(reedição de uma mesa-redonda publicada em 2012)
Eu, Meu Contrário e Minha Alma, reunidos. Pensativos.
Eu (dissertando sobre o foto) - Se ninguém faz nada, isto vai ficar... (e falou, falou, sem se calar)
Meu Contrário (com voz horrorizada) - Mas isso é.... a Terra martirizada... nem sei porque procuram Marte... se aqui a desertificação se espalha por toda a parte!
Minha Alma (com um humor deslocado) - Julguei que era a foto de um pormenor da pele de um elefante gigante...
Eu (irritado) - Um deixa-se abalar, a outra goza. O pessimismo é um pensamento reaccionário. Fazer humor é pior que olhar para o lado... Baixar os braços é fazer o jogo contrário...
Minha Alma (atrapalhada por ser repreendida) - Tens razão, não nos deixemos abalar. Mas que fazer?, a solução só pode ser... fazer chover. O Homem pode fazer chover?
Meu Contrário (pensativo) - O Homem pode é criar condições para reduzir a seca, mas faz exactamente o contrário.
Minha Alma (pensativa) - Florestando? Evitando incêndios?...
Meu Contrário (completando) - ...Controlando o abate criminoso de árvores... utilizando racionalmente a água e fazendo-a chegar onde for necessário regar...
Minha Alma (sem humor, mas com ironia) - O relvado de um campo de golfe bem regado, certamente que não chega... devia ser pecado e punir-se o pecador.
E os três continuaram a falar, sobre o tema, sobre o desaproveitamento do Alqueva, sobre para que serve uma maior consciência ecológica se os povos permanecem amorfos... e sobre a incerteza de a fome os despertar. Estavam eles nessa, quando ela entro em cena.
Manuela Araújo (que tinha acompanhado tudo) - Julgo que ainda não se percebe, de forma generalizada, quanto a água caminha para a escassez. Tanta coisa a fazer, por cada um e por todos, e tanta coisa mal feita (ou não feita) pelos que têm o poder!
Quanto ao Alqueva, estive a semana passada no Baixo Alentejo, na zona de Serpa: fiquei espantada! Julguei que estava no Minho, com tanto milho a ser cultivado, pois é uma cultura que precisa de bastante água. E o número de novos olivais, irrigados, espantou-me igualmente. E vi campos de cebolas! Perguntei... e soube que pagam a água para irrigação (do Alqueva) a 8 cêntimos o m3, mais uma taxa de manutenção de 50 euros por hectare; e que o milho (espiga) se destina a farinha para rações e para outras indústrias transformadoras, e o resto da planta para alimentar gado; e que as cebolas são liofilizadas e vendidas à McDonalds.
Afinal, parece que já alguns agricultores estão a tirar partido do Alqueva, assim como a Syngenta e outras corporações da biotecnologia, não faltavam lá placas junto ao milho e também aos girassóis... serão transgénicos? não sei...
Pelo menos estão a produzir algo.
Se as terras vão ficar menos secas? com este sistema de cultivo (junta-se água, adubos e herbicidas e fabricam-se monoculturas de produtos destinados à indústria alimentar) o que vai acontecer é que o solo cada vez vai ser mais pobre e cada vez mais poluído...; primeiro virão uns anos de fartura... depois... Disseram-me também que a Andaluzia já está a reduzir fortemente a produção agrícola...
Na minha opinião, o Alqueva devia servir em primeiro lugar para uma agricultura biodiversa e que permitisse a auto-suficiência alimentar das comunidades locais e do país, para muitos agricultores e não apenas alguns latifundiários, num modo de cultivo que permita que o solo enriqueça e melhore com os anos, retendo a água e a matéria orgânica.
Uma agricultura ecológia ajudaria a reter a água no solo e a prevenir a desertificação e fome de amanhã.
Deste modo que vi, alguns vão enriquecer mas o solo vai empobrecer... e a água vai acabar por desaparecer... as alterações climáticas ajudam!
Eu, Minha Alma e Meu Contrário (em coro) - Apoiado!
Manuela Araújo (que tinha acompanhado tudo) - Julgo que ainda não se percebe, de forma generalizada, quanto a água caminha para a escassez. Tanta coisa a fazer, por cada um e por todos, e tanta coisa mal feita (ou não feita) pelos que têm o poder!
Quanto ao Alqueva, estive a semana passada no Baixo Alentejo, na zona de Serpa: fiquei espantada! Julguei que estava no Minho, com tanto milho a ser cultivado, pois é uma cultura que precisa de bastante água. E o número de novos olivais, irrigados, espantou-me igualmente. E vi campos de cebolas! Perguntei... e soube que pagam a água para irrigação (do Alqueva) a 8 cêntimos o m3, mais uma taxa de manutenção de 50 euros por hectare; e que o milho (espiga) se destina a farinha para rações e para outras indústrias transformadoras, e o resto da planta para alimentar gado; e que as cebolas são liofilizadas e vendidas à McDonalds.
Afinal, parece que já alguns agricultores estão a tirar partido do Alqueva, assim como a Syngenta e outras corporações da biotecnologia, não faltavam lá placas junto ao milho e também aos girassóis... serão transgénicos? não sei...
Pelo menos estão a produzir algo.
Se as terras vão ficar menos secas? com este sistema de cultivo (junta-se água, adubos e herbicidas e fabricam-se monoculturas de produtos destinados à indústria alimentar) o que vai acontecer é que o solo cada vez vai ser mais pobre e cada vez mais poluído...; primeiro virão uns anos de fartura... depois... Disseram-me também que a Andaluzia já está a reduzir fortemente a produção agrícola...
Na minha opinião, o Alqueva devia servir em primeiro lugar para uma agricultura biodiversa e que permitisse a auto-suficiência alimentar das comunidades locais e do país, para muitos agricultores e não apenas alguns latifundiários, num modo de cultivo que permita que o solo enriqueça e melhore com os anos, retendo a água e a matéria orgânica.
Uma agricultura ecológia ajudaria a reter a água no solo e a prevenir a desertificação e fome de amanhã.
Deste modo que vi, alguns vão enriquecer mas o solo vai empobrecer... e a água vai acabar por desaparecer... as alterações climáticas ajudam!
Eu, Minha Alma e Meu Contrário (em coro) - Apoiado!