A verdadeira felicidade é um momento. Apenas um momento. Não há maior erro que admitir que alguém possa dizer-se feliz. Se o afirma, mente ou ignora o estado a que este mundo chegou...
A verdadeira felicidade (existirá uma “falsa felicidade”?) é um tema sujeito a várias interpretações. Platão dizia na sua obra “A República” que se nos empenhassemos no conhecimento e na virtude sentiríamos felicidade e a sensação de auto-realização. Uma época em que não havia apenas o “eu, eu”, em que não havia isolamente, em que as pessoas “pertenciam” a uma comunidade e como comunidade viviam. Hoje vivemos numa sociedade considerada moderna, somos autónomos e individualistas, e há quem diga que a felicidade é uma fantasia da mente. E até talvez seja. Esse momento de que falas é tão rápido que pode ser uma criação da nossa mente. Eu prefiro pensar que há momentos muito agradáveis em que nos sentimos contentes porque nos alheamos, momentaneamente, daquilo ou daqueles que possam interferir negativamente nesses momentos. Se não “esquecermos” por escassos momentos “o estado a que o mundo chegou” , nunca sentiremos esse bem estar... o que causará graves problemas mentais e físicos que não ajudarão os próprios, nem os intervenientes, nem ninguém, nem nada...
Dizes "Eu prefiro pensar que há momentos muito agradáveis em que nos sentimos contentes porque nos alheamos, momentaneamente, daquilo ou daqueles que possam interferir negativamente nesses momentos. Se não “esquecermos” por escassos momentos “o estado a que o mundo chegou” , nunca sentiremos esse bem estar... " Isso é outra forma de dizer aquilo que deixei dito!
Li atentamente o que escreveste e também os comentários, Rogério. Sei que para nós que olhamos para a História passada e presente com o pensamento posto no futuro, não é muito fácil admiti-lo, mas a verdade é que a Catarina tem toda a razão: nenhum ser humano pode passar por uma situação de stress emocional contínuo sem sofrer graves consequências até a nível cognitivo. Sei bem que há os que sobreviveram aos campos de concentração nazis por longos períodos de tempo e aparentam ter sobrevivido também às suas cicatrizes emocionais, mas esses são as grandes excepções. Continuemos, pois, a olhar este periclitante presente com os olhos postos no futuro, mas permitamo-nos alguns momentos de "descanso" sem nos sentirmos culpados por no-los termos concedido.
Maria João, lembrei-me, entretanto, das palavras de Saramago: «Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta. »
As palavras de Saramago, que citas, são de tal modo importantes que nunca mais falarei em felicidade sem me lembrar de que é mais satisfatório dizer "harmonia"
Só há pouco cheguei do hospital e estou tão cansada que nem sei se consigo raciocinar quanto baste para te responder. Vou tentar, no entanto: Acredito que a felicidade pode ser harmonia para muita gente, tal como o foi para Saramago. Eu, por exemplo, sinto-me profundamente feliz quando escrevo um soneto que considere francamente bom e harmónico, mas nem por isso deixo de pensar no mundo e nos homens e mulheres que por cá continuarão depois de eu partir. Aquilo que me impede de ser activamente lutadora é puramente físico, tem a ver com uma insuficiência cardíaca e uma série de mazelas auto-imunes, não com o facto de, apesar das minhas muitíssimas dificuldades, me considerar uma pessoa feliz e altruísta. Ou harmónica, se preferires.
Estou inteiramente de acordo.
ResponderEliminarTinha ideia de que assim estarias...
EliminarA verdadeira felicidade (existirá uma “falsa felicidade”?) é um tema sujeito a várias interpretações.
ResponderEliminarPlatão dizia na sua obra “A República” que se nos empenhassemos no conhecimento e na virtude sentiríamos felicidade e a sensação de auto-realização.
Uma época em que não havia apenas o “eu, eu”, em que não havia isolamente, em que as pessoas “pertenciam” a uma comunidade e como comunidade viviam.
Hoje vivemos numa sociedade considerada moderna, somos autónomos e individualistas, e há quem diga que a felicidade é uma fantasia da mente. E até talvez seja. Esse momento de que falas é tão rápido que pode ser uma criação da nossa mente.
Eu prefiro pensar que há momentos muito agradáveis em que nos sentimos contentes porque nos alheamos, momentaneamente, daquilo ou daqueles que possam interferir negativamente nesses momentos. Se não “esquecermos” por escassos momentos “o estado a que o mundo chegou” , nunca sentiremos esse bem estar... o que causará graves problemas mentais e físicos que não ajudarão os próprios, nem os intervenientes, nem ninguém, nem nada...
Dizes "Eu prefiro pensar que há momentos muito agradáveis em que nos sentimos contentes porque nos alheamos, momentaneamente, daquilo ou daqueles que possam interferir negativamente nesses momentos. Se não “esquecermos” por escassos momentos “o estado a que o mundo chegou” , nunca sentiremos esse bem estar... "
EliminarIsso
é outra forma de dizer
aquilo que deixei dito!
Não, não é precisamente a mesma coisa. : ))
EliminarLi atentamente o que escreveste e também os comentários, Rogério. Sei que para nós que olhamos para a História passada e presente com o pensamento posto no futuro, não é muito fácil admiti-lo, mas a verdade é que a Catarina tem toda a razão: nenhum ser humano pode passar por uma situação de stress emocional contínuo sem sofrer graves consequências até a nível cognitivo. Sei bem que há os que sobreviveram aos campos de concentração nazis por longos períodos de tempo e aparentam ter sobrevivido também às suas cicatrizes emocionais, mas esses são as grandes excepções.
ResponderEliminarContinuemos, pois, a olhar este periclitante presente com os olhos postos no futuro, mas permitamo-nos alguns momentos de "descanso" sem nos sentirmos culpados por no-los termos concedido.
Forte abraço!
Teresa Palmira Hoffbauer
EliminarÉ bom saber, que há duas mulheres sensatas a responder ao Rogério 🍀
Maria João, lembrei-me, entretanto, das palavras de Saramago:
Eliminar«Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta. »
Teresa, podias ter sido a terceira... o tema dá pano para mangas...
EliminarAs palavras de Saramago, que citas, são de tal modo importantes que nunca mais falarei em felicidade sem me lembrar de que é mais satisfatório dizer "harmonia"
EliminarSó há pouco cheguei do hospital e estou tão cansada que nem sei se consigo raciocinar quanto baste para te responder. Vou tentar, no entanto: Acredito que a felicidade pode ser harmonia para muita gente, tal como o foi para Saramago. Eu, por exemplo, sinto-me profundamente feliz quando escrevo um soneto que considere francamente bom e harmónico, mas nem por isso deixo de pensar no mundo e nos homens e mulheres que por cá continuarão depois de eu partir. Aquilo que me impede de ser activamente lutadora é puramente físico, tem a ver com uma insuficiência cardíaca e uma série de mazelas auto-imunes, não com o facto de, apesar das minhas muitíssimas dificuldades, me considerar uma pessoa feliz e altruísta. Ou harmónica, se preferires.
EliminarOutro abraço amigo!
Ser feliz é estar bem connosco e com quem nos rodeia.
ResponderEliminarSer feliz é rir à gargalhada à volta de uma mesa com elementos da família ou com amigos!
Abraço
"Ser" não deve ser confundido com "estar".... é a conclusão que devemos tirar depois de lido tudo o que se encontra escrito
EliminarAbraço, em harmonia