25 novembro, 2017

A História não é um somatório de factos que se possa dar por encerrado.



O 25 de Novembro*

A História não é um somatório de factos que se possa dar por encerrado. Todos os dias surgem outros factos que confirmam ou desmentem as diferentes versões sobre uma passada realidade. Em certa medida a História não é matéria que se encerre, vai sendo feita. E há documentos que não devem ser ignorados mesmo se possam ter, como este, referências a aspectos que possam ser considerados marginais. Julgo que para quem escreve a história, não devendo ser exigida a isenção, que ao menos se lhe peça rigor. Rigor e exigência de credibilidade moral e ética sobre as testemunhas (e testemunhos) que o historiador julgue necessário reunir, para ilustrar os factos ou entende-los. Sobre esta data, ficam os testemunhos de Álvaro Cunhal, (e dos links anteriores) cuja leitura se recomenda na integra:
"(...) O golpe militar de 25 de Novembro foi a conclusão de um agudo e tempestuoso período de choques, divisões e conflitos não só entre os partidos participantes no governo, nomeadamente PCP e PS, mas também no MFA: entre os chamados «moderados» (nomeadamente o «Grupo dos Nove» que se aliavam cada vez mais à direita reaccionária), e a esquerda militar (cada vez mais ligada e sofrendo pressões do esquerdismo pseudo-revolucionário lançado em irresponsáveis acontecimentos desestabilizadores).(...)
(...) O 25 de Novembro não liquidou o processo, ainda então em curso, de configuração do regime democrático a instaurar e a institucionalizar. Criou entretanto uma nova correlação de forças que abriu caminho mais fácil à formação de governos com uma política contra-revolucionária.(...)"
Álvaro Cunhal - in "A Revolução de Abril 20 Anos Depois" - Fevereiro de 1994
"O 25 de Novembro foi um golpe militar inserido no processo contra-revolucionário. A sua preparação começou muito antes das insubordinações e sublevações militares do verão quente e de Outubro e Novembro de 1975 . Talvez que as mais esclarecedoras informações dessa preparação em curso muitos meses antes de Novembro sejam as que dá o comandante José Gomes Mota no seu livro, esquecido ou guardado nas estantes, A Resistência. O Verão Quente de 1975 , Edições jornal Expresso , 2ª ed., Junho de 1976. (...)
Álvaro Cunhal, in Capítulo 8 do livro "A verdade e a mentira na Revolução de Abril: A contra-revolução confessa-se", Edições Avante!, Lisboa, Setembro de 1999
* texto reeditado de um post de 2012

3 comentários:

  1. Gostei de ler e vou gostar de partilhar!

    Abraço!


    Maria João

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  2. Por isso se chama história. Tem inicio mas nunca terá fim
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    { Não sei se a minha alma me é sincera }
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    Bom dia, votos de um domingo feliz.
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