Eu, Meu Contrário e Minha Alma, reunidos. Pensativos.
Eu (dissertando sobre o foto) - Se ninguém faz nada, isto vai ficar... (e falou, falou, sem se calar)
Meu Contrário (com voz horrorizada) - Mas isso é.... a Terra martirizada... nem sei porque procuram Marte... se aqui a desertificação se espalha por toda a parte!
Minha Alma (com um humor deslocado) - Julguei que era a foto de um pormenor da pele de um elefante gigante...
Eu (irritado) - Um deixa-se abalar, a outra goza. O pessimismo é um pensamento reaccionário. Fazer humor é pior que olhar para o lado... Baixar os braços é fazer o jogo contrário...
Minha Alma (atrapalhada por ser repreendida) - Tens razão, não nos deixemos abalar. Mas que fazer?, a solução só pode ser... fazer chover. O Homem pode fazer chover?
Meu Contrário (pensativo) - O Homem pode é criar condições para reduzir a seca, mas faz exactamente o contrário.
Minha Alma (pensativa) - Florestando? Evitando incêndios?...
Meu Contrário (completando) - ...Controlando o abate criminoso de árvores... utilizando racionalmente a água e fazendo-a chegar onde for necessário regar...
Minha Alma (sem humor, mas com ironia) - O relvado de um campo de golfe bem regado, certamente que não chega... devia ser pecado e punir-se o pecador.
E os três continuaram a falar, sobre o tema, sobre o desaproveitamento do Alqueva, sobre para que serve uma maior consciência ecológica se os povos permanecem amorfos... e sobre a incerteza de a fome os despertar.
Ah, a fome não desperta! A fome, se continuada, amodorra-os em vez de os despertar... por isso não desperta mesmo senão os que, menos esfomeados, possam revoltar-se por ver os amigos e vizinhos dizimados por ela... ela, em si,não desperta... mas isto digo eu, meia a cair para o lado, depois de passar cinco horas na sala de espera de um hospital... "falo" sem pensar... como tantas vezes...
ResponderEliminarUm abraço! :)
Caro Rogério
ResponderEliminarConfesso que estas 3 partes do nosso eu, descobri-as graças a si. Na verdade esta conversa a 3 começa a ser cada vez mais um exrcício que fazemos diáriamente. Doloroso mas necessário.
Abraço
Rodrigo
Julgo que ainda não se percebe, de forma generalizada, quanto a água caminha para a escassez. Tanta coisa a fazer, por cada um e por todos, e tanta coisa mal feita (ou não feita) pelos que têm o poder!
ResponderEliminarQuanto ao Alqueva, estive a semana passada no Baixo Alentejo, na zona de Serpa: fiquei espantada! Julguei que estava no Minho, com tanto milho a ser cultivado, pois é uma cultura que precisa de bastante água. E o número de novos olivais, irrigados, espantou-me igualmente. E vi campos de cebolas! Perguntei... e soube que pagam a água para irrigação (do Alqueva) a 8 cêntimos o m3, mais uma taxa de manutenção de 50 euros por hectare; e que o milho (espiga) se destina a farinha para rações e para outras indústrias transformadoras, e o resto da planta para alimentar gado; e que as cebolas são liofilizadas e vendidas à McDonalds.
Afinal, parece que já alguns agricultores estão a tirar partido do Alqueva, assim como a Syngenta e outras corporações da biotecnologia, não faltavam lá placas junto ao milho e também aos girassóis... serão transgénicos? não sei...
Pelo menos estão a produzir algo.
Se as terras vão ficar menos secas? com este sistema de cultivo (junta-se água, adubos e herbicidas e fabricam-se monoculturas de produtos destinados à indústria alimentar) o que vai acontecer é que o solo cada vez vai ser mais pobre e cada vez mais poluído...; primeiro virão uns anos de fartura... depois... Disseram-me também que a Andaluzia já está a reduzir fortemente a produção agrícola...
Na minha opinião, o Alqueva devia servir em primeiro lugar para uma agricultura biodiversa e que permitisse a auto-suficiência alimentar das comunidades locais e do país, para muitos agricultores e não apenas alguns latifundiários, num modo de cultivo que permita que o solo enriqueça e melhore com os anos, retendo a água e a matéria orgânica.
Uma agricultura ecológia ajudaria a reter a água no solo e a prevenir a desertificação e fome de amanhã.
Deste modo que vi, alguns vão enriquecer mas o solo vai empobrecer... e a água vai acabar por desaparecer... as alterações climáticas ajudam!
Importante diálogo. Defendo a alma, no entanto, pois entendo que ironizou para destacar ainda mais a situação de descuido.
ResponderEliminarUm grande beijo aos três. Um dia teu contrário cede...
E eu a tentar dar o meu contributo para o equilíbrio ecológico.
ResponderEliminarBem aproveitei ao máximo a água das chuvas, a que cai no telhado e de lá segue diretamente para o saneamento público.
Consigo juntar umas centenas de litros.
E depois, António?
Chove a espaços e está visto que, a não haver uma reação rápida da própria Natureza, a falta de água vai ser um problema crescente para o Homem.
Quando me refiro à Natureza, claro que também se deve nela incluir a ação decidida do próprio Homem.
Quando é que nós nos vamos consciencializar que o desenvolvimento económico a qualquer preço não é ecologicamente sustentável?
Atual, necessário e urgente debate.
Mais uma vez me ocorre socorrer do pensamento de José Saramago, reproduzido no cabeçalho desta "Conversa Avinagrada".
Será a pele de um Elefante recém-chegado a Marte depois de passar pelas margens do Alqueva.
ResponderEliminarOremos
ResponderEliminarNas urnas eleitorais
Sabe uma coisa, Rogério? Espero que nas próximas décadas não descubram que Marte é habitável, pois se isso acontecer, estragam este planeta ainda mais depressa.
ResponderEliminarEm Marte poderá jogar-se golfe?
o fogo purifica através de u'a morte anunciada
ResponderEliminara água um dia emerge, nem sempre carece dançar prá chover
mas a alma
não sabe nada disso
porque ainda é um projeto e não ficará pronta enquanto a Terra não se revelar totalmente
Barbara.