"Eu grito para um animal, ele foge.
Eu grito para uma planta, ela não foge,
mas talvez sinta algo, (...)
E eu grito para uma pedra e nada:
nem foge nem sente coisa alguma."
Gonçalo M. Tavares
As pedras andam tristes,
mas pouco se mexem
Não é verdade
Não é verdade, que na hierarquia dos elementos
não haja momentos
em que a pirâmide não se inverta
e se movimente
aquilo que aparentemente
não se movimenta
e não sinta
o que qualquer outro ser sente
As citadas pedras, são o caso
Conheço as que se vão deixando estar
deixando estar, sem mudar de lugar
mas vão mudando
mudando lentamente
mudando seu estado
de pedra bruta a "calhau rolado"
e rolam, rolam, rolam
ao sabor das ondas e de cada maré
e falam, parecem dizer, "É triste, não é?"
As pedras estão convencidas que é seu destino
Só numa coisa o Gonçalo tem razão
"tudo o que é divertido...
... tem dois lados sérios"
e
"tudo que é sério...
... tem dois lados divertidos"
Precisamos de dizer isso às pedrasRogério Pereira
NOTA: Poema reeditado de um tempo rodeado de amigos
Ando triste como as pedras.
ResponderEliminarNem tudo aqui 🇩🇪 é divertido.
Mexi-me um bocadinho para visitar o teu blogue.
Li o poema do qual gostei bastante.
Abraço da amiga que ama pedras —
mesmo quando estão tristes e pouco se mexem.
Li teu comentário a uma pedra
EliminarE ela soltou uma lágrima
Claro que esta minha resposta vai no sentido poético
no dia em que tais sentimentos cheguem às pedras
o Mundo estará salvo...
(sofro por não pode entrar no teu espaço)
Abraço agradecido
Claro que podes, Rogério‼️
EliminarSe vale a pena é uma outra questão.
Fechei a casa dos comentários somente no dia 20 de Agosto.
Olha, pois é
EliminarTentei
e
entrei
Minha casa, meu ninho
ResponderEliminaré feita
de cimento e pedra
OS PARALELEPÍPEDOS
ResponderEliminarMinha Mãe levantou pedras
Daquele chão empedrado
Que num tempo longínquo
Havia sido uma cavalariça
Na casa cedida a meu Tio
Pelo dono de uma Herdade
Onde havia sido trabalhador.
Solteirão, que na juventude
Tinha sido marinheiro,
Recusou sempre constituir
A sua própria família.
Ali acabaria os seus dias de velhice.
Minha Mãe, quis ir viver com o irmão-
(2 anos mais novo, sentia-se sua protectora
- como sempre - desde que aos 11 e 13 anos ficaram
órfãos de mãe) Como se meu Tio precisasse...
Era a pessoa mais autónoma que eu conheci!
Fazer-lhe companhia - disse.
Sempre que os visitava ficava
Boquiaberta com os bonitos canteiros
De lindas flores que iam embelezando
Aquele espaço, junto e à volta do alpendre
Um telheiro, onde suponho tenha sido o
Lugar das manjedouras .
Um dia perguntei-lhe:
"Mãe, aonde vai comprar toda esta variedade de flores tão bonitas"?
Fez sinal para que me aproximasse
Dizendo-me baixinho ao ouvido,
Para o meu Tio a não ouvir:
"Levanto-me, mal amanhece, e vou ao Jardim Público
O mesmo onde tu brincavas quando saías da escola,
Então, sob o olhar vigilante e cúmplice do Primo António
Que é agora o jardineiro, tiro uma 'pernadinha' aqui outra ali,
Com raiz, ninguém nota nada, e vou embelezando este deserto..."
Já ambos partiram e, segundo sei, lá no Éden onde ambos residem agora,
São abençoados pelo Criador.
O meu Tio pela honradez e lealdade.
A minha saudosa Mãe, por ter apenas mudado de lugar uns raminhos de flores, tornando mais agradável e perfumada a cavalariça/quintal.
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Só eu soube este segredo,
espero que o saibas guardar
a sete chaves, Rogério!
Um beijinho
Tua memória, trazida aqui
Eliminaraté trazia o cheirinho
desse raminho
que transformou o deserto em jardim
Não contarei nada
mas minha boca é um chocalho
Beijinho, em vez de abraço