28 agosto, 2024

ARREMEDO DE POEMA, COM SALVA AO FUNDO


VERMELHAS GERBERAS 
(Arremedo de poema, com salva ao fundo) 
Esvaziadas do momento
as pedras, mantêm memória
de um outro tempo
alheando-se deste
enquanto este se alheia delas
das pedras 

Nem a erosão dos salinos ventos
apagam vestígios dos mares nunca dantes navegados
e dos arrojados mareantes que deram
como foi escrito, tantos mundos ao Mundo

Outros são os tempos  
onde, Portugal, que já foi o centro do Mundo 
hoje se assume como periferia
orgulhosamente
ao invés do que tanto podia ser
nesta Europa de mal-lhe-querer 

As pedras não exultam
perante tratados e pactos
nem reclamam
se tais actos rompem  
a iconografia, o imaginário
o sonho
de um povo 

Os claustros não choram
perante fúnebres exéquias
São pedras,
(com povos dentro) 

Entre um tempo e outro
pelo caminho ficou o sonho
da Jangada de Pedra

Que aconteceu aqui?

O olhe que não,
olhe que não
passou 
a um olhe que sim,
olhe que sim
A terra voltou a deixar de pertencer a quem a trabalha
E a Democracia
passou a ser essa, esta
que dia a dia se suicida  

Ai Portugal, Portugal
Onde os cravos da nossa esperança?

Podem vermelhas gerberas 
por serem belas
tomarem o lugar da flor de Abril?
(A resposta é uma salva de 25 tiros)
Rogério Pereira

2 comentários:

  1. Ainda não se criou substituição para os cravos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A imagem desmente esse teu "ainda não"
      O que falta é a total substituição
      Mas por este andar...
      não irá tardar

      Eliminar