«É importante que se avance, (...), que não sirva esta mudança de cara no ministério para questionar mais uma vez as medidas que são necessárias. Infelizmente há várias questões a destacar de forma negativa e todas denunciadas em bom tempo, por exemplo a ausência de diálogo, que veio ferir de morte a relação com os médicos», afirmou à Lusa o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Noel Carrilho.
Para Noel Carrilho, a saída de Marta Temido de ministra da Saúde não é surpreendente, mas a FNAM quer agora centrar-se nas possibilidades futuras, mantendo-se disponível para a negociação e o diálogo.
A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que «deixou de ter condições» para exercer o cargo, demissão que foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa. A decisão surge numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem estado sob os holofotes da comunicação social, sendo inegáveis as consequências do subfinanciamento crónico a que tem sido votado ao longo das últimas décadas.
Este foi, de resto, um dos aspectos a determinar o chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Apesar de o PS ter feito campanha iludindo o eleitorado com o «reforço» da capacidade do SNS em 700 milhões de euros, o valor, como constatou a redacção do AbrilAbril, não chega sequer para cobrir a dívida.
É preciso reter os profissionais de saúde
O agravamento dos problemas e perda de eficácia do SNS, ao longo dos últimos meses, tornou a comunicação da ministra pouco surpreendente, também para os enfermeiros. A incapacidade de manter em funcionamento serviços fundamentais, como os de obstetrícia e serviços de urgência pediátrica, um pouco por todo o País, prende-se com a ausência de medidas por parte do Governo de reter os profissionais de saúde, sublinhou esta manhã Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), aos microfones da Observador.
Para esta dirigente, mais do que a contratação de profissionais, um dos grandes desafios passa pela retenção de trabalhadores no SNS, e são várias as questões a concorrer para a sangria. Além das condições de trabalho e das questões salariais, a redução da formação e da investigação têm tornado menos aliciante construir carreira no serviço público.
Mais do que definir o perfil do sucessor de Marta Temido, Guadalupe Simões entende que cabe ao Governo de António Costa ser claro e admitir perante os portugueses se pretende ou não defender e aprofundar o Serviço Nacional de Saúde. Neste sentido, recorda o estatuto do SNS recém-aprovado, que aponta para a privatização dos serviços de saúde, por oposição à Lei de Bases, da anterior legislatura, que coloca o serviço público no centro dos cuidados de saúde em Portugal.
Texto integral no magazine AbrilAbril
Um aumento da vulnerabilidade do nosso já enfraquecido SNS é exactamente o que irá acontecer quando o novo Estatuto começar a "dar frutos".
ResponderEliminarSubscrevo o comentário da Maria João.
ResponderEliminarAbraço e saúde