09 dezembro, 2023

REDACÇÕES DO ROGÉRITO - 56 (esta minha escola vai-me ficar na memória)

Tema da redacção: o tema de hoje foi-me inspirado pelo Noah

A minha mãezinha quando saio de casa a caminho da escola faz sempre a mesma recomendação de não ir pelo meio da rua e obedientemente não vou pelo meio mas sim com um pé no passeio e outro na estrada só interrompendo essa passada quando tropeço numa pedra e passo aos chutos a ela como se fosse bola o que dá cabo da biqueira e da sola.

Saio cedo de casa pois no caminho vou-me distraindo e quando podia levar poucos minutos quase sempre levo meia-hora até porque me pesa a sacola com todos os livros tabuada e cadernos e no inverno o frio é de rachar e eu por causa de tal peso preciso de ir devagar.

Quando chego a turma já lá está quase toda sentada e à minha chegada eu digo bom dia e quase todos me respondem em coro excepto um ou outro e até parece que perderam a língua mas dá-se o caso de serem filhos de gente rica que não liga a malta maltrapilha.

Por ser pequeno estou sentado na primeira carteira ao lado de um puto da Curraleira e à frente de dois um da Picheleira outro da comunidade de Chelas e são todos meus amigos e me ensinam coisas que até o senhor professor aprende embora ele se veja às aranhas para nos manter sossegados e atentos.

Quando for crescido quero manter viva a memória da minha escola das conversas com os meus colegas e das lições do meu professor!

Rogérito



9 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer9 de dezembro de 2023 às 22:26

    José António do Vale, que ficou na Toponímnia de Lisboa, apenas como ACTOR VALE, natural de Lisboa, nasceu a 20-10-1845 e faleceu a 20-02-1912. Foi um dos mais aplaudidos Actores portugueses. Nasceu na Rua do Benformoso e estreou-se no Teatro da Rua dos Condes com 16 anos, a fazer o papel de uma criança na peça Casamento em Miniatura.

    A estreia profissional aconteceu por volta de 1863, segundo uns no Teatro das Variedades na comédia Um Pároco Virtuoso, segundo outros no Teatro Ginásio na peça Nem todo o mato é orégãos. Neste Teatro terá os seus grandes Mestres e conhecerá o amor da sua vida, a Actriz Lucinda Simões, paixão contrariada pelo pai dela o que impulsionará Vale a ir desenvolver uma carreira no Brasil em 1870, como Actor, Ensaiador e Empresário, durante cerca de 10 anos.

    Regressa ao Ginásio por treze anos e ficam famosas as suas actuações em Sua Excelência (1884), na farsa O Vale em Lisboa (1880), As Médicas e O Comissário de Polícia (ambas em 1890), O Burro do Senhor Alcaide (1891), todas escritas por Gervásio Lobato. Passou depois ao Teatro da Rua dos Condes, às revistas de Schwalbach e a empresário.

    Assim, preenchidos que estão os requisitos e demais formalidades previstos no Decreto-Lei n.º 387/90, de 10 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 314/97, de 15 de Novembro, determino: A Escola Básica do 1.º Ciclo de Lisboa n.º 142, São João, passa a denominar-se Escola Básica do 1.º Ciclo Actor Vale, Lisboa.

    O seu nome faz parte da Toponímia de: Almada (Freguesia da Sobreda), Lisboa (Freguesia de São João, Edital de 12-03-1932, Rua Actor Vale, ex-Rua 4 do Bairro dos Aliados).

    Fonte: “O Grande Livro dos Portugueses”, (Círculo de Leitores, 1990, Pág. 499)

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  2. Rogério, quando li Noah pensei logo no neto da Janita.
    Como ainda não tinhas colocado o link, disse para os meus botões, que tinha de ser outro miúdo, porque não o vejo a pertencer à „malta maltrapilha“.
    Aguardo o comentário da avó 👵

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  3. Teresa, lateralizaste o tema e ficaste nas tintas para a minha amizade com humilhados e ofendidos dos bairros da lata (hoje são bairros sociais) , mas... tudo bem. Foste buscar a história do patrono da escola, que desconhecia. Frequentei essa escola (1952-56) num tempo em que a escola era um número - Escola Primária 142 (Actor Vale era o nome da rua)

    E se queres conhecer Chelas, clica no link

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer9 de dezembro de 2023 às 23:10

      Embora não me tenha referido à Sara Correia — Chelas, não significa que a não tenha ouvido. Eu leio sempre TUDO e clico sempre em TUDO.

      „Humilhados e Ofendidos“ é um fantástico romance do autor russo.
      Sobre a tua amizade já tinha tomado conhecimento dela no blogue da Janita. E acredito, que convides um „sem abrigo“ para a ceia do Natal 🎄 Um gesto bonito e cristão.

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  4. Ora bem, não é segredo para ninguém desta minha velha amizade com o Rogério/Rogérito e que o meu Noah tem os Contos Para Serem Contados pelo autor enviados. De quando em vez envio-lhe uma foto do meu netinho caçula que lá nas terras do frio se vai desenvolvendo sem muito frio, mas com muito brio. A última, foi o menino a ir para a escola com a sua mochila às costas - e parecia pesada parecia - ainda mal tinha raiado o dia e as luzes ainda acesas. A neve ladeava a rua por onde o Noah passava e, claro, o Rogérito condoeu-se. Porém, quando eu esclareci ser só de quando em vez que a ida era feita a pé, nos outros dias ia quentinho com o pai no seu belo carrinho. Isso só acontecia porque o pai, bom educador, queria que o Noah não fosse só e apenas doutor. Quer ia e quer que o filho tome conta do que o rodeia e veja como as condições climatéricas mudam a paisagem e gelam a água da Lagoa fazendo-a parecer um espelho. Também quer que o filho seja alguém resiliente e independente, pois a vida é dura.
    Depois, como as conversas são como as cerejas, a avó do Noah fez referência que sabia bem o que isso era, pois lutou muito e trabalhou desde cedo, na sua adolescência. Blá blá blá...e o autor deste espaço sempre a pensar no seu proverbial desembaraço disse: Já me deste uma ideia para a redacção do Rogérito.
    Maltrapilhos lá nos Países Baixos lá não há, aqui, nas escolas deste tempo, creio que também não, mas no tempo em que o Rogério era o Rogérito, provavelmente não havia tanto 'guito' e o governo era do piorio, só dava fome e frio...
    E pronto, querida Teresa, fica sossegada, no pasa nada.

    Abraços e beijitos para quantos aqui me/nos vierem ler. 😊

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    1. Gostei muitíssimo de ler a tua explicação, Janita!!
      Continuo sem compreender a relação do Noah com a amizade do Rogério pelos humilhados e ofendidos.
      Adiante …
      Fiquei parva ao ler que o Noah já entrou para a escola.
      O tempo passa a correr.
      Ainda é mais velho do que a Florentine — a menina que detesta livros 📚 Só gosta de doçarias e de televisão. Entretanto, já me disse, que gosta dos contos do Rogério, embora a tradução seja péssima. Ela entra para escola no próximo ano lectivo e ainda não sabe ler.
      Beijocas grandes para ti e para o amigo dos „humilhados e ofendidos”.

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  5. TERESA, a língua portuguesa é muito traiçoeira... os humilhados e ofendidos são do tempo em que o tempo perguntava ao tempo quanto tempo o tempo tem... nem o Rogério nem o Noah são desse tempo. Desse tempo, só era o Rogérito e os seu colegas de turma...
    JANITA, que bom ires dando conta daquilo que aqui dás conta, mas olha, os humilhados e ofendidos de outrora estão de volta...
    A TODOS, ontem apanhei (eu e não só) um valente susto. Ligou-me uma amiga da Maria João Poeta a saber se eu sabia alguma coisa da nossa sonetista, pois ela não atendia as chamadas... disse-lhe que iria averiguar e tentei eu ligar... e nada... dei corda aos sapatos e fui tocar-lhe à campainha. Ao primeiro toque abriu-me a porta e subi. Desatámos na converseta... não se passara nada.
    Ufa!, que alívio!!!

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  6. Na minha escola éramos todas iguais, felizmente e não havia na aldeia maltrapilhos.

    Abraço

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    1. Nesses tempos era assim em muitas aldeias, pois vivia-se melhor que nas cidades... hoje, quase aposto, nem lá há professores ou, se há, serão muito poucas as crianças...

      Abraço

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