19 setembro, 2011

Metamorfose - V (Pedra, depois pó e finalmente vida)


Olhei a pedra
Fria, Estúpida, Parada
Calada
De tanto a olhar, julguei-a bela
transformei-me nela
Frio, Estúpido, Parado
Calado
Sem destino sequer
de pedrada no charco
Sujeito à degradação do relento
e à erosão do vento
em breve serei pó

Não olhes para mim, assim
Mexe-te, ao menos

A pouco e pouco se mexeram
e num repente
o Mundo assistiu
ao despertar das pedras
_________________Rogério Pereira

NOTA DO AUTOR:  A parte escrita a verde, é uma acréscimo posterior à edição original. Segundo os primeiros comentários, não se espera de mim mensagens negativas nem derrotistas. Eu concordei e como um poema não se emenda...  

22 comentários:

  1. Gostei do poema, mas não vejo o Rogério a ficar parado, calado, ...

    Serena noite

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  2. Mexeu, sim ...
    olhar as pedras, elas não nos incomodam, não é...
    e de tanto olhar pensei que era uma companheira,e assim será um dia, se virar pó, se o tempo agir sobre ela .
    Ai, fiquei a ver navios...em vez das pedras.Me confundi toda.
    Um beijo do Brasil, Mery

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  3. O que acabo de ler está em perfeita sintonia com o seu acto de cidadania.
    Parabéns!

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  4. Até entendo o que escreve.

    Não concordo, de maneira nenhuma com o "Frio, Estúpido, Parado Calado".

    Arranje uns antónimos...

    Vá, Rogério,

    "Não olhes para mim, assim
    Mexe-te, ao menos",

    arranje-os que o caracterizam muito melhor !

    Beijo

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  5. Isso era
    na era
    em que fui pedra

    Depois
    Houve o despertar

    Acredite quem acreditar
    Haverá (vai chegar)o tempo
    do despertar das pedras

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  6. Mexo-me sim
    Danço em volta tua
    Pedra fria, estúpida, parada e calada
    Voo sobre essa aura estática que ostentas
    E com o meu vento.
    Antecipo a tua erosão
    Afastando todo o pó que se acumulou em ti
    Durante os anos ao relento.
    Esculpo-te com cuidado
    Cuido dos menores detalhes
    Faço-te novamente imagem humana
    Satisfeita com o resultado, sorrio
    Enquanto te aqueço com meu corpo e envolvo-te em meus beijos
    Até devolver-te inteiramente a vida tua
    Que havia guardado, sorrateiramente, em mim.

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  7. Senti alívio com os versos em verde! Mas os anteriores já anunciavam que o pó não se faria! Ainda que demore, as pedras despertarão. Tenho confiança nisso. Belo poema e mensagem linda e necessária!

    Girassóis nos seus dias!
    beijos

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  8. Admiro a sua persistência na eterna luta pelo despertar das pedras...e o próprio poema está muito giro e é a cara do Rogério que é porta-vos de um farol das suas maiores convicções... beijinho

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  9. Pedras
    despertai

    ... e que não sejam poucas

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  10. Nem as pedras aguentam tanto adormecimento!

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  11. Gostei muito do despertar das pedras.
    E deixa-me agradever-te o comentário no Escrito a Quente, que tão bem me soube. Obrigada.
    :-)
    Beijos.

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  12. Olá Rogério,

    "...Com a experiência,
    Passa a ser lapidada.
    O tempo dirá o valor,
    Da pedra rara encontrada."

    Já me senti pedra, e ás vezes ainda esfrio ou solidifico como tal...mas passa.

    Obrigada pelas palavras, adorei!

    Beijo meu

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  13. Rogério.

    Segundo a sua nota, um poema não se emenda. (concordo)

    Como o meu amigo mudou o seu parecer, porque derrotista não
    quis ser, de verde coloriu o despertar das pedras.

    "Mexe-te, ao menos"

    Perante tal exortação como poderia eu ficar fria, parada, estúpida e calada...?

    Eis o meu despertar:

    A tinta verde cria jardins
    onde nascem ilusões
    Desperta pedras
    onde brilham letras
    Palavras feitas
    de constelações.

    Pó seremos, mas imortais
    só vós... poetas!

    Um abraço ao poeta.

    Janita

    ( Peço-lhe a benevolência de entender que as pedras não têm todas o mesmo despertar...))

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  14. Gostei do poema, Rogério.
    Vai perdoar-me, mas gosto mais dele sem a parte escrita a verde.

    Abraço

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  15. Esperemos então pela metamorfose aconteça.

    Ana Sofia

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  16. Rogério, gostei muito do poema. Mas as pedras que são pedras jamais sentirão.

    Um abraço
    oa.s

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  17. Pergunta-me qualquer coisa sobre essa pedra
    Essa pedra «Fria, Estúpida, Parada»
    Talvez charco rijo, ilegível
    Sem água sequer!
    Pergunta-me qualquer coisa sobre essa pedra
    Para que eu saiba calada
    O antedizer lunar da falésia
    À erosão do vento pedra!
    Pergunta-me qualquer coisa sobre essa pedra
    Possivelmente sabes o que quero que me perguntes…
    E provavelmente sabes o que te quero perguntar…

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  18. Uma luta eterna, penso que quase tudo se traduz nisso mesmo. Gostei muito, a "alteração" vem trazer esperança e dar essa mesma dinâmica de não ficar "parado" ou "calado".

    Abraço

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