(reeditado, com alterações)
Todos nós (ou quase todos) temos uma quinta a onde ir na Páscoa.
Se não temos já tivemos.
Eu tive. Tive duas, ambas no Ribatejo, das minhas avós.
Eram diferentes as quintas e as chegadas. Mas em ambas não havia chaves debaixo dos tapetes, nem sei mesmo se havia tapetes ou se eram estrados plantados nas entradas sempre de portas encostadas ou fechadas no trinco...
Uma avó adormecia contando as contas de um rosário e murmurava orações.
Outra, contava os montes por onde passara e murmurava canções.
Cresci passando Pascoas entre uma avó e outra amando as duas e com as duas aprendendo a enfrentar a deslocação dos medos... foi a alma que fez a opção, eu não, de ficar mais marcado por aquela que abraçava flores vermelhas. Nem me lembro se eram papoilas, mas talvez fossem... cravos.
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Abandonei a cruz desde sexta feiraNão quis tirar protagonismo a Cristopois eu não ressuscito
Regressarei aonde estavaaté à ressurreição da esperança, da vontadedas bandeiras e dos hinos
Boa Páscoa, Rogério. Que Abril renasça de uma qualquer outra madrugada.
ResponderEliminarMaria João
Ámen
EliminarNão há Alma sem Razão nem a Razão pode existir sem Alma.
ResponderEliminarDigo-lhe eu, Rogério.
Murmurar canções, é como rezar cantando, baixinho, orações.
Ambas as Avós estavam certas no seu modo de acreditar.
Gosto destes seus textos poéticos, mesmo com uma segunda intenção, escondidinha, lá no meio, entre a Alma e a Razão...
Bom Domingo de Páscoa, para si e toda a sua simpática Família.
Murmurava canções
Eliminarsobre os montes por onde passara...
À minha avó Mariana, agnóstica
nunca lhe ouvi um "valha-me Deus"
nem lhe vi um olhar dirigido aos céus
(ainda um dia falarei da minha avó Zulmira)