Parámos junto ao lago e perguntei ao
professor-cirurgião-de-pedras-e-estátuas se aqueles meninos não eram os que eu vira em imagens partidas. Respondeu que aquela imagem (agora inteira) era uma réplica e que a original jazia, já recuperada, numa sala que a seguir me iria ser mostrada.
A visita, percorrendo o Paço Real, foi demorada tendo o professor o cuidado de dar todo o detalhe do seu trabalho de restauro e do tanto que havia por fazer. Era visível a degradação e abandono a que tinha sido votada, pasto da natureza que não se compadece com a incúria dos humanos e de actos vândalos.
O discurso do professor-cirurgião-de-pedras-e-estátuas fluía com emoção e a sua voz, por momentos se embargou quando eu lhe confessei que seriam os meus netos a agradecer-lhe tais cuidados.
Ontem, apresentei moção sobre o tema. Sujeitei à votação da Assembleia onde têm acento as
mesmas forças politicas que ditaram destino incerto àquela memória. Altera aqui, altera acolá, foram ajustados os temos finais a contento de todas as partes, gerando-se a unanimidade.
Talvez seja o impulso necessário para manter a Quinta e o Paço na esfera do usufruto público (a bem da memória, pois as pedras falam).
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A moção, ontem aprovada por unanimidade, talvez salve a Quinta Real... |
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"Este
magnífico jardim, parte integrante da denominada Quinta Real de Caxias,
outrora tida como uma das maiores do seu tempo, constitui um dos mais
importantes elementos arquitectónicos e paisagísticos do concelho de
Oeiras.
Com
origem no início do século XVIII, este agradável complexo recreativo,
que incluía um modesto paço, constituía um prolongamento do palácio de
Queluz, distante apenas 7 km, permitindo desfrutar do ar fresco do rio
nos dias quentes de Verão. Da extensa propriedade resta o Jardim da
Cascata, uma invulgar e monumental edificação, revela-se o cenário ideal
para o relato da cena do livro de Ovídio, Metamorfoses: o Banho de
Diana, deusa da caça e da natureza selvagem."
"Junto
à Avenida Marginal num local, onde em tempos idos, o grande portão
abria directamente para a praia ergue-se o Palácio de veraneio dos
Infantes da Casa Real, com a sua quinta, pomar e jardim de buxo.
Edificada
na primeira metade do século XVIII, a Quinta Real de Caxias é
actualmente considerada um dos conjuntos de maior relevância histórica e
arquitectónica do concelho de Oeiras, englobando elementos de raro
valor patrimonial.
Nesta
visita convidamo-lo a fazer uma viagem no tempo e descobrir os encantos
deste emblemático jardim, casa de deuses e deusas que povoam o espaço,
veja o bater das asas da cegonha de cerâmica, levadas pelo vento,
passeie-se pela grandiosa cascata e suba ao pavilhão do Aquário de onde
poderá desfrutar da vista sobre a barra do Tejo ao som dos jogos de
água."
- texto editado pela EMACO-Espaço e Memória, Associação Cultural de Oeiras