«Nem sei bem como começar isto.Não sei se comece por dizer, e isto pode ser aziago, que são treze as propostas de alteração à Constituição Portuguesa feita pelos jornalistas do Observador, se refiro apenas 'algumas alterações' com a mesma displicência de quem esborracha a ponta do cigarro contra o passeio, ou se vá ali à Igreja dos Anjos pedir ajuda divina para esta gente, que ao que me parece, perdeu completamente a tineta.Os jornalistas do OBSERVADOR, malta muito jovem - a ver pelo alarde que fizeram com o recrutamento de jornalistas com menos de 30 anos a semana passada -, saudável, sem preconceitos, e sem inimigos, além dos comunistas, resolveram armar-se em constitucionalistas, e fazer pelas suas próprias mãos, com uma pouco clara componente de 'consulta popular', a revisão da Constituição Portuguesa.Extraordinário.E digo extraordinário porque perigoso, e até doentio, porque um jornal que cresce a cada dia e a cada dia se afirma como opinion maker, que é lido por milhares de pessoas, muitas deles jovens, tão jovens quanto os que lá trabalham, e que resolve de ânimo leve fazer um exercício de alteração da Constituição Portuguesa, e fazem-no, oh Lord!, baseado em princípios neoliberais vilanos que já todos, ou quase todos, perceberam onde nos fizeram chegar, dá-me assim valentes arrepios na espinha.Com que então um Constituição apolítica, hem? Sim senhora, muito bem pensado.E quereis também, porque não vos basta terem o Primeiro-Ministro, o Presidente da República e a Procuradoria Geral da República, tudo com o mesmo fardamento, que seja [de acordo com as vossas propostas] o Presidente da República (que pode ser a nossa atual amiba unicelular, ou quem sabe, uma amiba sem qualquer célula) a nomear o presidente do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da República, as chefias militares, o provedor de Justiça e ainda os sete juízes do Tribunal Constitucional.
Que bonito.
E, porque achardes pouco o que tendes, ainda quererdes ver esse desespero, que é meter a fruta [podre] toda na mesma cesta - o que foi um dos maiores erros da história da democracia em Portugal -, também escarrapachado no articulado da nossa Constituição.E não vos chega a miséria nos hospitais e a morte nas urgências, a miséria no ensino e a morte da língua portuguesa, o desemprego jovem e as privatizações burguesas, a emigração idosa e a estagnação populacional, que também quereis a redução do elenco de direitos sociais e a desconstitucionalização do respectivo financiamento, consagrado na atual Constituição.Calai-vos!Calai-vos porque vocês não sabem o que dizem.E sabem o que é que eu, e outras pessoas como eu, faziam às vossas propostas jornaleiras que englobam, claro está, cai-vos a máscara, a redução da hiper-rigidez da Constituição e a flexibilização das normas sobre a revisão constitucional?Que não fosse ele um jornal virtual, e eu uma pessoa de bem, e dizia-vos o que fazia.»
17 abril, 2015
«O projeto para alterar a Constituição Portuguesa está agora nas mãos de... jornalistas!»
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Desta vez não se espera um D. Sebastião saído do nevoeiro. Deseja-se de volta o Absolutismo?
ResponderEliminarComo diria minha avó "Minha alma está parva"
Um abraço e bom fim de semana
ResponderEliminarEnfim, tantos jovens que já partiram e haveriam de ficar cá estes "criativos" que, a bem dizer, não têm nada para dizer.
Lídia
A Lídia disse tudo !
ResponderEliminarInfelizmente são estas cabeças que "gravitam" neste nosso pobre país.
Também já nada me surpreende.
beijinho e bom fim de semana!
Fê
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ResponderEliminar.
. um país ? . qual país ? .
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Tá tudo muita jeitoso!
ResponderEliminarQue mania tem esta gente para "simplificar"!
ResponderEliminarFazem-se despachos, resoluções, deliberações, leis, decretos e, agora, constituições!!!??? em (in)certos escritórios e rodas de confrades, prontinhos para usar; é só fazer copy paste e publicar no DR.
Então é para voltar ao Marquês ou ao Santa-Comba-Dão?