04 fevereiro, 2020

«Sinofobia é também um vírus?»*


Sobre o vírus H1N1, o Dr. Drauzio Varella tem uma página e eu nem sabia que a tinha.
Em 18 de Abril de 2011 publicou, o Varella, um texto que revisitou em 9 de Outubro de 2019, ainda antes da euforia histérica que se apoderou de certa (ou quase toda) imprensa.

E o texto de Varella segue assim: 
«Sempre que surge uma epidemia, o mundo quer saber se tudo foi feito para contê-la nos momentos iniciais. A pergunta tem lógica, porque não são raros os exemplos de governantes que escondem os primeiros casos de doenças contagiosas, para evitar preconceitos e perdas económicas.

Em número recente, a revista Science mostra que não foi esse o caso na atual pandemia.

Na cidade do México, no dia 7 de abril de 2009, os serviços de saúde detectaram a existência de pneumonias graves associadas a quadros gripais em adultos jovens, justamente a faixa etária que costuma apresentar poucas complicações de gripe.
Imediatamente, os mexicanos começaram a colher dados e a acompanhar a evolução do surto.

Como os laboratórios daquele país não dispunham da tecnologia necessária para identificar o novo vírus, foram enviadas diversas amostras para os Centers for Disease Control and Prevention, nos Estados Unidos, e para a Public Health Agency, no Canadá.

Em 23 de abril – portanto apenas 16 dias depois de identificado o surto -, canadenses e americanos confirmaram que realmente se tratava de um novo vírus, o A (H1N1), de origem suína. Segundo a epidemiologista Ira Longini, da Universidade de Washington, criadora de modelos matemáticos para prever a disseminação das epidemias de gripe: “Os mexicanos fizeram todo o possível, dentro de uma situação impossível”.

Tem razão, é praticamente impossível para qualquer país, conter um surto epidémico de um novo vírus da gripe. Para reforçar, os epidemiologistas mexicanos apresentam um argumento indiscutível: “Os americanos identificaram o vírus antes de nós e não foram capazes de contê-lo”.

Enquanto nas epidemias passadas os cientistas trabalhavam isolados em seus laboratórios, desta vez as informações sobre as características do vírus e da enfermidade causada por ele foram trocadas em conferências pela internet, Youtube, Skype, Twitter, Google Maps e toda a parafernália disponível nas telas dos computadores. Jamais uma epidemia foi monitorizada em tempo real como esta.

Em poucos dias, os genes do vírus haviam sido sequenciados e colocados à disposição da comunidade científica através do GenBank. Ficou claro que cerca de um terço deles veio do vírus da gripe suína da América do Norte, um terço da gripe aviária também norte-americana e o terço restante da gripe suína típica dos países europeus e asiáticos.»

*O título deste post é do Bruno Costa

3 comentários:

  1. Com o PC avariado e a minha falta de vista torna-se difícil ler e comentar no Smartphone .
    Abraço

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  2. Não, a sinofobia não é um vírus, é um preconceito que se comporta como se o fosse. Melhor dizendo, quando determinado grupo "portador" desse preconceito entra em contacto com outros grupos susceptíveis, ele espalha-se exactamente como se vírus fora.

    Abraço

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  3. Se pensarmos um pouco, será melhor dar antes um pouco de atenção ao tempo e à ausência de medidas tomadas num caso de suspeição que aconteceu no Porto...

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