01 novembro, 2022

FERIADO (ou o quanto é injusta a memória, quando curta!)

(reposição) 


No ano passado e eu dizendo que em puto, fazia o que faziam os outros. "Pão, por.. Deus", pedia eu. E não pedia muito. Bastavam uns tantos doces e um rebuçado no fundo do saco e aí me detinha, sentado num qualquer degrau, com outros, a fazer partilha.

Depois de puto, ainda não muito crescidote, ficava a uma qualquer esquina, mãos nos bolsos, a roer-me de inveja observando os que, então, se entregavam à tradição. Foi assim, até deixar de ser assim. Palavra que não dei pela chegada do Halloween, primeiro em filmes e desenhos animados, depois em campanhas dos supermercados e, por fim, nas salas de aula, onde apenas alguns professores salvam a tradição e relembram cantilena chilreada pela catraiada:
“Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós.
Para dar aos finados
Qu’estão mortos, enterrados.
À porta da bela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho.
Faz favor de s’alevantar
P’ra vir dar um tostãozinho”
E pronto, aqui chegado, saúdo o reposto feriado ao mesmo tempo que deploro e lamento quanto é injusta a memória quando é curta. É que este feriado foi-nos roubado e só nos foi devolvido por acção daquele tal partido... Não se lembra qual? 
Pois, e isso é um outro mal!

5 comentários:

  1. Recordo-me perfeitamente, tanto do Dia de Pão por Deus, quanto de que foi graças ao Partido Comunista Português que esses feriados foram repostos em 2016.

    Abraço, Rogério!

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  2. Realmente, perder a memória é morrer. Às novas modas nas escolas, o meu Zé chama-lhes "pedagogias da inutilidade"... Beijo meu.

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  3. Aqui hoje é feriado, Dia dos Mortos / 2 de nov.
    Triste, passei um dia a "meia boca", melhorei quando fui dar uma volta, senti a alegria do bairro, das muitas pessoas pelas cafeterias, outras sentadas nas mesas ao ar livre, em mesas, conversando e bebericado algo, um lindo sol...dia muito lindo lá fora. Sempre foi assim esse dia, nossos queridos... nossa memória traz todas as lembranças.
    Beijo, Rogério.

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  4. Fui muitas vezes pedir o "Pão por Deus", mas Rogério essa era uma tradição que não interessava ao capitalismo. Repare não se vendiam fatos nem pinturas, não se faziam festas onde comidas e bebidas e às vezes outras coisas correm soltas pelos salões. Por isso percebe-se o interesse em fomentar o Halloween.
    Abraço e saúde

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  5. Meu caro Rogério
    Essa e outras eram as tradições que interessavam ao povo, agora as tradições interessam muito mais ao comercio, pois depende sem dúvida do consumismo desenfreado.
    Abraço

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