO AUTOR: O referido condomínio é ficção e o dito administrador é personagem inventada, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.