08 dezembro, 2014

O aniversário do Mário e a desvalorização do discurso de António Costa


As palavras muitas vezes repetidas não se gastam. Não tenho a certeza se Mário Soares terá sido o primeiro a fazer escrever, em 1983, no texto do programa do IX Governo, a frase lapidar de o povo viver acima das suas possibilidades (página 4).  A certeza é que ela possuí uma longevidade transversal a todos os governos e presidentes da República. Cavaco Silva repetiu-a tal e qual quando, quase trinta anos depois, em Maio de 2011, discursava justificando a crise e a necessidade do tratado assinado com a troika. 
E como a longevidade das palavras ultrapassa a das caras, Costa não deixará de vir a ser influenciado por esse discurso quase permanente. O seu, o da viragem à esquerda, está mais que desvalorizado, pela presença de tanto convidado. Eles lhe lembrarão, em 2015, a ilicitude de que falava Mário, em 1983.

6 comentários:

  1. As jogada politicas sucedem-se muito velozmente. Depois ha sempre quem as aproveite. A comunicação social distórci-as e depois apresenta-as numa guerra de audiências...

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  2. OBRIGADA, camarada, por lembrar aos mais esquecidos, as palavras do vira-casacas Mário Soares.

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  3. Rogériamigo

    Não concordo; mas nisso é que a Democracia e a Liberdade são o melhor: concordar ou discordar, sem consequências graves e por vezes até fatais.

    Nem quero falar do Gulag muito menos do massacre da Floresta de Katyn, nem da Sibéria, ainda que tenha visitado todos esses locais malditos.

    Que eu saiba Mário Soares (que muito admiro) não mandou matar/assassinar tanta gente não mandou executar nenhum genocídio.

    Mas também discordo na nossa Jocamiga: onde está o vira-casacas? E o Carlos Brito? E o António Hespanha? E a Zita Seabra? e o Pina Moura? - para só falar de alguns "desiludidos"...

    Pelo-me por uma boa polémica que já não acaba em tribunais plenários, nem no Tarrafal, muito menos em Peniche.

    Estive na falecida URSS, na desaparecida RDA, na Polónia entalada entre a URSS e a Alemanha "Democrática", na falsa Checoslováquia, na ceausequiana Roménia, na balcânica Bulgária e até na Albânia contra todo o Mundo.

    Estive na RP da China; estive no paralelo 38; estive no Chekpoint Charlie, estive em tantos lugares e ainda não entendo o comunismo. Devo ser eu que sou burro, mesmo com penas...

    Abç (e + qjs à Jocamiga)

    Gostarei de te ver passar e comentar pela minha Travessa

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  4. Henrique,

    Se o papa Francisco é uma esperança, não posso entrar por uma Igreja a dentro e mandar à cara de quem lá está os crimes da Inquisição...

    Quanto aos desiludidos do partido,
    a sua maioria é o que é sabido.

    Acho que não me gostou de me ver
    e eu pago-lhe da mesma moeda

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  5. Rogério

    Uma coisa é para mim certa: num jogo limpo não convém misturar alhos com bugalhos. Eu falo dos crimes da Inquisição com qualquer interlocutor; já o fiz com bispos, com cardeais et aliud. Com um Papa ainda não o fiz; mas há sempre uma oportunidade ou uma esperança... Aliás costumo escrever que fui católico, mas curei-me... Verba volant, scripta manent.

    Cito: Quanto aos desiludidos a maioria é o que se sabe fim de citação. Poizé, dor de cotovelo é uma chatice. Um exemplo, apenas: que se saiba o António Hespanha (de quem sou amigo) foi caçado da Universidade quando era PC... e não precisou "desiludir-se" para voltar a dar aulas. Foi pelo mérito que tinha, tem e terá.

    O "partido" para os comunistas, o PCP é único partido; o resto é paisagem. Aliás, em todos os chamados países satélites ou para lá da "cortina de ferro" o "partido" era o "único". Mas, cuidado. Na URSS aquando da cimeira Gorbachev - Reagan tive a possibilidade e a oportunidade de falar com ele e com o Shevardnadze sobre a perestroika e a glasnost e nenhum deles se referiu ao "camarada" Estaline. Por que bulas isso teria acontecido? E logo comigo?

    Num habia nexexidade diria o cónego Remédios. Eu fui apenas o único jornalista português que falou com eles..., mas o que é facto é que me receberam e ambos sabiam que eu não era comunista. Friso que não gosto de me pôr em bicos dos pés; um elefante não deve e não pode fazê-lo, como é o meu caso.

    O mesmo se passou na Roménia com o "camarada" Niculai Ceausecu a quem fiz uma entrevista para o DN por coincidência também a única para Portugal em que o tópico principal foi quando gaguejando (o "camada" era gago, pouco, mas gago) me afirmou que Bucareste nunca permitiria tropas soviéticas no solo sagrado do país.

    E, por enquanto, por aqui me fico nesta agradável conversa. Mas, se quiser, voltarei com muito gosto. In fine volto a citar: Acho que não me gostou de me ver
    e eu pago-lhe da mesma moeda
    fim de citação.

    Pela minha parte tenho o direito inalienável de gostar ou não gostar. Por acaso, neste particular, volto a dizer que me pelo por uma polémica. Mais, adoro polemizar, goste ou não goste do/s meu/s interlocutor/es. Mas já não gosto mesmo nada de pontapés no Português que é a nossa língua, como sabe.

    Por isso transcrevo: (...) Acho que não me gostou de me ver. Bem sei que se trata de um lapsus scripta, mas... num habia nexexidade (desculpe-me a repetição)

    Abç

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  6. Henrique
    Sim senhor
    Fica desde já nomeado meu revisor

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