29 abril, 2015

De acusações de azedume à citação de Brecht. Eu, Minha Alma e Meu Contrário e Ela, Seu Contrário e Sua Alma (bonito, isto)


Em tempos (há quase dois anos), julgo ter sido Sua Alma que em desespero de causa me falava, e dizia: "Com tanto azedume, NUNCA conseguirá desvendar o segredo da VIDA, nem tampouco a sua essência amorosa. Experimente desligar-se do negrume que lhe torna os dias escuros e deixe-se envolver por aromas, flores e adornos... Quem sabe assim, a ignorância dará lugar à luz do espírito. .." - escrito que me foi destinado num comentário..." Respondeu-lhe, o Meu Contrário, com um texto extenso e denso, enquanto Minha Alma não continha a sua ira e me segredava que Eu nunca mais tinha juízo. A questão foi serenada (para descanso da Minha Alma) e ficamos amigos.
Tempos passados, em lugares desencontrados e com troca dos "gostos" fortuitos (e não muitos) dou com um post dela naquele outro lugar onde Ela optou por estar. Tinha a imagem acima. Três, tal como me defino, e dizia:
«O rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. "Bertolt Brecht"
Um dia criei um blogue, para escrever de mim para mim, coisas que a alma me ditava. Chamei-lhe "Vida Entre Margens". Depois, publiquei um livro e dei-lhe o mesmo nome.
Mas as palavras quiseram-se livres e soltas, então, resolvi deixar a vida transbordar para além das margens....e continuar a escrevê-la...
"Transpondo Margens"
Contra a loucura da minha pele, anuncio-me à vida e torno-me Pedra Filosofal. Bendita mistura alquímica, entre um pedaço do meu corpo e o seu avesso.
Há uma parte que me arde, como gotas de álcool em ferida aberta. Há uma parte que flutua, entre duas margens impostas pela vida, ao voo dos pássaros. Mas a outra, a que se diz ser (eu), transborda, como se transportasse dentro do peito, um oceano inteiro.
Decidi por vontade unanime das minhas duas partes, deixar os pássaros sobrevoarem os céus do meu rio. Soltei-os ao anoitecer, enquanto a lua se espelhava calma e serena sobre as minhas águas.
E a vida transbordou para além das margens que um dia, eu própria lhe impusera. Ao amanhecer, vi sois que anunciavam a infinitude de todas as coisas.
Ainda um pouco atordoada, juntei-me ao voo dos pássaros, unida em uma só pele, em uma só carne . Em uma só alma.»

7 comentários:

  1. Rogério, que posso eu dizer-lhe?
    Ocorrem-me apenas duas palavras:
    Desculpe e obrigada....

    ResponderEliminar
  2. Voltei, porque me esqueci de dizer, que não me orgulho nada desse momento passado, em que não controlei a impulsividade.
    Foi um momento triste sem dúvida alguma.
    E as palavras têm esse poder, uma vez ditas ou escritas, jamais serão apagadas...
    Lamento mais uma vez...:(

    ResponderEliminar
  3. Voltei, porque me esqueci de dizer, que não me orgulho nada desse momento passado, em que não controlei a impulsividade.
    Foi um momento triste sem dúvida alguma.
    E as palavras têm esse poder, uma vez ditas ou escritas, jamais serão apagadas...
    Lamento mais uma vez...:(

    ResponderEliminar
  4. Quando a beleza une as alma sai esta maravilha.
    Parabéns a ambos!

    um beijinho

    ResponderEliminar
  5. Cristina,

    A Fê disse o que realmente vale a pena que se diga

    "Quando a beleza une as almas sai esta maravilha."

    (E se assinalei o passado foi para lembrar que é através do diálogo que as pessoas se entendem. Foi a celebração da amizade e, por isso, foi um momento feliz)

    ResponderEliminar