Testemunham textos anteriormente escritos que sempre tive preocupação de caminhar entre duas culturas, mesmo quando escrevia sobre futilidades e dissertava sobre os efeitos da electrodinâmica nas relações amorosas. Por isso fui sensível à proeza da ciência e da tecnologia e quase me levantei aos pulos e aos berros vitoriando o feito, como se dele tirasse eu proveito. Se tivesse um Mars em casa também assim festejava. Depois cai em mim, e a cultura humanística me beliscou relembrando outras palavras de Saramago:"O único progresso verdadeiro é o progresso moral."
Foi com a certeza de que este sucesso nos afasta, mais do que nos aproxima, da resolução dos grandes problemas da humanidade, que esfriei o entusiasmo. A chegada a Marte é espantosa, mas em nada contribui para a mudança do paradigma actual em que o desenvolvimento se faz sem se ter como objectivo a felicidade humana. Deu-me mais esperança o discurso de Pepe Mujica do que o sucesso deste passo dado para a exploração planetária.
Agradeço à Helena Pato este video que me disponibilizou no facebook
É muito mais interessante chegar a Marte do que ao nosso próprio semelhante, José!!!
ResponderEliminarSaramago mais uma vez diz o que deve ser dito. A chegada a Marte realmente é um feito inacreditável, mas acho também que nada contribuirá para o desenvolvimento de uma sociedade humana mais feliz e justa.
ResponderEliminarDe qualquer forma, é um marco da ciência e de um jeito ou de outro muda, a longo prazo, a vida de todos nós.
Beijo.
Gosto e, por isso, partilhei...lá no meu espaço.
ResponderEliminarBeijo
Laura
O Rogério está como o Príncipezinho... que achava ser fácil ter amigos, bastava pura e simplesmente querer, procurar e estar disponível para retribuir. Muitos seres humanos deveriam estar isolados por uns tempos num único Planeta para si só, da vez que pensam que o seu umbigo é o centro do universo... Seria interessantíssimo.
ResponderEliminarSomos feitos de memória e pó de estrelas. Gastamos muito do nosso tempo a a desprezar a mistura faiscante de que somos feitos, escolhemos esquecer em vez de lembrar, baixar a cabeça para o pó da terra em vez de erguer a cabeça para o céu
Esquecemos sobretudo de nos olharmos nos olhos, o gesto que permite reconhecermo-nos como iguais. Animais moribundos, todos nós, tanto os velhos nos lares de "idosos" como os jovens génios. Esquecemos que morrer é deixar de ser lembrado e que a memória do cheiro e do toque dura mais que a do olhar. Esquecemos que as coisas não podem ser possuídas por nóss porque duram mais do que nós. Esquecemos que gozar o dia é também recordar a noite de onde veio e antecipar a noite para onde vai. As crianças sofrem de tédio porque lhes falta o poderoso filme das recordações e a capacidade de concretizar os sonhos.
Nesta década ficanmos parados como garotos a olhar uma loja de brinquedos. As catedrais do dinheiro desabaram porque se tornaram virtuais sem que ninguém desse por isso. As estruturas políticas desmoronaram-se porque estavam escoradas nessa economia virtual. Gastamos horas e horas de conversa, páginas e páginas de jornais a futurar desenvolvimentos tecnológicos que nos tornarão ainda mais virtuais e abstractos, mais distantes da vida - essa coisa chata onde se trabalha e se sua e se ama e se escolhe e se cometem erros e se chora e se ri. A memória é essa coisa assustadora que nos impede de morrer de vez como morrem todos os outros animais e que nos foi roubada. Esquecemos de lembrar! Mais fácil é chegar a Marte do que ao coração... Não fosse Marte o deus da guerra...
Obrigada Rogério, por este bocadinho.
Um beijinho... e vou olhar as estrelas...especialmente a Lua, o nosso satélite!... e que pelos vistos já passou à história e não será mais lembrada... e o que mudou?! :)
Caro Rogério
ResponderEliminarJá tinha dado uma espreitadela ao Vídeo quanado a Helena o colocou no FB.
De facto ainda há quem olhe para a vida no seu verdadeiro sentido.
"Brutal".
Abraço
Rodrigo
Sim Rogério, quando vi a notícia quase em directo, de imediato me lembrei desta frase de Saramago e embora compreendesse o entusiasmo daqueles cientistas face a todo o tempo que trabalharam naquele projecto fantástico e que nos espanta na sua precisão e grandeza, lembrei-me simultâneamente que possívelmente todos os milhões gastos no mesmo dariam para matar a fome neste nosso mundo.
ResponderEliminarTodo aquele entusiasmo não passa de um entusiasmo egocentrista, pois como diz a Fada do Bosque"... a Lua não será mais lembrada...e o que mudou?"
Fantástico o vídeo que aqui nos deixaste, é um oásis neste deserto ouvir de vez em quando alguém que pensa e sente a vida.
Beijos
Branca
Vou-me, sem palavras. Estão todas aqui!
ResponderEliminarUm beijo
O nosso semelhante não tem poços de petróleo e em Marte nunca se sabe...
ResponderEliminarNem imagina as vezes que eu pensei nisso hoje durante o dia, Rogério.
ResponderEliminarChegar a Marte pode ser um grande passo para a Humanidade. Resta saber se a Humanidade resiste a tanto despautério.
"A chegada a Marte é espantosa, mas em nada contribui para a mudança do paradigma actual em que o desenvolvimento se faz sem se ter como objectivo a felicidade humana". .....eu confesso que leio muito, mas entendo muito pouco, gostaria de
ResponderEliminarsaber um dia quem é o "malvado" da história humana, onde vive e como deixam viver, ao mesmo tempo sinto uma felicidade imensa em perceber que há no mundo uma parcela grande de não malvados! ah, saramago diz que com certeza a terra rebentará, não já, mas que de imediato deveríamos levar um susto, acho que de certa forma vivemos continuamente assustados, só que dispersos...admiro muito a colcha de retalhos que teces a cada postagem!!!
É sempre bom vasculhar mais uma coisa
ResponderEliminarQuem sabe
talvez um dia descubram esta coisa
Não resisti e roubei este texto extraordinário a um post e resolvi que estaria bem aqui, como comentário.
ResponderEliminarNão sei se é abusivo, mas da fama de ladrão já não me livro...
espero que o BioTerra me perdoe...
Rogerio
ResponderEliminarmarte é mesmo ali ao virar da esquina e o nosso semelhante é do outro lado por isso mais longe
kis >:=)
... isso de olharmos para o nosso semelhante é uma coisa sem grande importância, com pouca visibilidade e que rende pouco... descubramos o que se passa em MARTE!
ResponderEliminarO vídeo é grandioso!
Um prazer ler-te.
Abraço Rogério
cvb
Sim Rogério, quando vi a notícia quase em directo, de imediato me lembrei desta frase de Saramago e embora compreendesse o entusiasmo daqueles cientistas face a todo o tempo que trabalharam naquele projecto fantástico e que nos espanta na sua precisão e grandeza, lembrei-me simultâneamente que possívelmente todos os milhões gastos no mesmo dariam para matar a fome neste nosso mundo.
ResponderEliminarTodo aquele entusiasmo não passa de um entusiasmo egocentrista, pois como diz a Fada do Bosque"... a Lua não será mais lembrada...e o que mudou?"
Fantástico o vídeo que aqui nos deixaste, é um oásis neste deserto ouvir de vez em quando alguém que pensa e sente a vida.
Beijos
Branca
Olá amigo, adorei o video e palavras para quê? Disseste tudo o que tinha que ser dito. Só mais uma coisa...com tanto dinheiro gasto, dava para acabar de vez com a fome que há no mundo, mas isto é só um pensamento de uma parvinha... Beijos com carinho
ResponderEliminarRogério,
ResponderEliminarGostava de dizer algumas coisas.
Primeiro, parabéns pelo artigo.
Segundo, não sei se sabes, mas tenho um especial carinho pelo Uruguaia pelo que se está a passar nesse país com a tentativa de uma verdadeira democracia participativa e porque colaboro com o semanário "Acciòn Informativa" desse país.
Terceiro, acho o comentário da Fada do Bosque delicioso. Bem sei que sou suspeito ao constantemente elogiar a Fada, mas o que escreveu é para mim uma verdadeira lição e um poema aos meus ouvidos.
Quarto, e para acabar, tendo alguma "formação" em astronomia, não deixo de considerar os passos que se estão a dar nesse domínio como fabulosos para melhor compreender o mundo que nos rodeia. Não esquecendo esse facto que acho acha extraordinário, para mim o ser humano como tal e como "único" será sempre colocado acima de qualquer outra coisa.
Um grande abraço