30 dezembro, 2019

Este ano fui, frequentemente, um não-ausente

Dei por mim sem saber o que fazer. Se seleccionar os meus posts mais lidos, se me justificar por não ter conseguido estar onde, por sentido dever, devia ter estado. Opto por ligar uma coisa a outra, pois foi um poema que trouxe ao meu espaço  o post mais lido, agora é este poema que hoje publico o que melhor espelha a minha não-ausência.
Ser do mesmo poeta não é coincidência...


DA AUSÊNCIA

Da tua ausência e – porque não? – da nossa,
Emana uma aura fosca e baça e crua,
Uma ilusão de luz, como se lua
De um astro em que se fez menina e moça.

Enquanto essa ilusão de nós se apossa
Qual rio que em calmo lago desagua,
A ausência, mais que minha, mais que tua,
É sal que salga a vida e mel que a adoça.

Nessa ausência, que vai ganhando vulto,
Transmuta-se a abstracção em verbo oculto
A que o sonho dá corpo e cristaliza

E tudo o que era ausência é já presença
Que dita o que se sente, o que se pensa,
E cresce enquanto a mente idealiza.

Maria João Brito de Sousa
- 30.12.2019 – 10.15h

5 comentários:

  1. Obrigada! Obrigada, Rogério, por teres trazido até cá esta minha (não)ausência.

    Se o coração me conceder tempo e compasso, estarei hoje entre amigos a receber o primeiro ano da segunda década deste terceiro milénio. Não sei se por lá estarás, mas serás sempre um não-ausente!

    Um abraço GRANDE!

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  2. Um abraço amigo, Rogério!
    Que 2020 seja um ano bom para ti e para os teus!
    Beijinhos :)

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  3. Um belíssimo poema da Maria João.
    Este ano muitas vezes estive ausente, não por vontade própria, como deve calcular.
    Espero e desejo que 2020 seja um ano muito feliz, para si, e todos os seus.
    Abraço

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