30 agosto, 2022

A SAÍDA DE MARTA TEMIDO NÃO SURPREENDE, MAS FALTA RESOLVER PROBLEMAS DO SNS

«É importante que se avance, (...), que não sirva esta mudança de cara no ministério para questionar mais uma vez as medidas que são necessárias. Infelizmente há várias questões a destacar de forma negativa e todas denunciadas em bom tempo, por exemplo a ausência de diálogo, que veio ferir de morte a relação com os médicos», afirmou à Lusa o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Noel Carrilho.

Para Noel Carrilho, a saída de Marta Temido de ministra da Saúde não é surpreendente, mas a FNAM quer agora centrar-se nas possibilidades futuras, mantendo-se disponível para a negociação e o diálogo.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que «deixou de ter condições» para exercer o cargo, demissão que foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa. A decisão surge numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem estado sob os holofotes da comunicação social, sendo inegáveis as consequências do subfinanciamento crónico a que tem sido votado ao longo das últimas décadas.

Este foi, de resto, um dos aspectos a determinar o chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Apesar de o PS ter feito campanha iludindo o eleitorado com o «reforço» da capacidade do SNS em 700 milhões de euros, o valor, como constatou a redacção do AbrilAbril, não chega sequer para cobrir a dívida.

É preciso reter os profissionais de saúde

O agravamento dos problemas e perda de eficácia do SNS, ao longo dos últimos meses, tornou a comunicação da ministra pouco surpreendente, também para os enfermeiros. A incapacidade de manter em funcionamento serviços fundamentais, como os de obstetrícia e serviços de urgência pediátrica, um pouco por todo o País, prende-se com a ausência de medidas por parte do Governo de reter os profissionais de saúde, sublinhou esta manhã Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), aos microfones da Observador

Para esta dirigente, mais do que a contratação de profissionais, um dos grandes desafios passa pela retenção de trabalhadores no SNS, e são várias as questões a concorrer para a sangria. Além das condições de trabalho e das questões salariais, a redução da formação e da investigação têm tornado menos aliciante construir carreira no serviço público.    

Mais do que definir o perfil do sucessor de Marta Temido, Guadalupe Simões entende que cabe ao Governo de António Costa ser claro e admitir perante os portugueses se pretende ou não defender e aprofundar o Serviço Nacional de Saúde. Neste sentido, recorda o estatuto do SNS recém-aprovado, que aponta para a privatização dos serviços de saúde, por oposição à Lei de Bases, da anterior legislatura, que coloca o serviço público no centro dos cuidados de saúde em Portugal.

Texto integral no magazine AbrilAbril


2 comentários:

  1. Um aumento da vulnerabilidade do nosso já enfraquecido SNS é exactamente o que irá acontecer quando o novo Estatuto começar a "dar frutos".

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  2. Subscrevo o comentário da Maria João.
    Abraço e saúde

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