17 novembro, 2022

«TÚNICA ÍNTIMA», UM LIVRINHO QUE TAMBÉM RECOMENDO...

Prometi à Sílvia Mota Lopes propor a "quem sabe da poda", não só porque é escritor consagrado, mas também crítico literário, que fizesse uma apreciação a este livro, "Túnica Íntima". Falei agora mesmo com ele (Domingos Lobo) e obtive a confirmação de o ir fazer numa das revistas literárias para onde colabora regularmente, mas onde só terá espaço em janeiro... Resolvi, então, não esperar tanto tempo e aproveitar os comentários da Olívia Marques para avançar com os seu comentários, que subscrevo. Escreveu ela:

«A meio caminho, entre a cabeça e o coração, há um lugar de liberdade privilegiada onde foram agrupados os poemas em pequeno formato (2 ou 3 versos, na sua maioria). Nesse espaço de sombra onde as «palavras pernoitam em avolumadas hastes sonâmbulas» (pag. 14) é dada ao leitor autonomia bastante para fazer significar as palavras, segundo o seu modo próprio de ler/ver. A interferência da voz textual é mínima já que esta dá primazia à sugestão em detrimento da afirmação.

Depois há o coração (uma pintura da autora) onde a fisiologia, veias e artérias, a mágoa, a fantasia, a inquietação, se entrelaçam para dar existência aos afetos que são, no meu entender, a “alma” deste conjunto de poemas. Temos a comprová-lo, não só a dedicatória: «Ao meu pai» como também diversas referências à família - à mãe à avó, etc...
No extremo oposto, fica o pensamento representado, nas imagens, pela cabeça – rostos, olhos, expressões, cabelos em simbiose com elementos da Natureza dialogam, à primeira vista, de forma harmoniosa. Destes diálogos despontam fragmentos de memórias, reminiscência quase sempre a partir dos verbos “lembrar/recordar”, cf. se pode ver nestas e noutras passagens, ao longo do livro:
“Lembro-me do frio miudinho / da sombra e do silêncio […] / a minha mãe aquecia-me os pés[…]”
“Lembro-me do colchão, do berço, do cubículo/e ali dormia/para não sentir o seu tamanho.”
“Lembro-me das árvores carregadas de pássaros /que rebentavam em cânticos.”
“Lembro-me da sala em festa, da fotografia da família num álbum/que não abro há algum tempo.”
“Recordo as árvores e vou inventando outras…”
[…]
Tudo isto, e não só, podemos encontrar no livro – “Túnica Íntima” – de Sílvia Mota Lopes, onde a linguagem parece revolver-se constantemente na tentativa de abarcar a convulsão de sentires, emoções, medos e contradições a que todo o ser humano, com maior ou menor intensidade, está exposto.
Se recomendo?! Claro que sim!»
Lídia Borges

Quer um livro? Então não perca tempo!


2 comentários:

  1. Só pode comprar-se assim? Não está à venda nas papelarias?
    Abraço e saúde

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  2. Do fundo do meu remendado coração, desejo o maior sucesso à Túnica Íntima da Sílvia Mota Lopes!

    Abraço para ti, para ela, para a Lídia Borges e para o Domingos Lobo!

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