13 dezembro, 2019

O Brexit e a gestão do medo...


"O medo é essencial à estratégia de governação do euro. Aliás, é o medo que sustenta a UE." podemos ouvir esta afirmação do Jorge Bateira, produzida ainda antes de conhecidos os resultados eleitorais no Reino Unido.
Assim, não nos devemos surpreender que venham agora, como sempre têm vindo, tecer-nos quadros horrendos, de martírio e catastrofismo. 

Acalmem-se. No Canal Parlamento, ocorreu em 26 de Fevereiro passado a audição pública, pela Comissão dos Assuntos Europeus, sobre o Brexit. São duas horas de intervenções, depoimentos, análises, perguntas... e, a páginas tantas, isto é, ao fim de quase uma hora (58 min), Jorge Pisco, Presidente da Confederação Portuguesas das Micro, Pequenas e Média Empresas, CPPME, (da qual sou também dirigente) esvazia o balão do dramatismo, e diz, com a voz calma e firme que lhe reconheço:
«Haverá certamente impactos negativos com o Brexit, mas com o que se vai escrevendo e dizendo, destilando receios e catastrofismo, até parece que a Inglaterra e Portugal só têm relações comerciais e diplomáticas há 3 décadas, aquando da adesão do nosso país à CEE/EU.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), a propósito do Brexit, assinala que apesar de ter vindo a perder peso relativo no comércio com Portugal desde a adesão à Comunidade Económica Europeia, o Reino Unido continuou ao longo dos anos a ser um parceiro comercial relevante.

Agora há quem afirme que com o Brexit, os dados podem alterar-se.

Segundo dados do INE, em 2016, de entre as 46.364 empresas exportadoras de bens, somente 2.758 o fizeram para o Reino Unido. Destas, apenas 32 (1,2%) exportaram exclusivamente para o Reino Unido, tendo sido responsáveis por 1,2% do valor exportado, enquanto 8,2% dessas empresas, ou seja 227, registaram uma concentração das suas exportações superior a 50% nesse mercado correspondente a 15,7% do valor exportado.

Verifica-se assim não ser expressivo o numero de empresas que registam uma dependência grande do Reino Unido, concentrando naquele mercado uma percentagem significativa das suas exportações.»

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