26 agosto, 2024

NÃO FUI DE FÉRIAS... MAS RELEMBREI A ALEGORIA DAS PEDRAS


"Eu grito para um animal, ele foge. 
Eu grito para uma planta, ela não foge, 
mas talvez sinta algo, (...)
E eu grito para uma pedra e nada: 
nem foge nem sente coisa alguma." 
Gonçalo M. Tavares

As pedras andam tristes, 
mas pouco se mexem
Não é verdade
Não é verdade, que na hierarquia dos elementos
não haja momentos
em que a pirâmide não se inverta
e se movimente
aquilo que aparentemente
não se movimenta
e não sinta
o que qualquer outro ser sente

As citadas pedras, são o caso
Conheço as que se vão deixando estar
deixando estar, sem mudar de lugar
mas vão mudando
mudando lentamente
mudando seu estado
de pedra bruta a "calhau rolado"
e rolam, rolam, rolam
ao sabor das ondas e de cada maré
e falam, parecem dizer, "É triste, não é?"
As pedras estão convencidas que é seu destino

Só numa coisa o Gonçalo tem razão 
"tudo o que é divertido...
... tem dois lados sérios"
e
"tudo que é sério...
... tem dois lados divertidos"
Precisamos de dizer isso às pedras

Rogério Pereira

 

NOTA: Poema reeditado de um tempo rodeado de amigos

7 comentários:

  1. Ando triste como as pedras.
    Nem tudo aqui 🇩🇪 é divertido.
    Mexi-me um bocadinho para visitar o teu blogue.
    Li o poema do qual gostei bastante.
    Abraço da amiga que ama pedras —
    mesmo quando estão tristes e pouco se mexem.

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    1. Li teu comentário a uma pedra
      E ela soltou uma lágrima
      Claro que esta minha resposta vai no sentido poético
      no dia em que tais sentimentos cheguem às pedras
      o Mundo estará salvo...
      (sofro por não pode entrar no teu espaço)

      Abraço agradecido

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    2. Claro que podes, Rogério‼️
      Se vale a pena é uma outra questão.
      Fechei a casa dos comentários somente no dia 20 de Agosto.

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    3. Olha, pois é
      Tentei
      e
      entrei

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  2. Minha casa, meu ninho
    é feita
    de cimento e pedra

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  3. OS PARALELEPÍPEDOS

    Minha Mãe levantou pedras
    Daquele chão empedrado
    Que num tempo longínquo
    Havia sido uma cavalariça
    Na casa cedida a meu Tio
    Pelo dono de uma Herdade
    Onde havia sido trabalhador.

    Solteirão, que na juventude
    Tinha sido marinheiro,
    Recusou sempre constituir
    A sua própria família.
    Ali acabaria os seus dias de velhice.
    Minha Mãe, quis ir viver com o irmão-
    (2 anos mais novo, sentia-se sua protectora
    - como sempre - desde que aos 11 e 13 anos ficaram
    órfãos de mãe) Como se meu Tio precisasse...
    Era a pessoa mais autónoma que eu conheci!
    Fazer-lhe companhia - disse.

    Sempre que os visitava ficava
    Boquiaberta com os bonitos canteiros
    De lindas flores que iam embelezando
    Aquele espaço, junto e à volta do alpendre
    Um telheiro, onde suponho tenha sido o
    Lugar das manjedouras .

    Um dia perguntei-lhe:
    "Mãe, aonde vai comprar toda esta variedade de flores tão bonitas"?
    Fez sinal para que me aproximasse
    Dizendo-me baixinho ao ouvido,
    Para o meu Tio a não ouvir:

    "Levanto-me, mal amanhece, e vou ao Jardim Público
    O mesmo onde tu brincavas quando saías da escola,
    Então, sob o olhar vigilante e cúmplice do Primo António
    Que é agora o jardineiro, tiro uma 'pernadinha' aqui outra ali,
    Com raiz, ninguém nota nada, e vou embelezando este deserto..."

    Já ambos partiram e, segundo sei, lá no Éden onde ambos residem agora,
    São abençoados pelo Criador.
    O meu Tio pela honradez e lealdade.
    A minha saudosa Mãe, por ter apenas mudado de lugar uns raminhos de flores, tornando mais agradável e perfumada a cavalariça/quintal.
    ------------------
    Só eu soube este segredo,
    espero que o saibas guardar
    a sete chaves, Rogério!

    Um beijinho

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    1. Tua memória, trazida aqui
      até trazia o cheirinho
      desse raminho
      que transformou o deserto em jardim

      Não contarei nada
      mas minha boca é um chocalho

      Beijinho, em vez de abraço

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