POEMA INTRODUTÓRIO
O poema tem o travoDe um raminho de hortelãSobre o vermelho do cravoDos poetas de amanhãEle há portas, muitas portasPor detrás de cada muroE os poemas do futuroTombam como folhas mortas,Ou fervilham nas retortasDe um poeta ainda obscuroCujo percurso foi duro,Cujas mãos pendem absortasPorque se fecham comportasOnde deve abrir-se um furo...Há, porém, o travo frescoDe um pé de manjericãoA dominar o grotescoE a passar de mão em mãoAbram alas, abram alasQue o poema quer passar;Cansou-se de se curvarPr`a desviar-se das balasQue vão fuzilando as falasDos versos que quer cantar,Mas que não volta a calarPorque há-de ressuscitá-lasAssim que todas as salasSe abram pr`ó futuro entrar...Tem o gosto das amoras,Traz o sabor do que é novo,Troca as voltas às demorasE vem dar mais voz ao povo!Maria João de Sousain "A CEIA DO POETA"
AUTOBIOGRAFIA DA HOMENAGEADA, ESCRITA A MEU PEDIDO
"Nasci em Lisboa, no dia 04 de Novembro do ano de 1952, mas fui registada no Concelho de Oeiras por expressa vontade de meu avô, o poeta António de Sousa que, tendo deixado Coimbra para fixar residência em Algés, passou a nutrir profundo afecto pelo Concelho no qual desde sempre residi.
Coube-me em sorte ser neta de um dos grandes poetas do Modernismo e poder conviver com alguns dos maiores nomes da poesia do século XX.
Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Natália Correia, David Mourão Ferreira, Virgínia Moura, Manuel Ribeiro de Pavia, Guilherme Filipe e José Régio, entre muitos outros, foram pessoas com quem privei desde os meus primeiros tempos de vida e de quem, se assim se pode dizer, fui absorvendo conhecimentos, aguçado espírito crítico e paixão pela criatividade e pela escrita.
Decidida a trabalhar e a casar-me cedo, abandonei os estudos académicos mal terminei o curso complementar dos liceus, no então Liceu Nacional de Oeiras, hoje Escola Secundária Sebastião e Silva, onde frequentei a alínea de Germânicas.
Trabalhei como intérprete para a Agência Abreu durante cerca de dois anos, acabando por deixar o cargo aquando do nascimento da minha filha mais velha, em 1973.
Desde o ano 2000 e enquanto a saúde mo permitiu, fui membro da Associação de Artistas Plásticos - Paço De Artes, sediada no Alto da Loba, Concelho de Oeiras e, nessa qualidade, participei em inúmeras exposições de pintura de carácter colectivo e de uma individual, na sala Elisiário Carvalho - salão nobre da Associação - sob a temática Auto-Retrato, em 2007.
Dessas muitas exposições, destaco a Colectiva da Fundação Marquês de Pombal, a Colectiva da Escola Náutica Infante D. Henrique em Dezembro de 2000, a Colectiva de Setembro de 2005 na Galeria Verney e, dentre as muitas mostras anuais, a do salão nobre do Clube Recreativo de Paço de Arcos e a Colectiva, na Galeria Viagraça, em Lisboa, por ocasião do lançamento do livro Poemas de Mim, de Ezequiel Francisco, bem como de uma Colectiva em 2004, no Instituto de Estudos Tecnológicos de Cascais.
Foi ainda enquanto membro activo da Paço de Artes que, em Abril de 2006 participei na acção de formação, promovida pela CultDigest,"Gestão das Actividades Associativas- Produção e Organização de Projectos Culturais - 1ª edição", com frequência dos módulos"Gestão de Projectos" e "Contexto Jurídico das Associações".
Em Janeiro de 2000, estreara-me, no âmbito das exposições individuais, em Lisboa, na Voz do Operário, onde, no salão João Hogan, tive expostas vinte e oito telas sob o título Promessas Traídas, tendo ainda participado na Voz D`Arte - Primavera 2000, no hotel Roma, em Lisboa.
Sou também membro da Associação Portuguesa de Poetas, ainda que por motivos de saúde me não tenha sido possível comparecer às reuniões do colectivo desde 2009, e tenho apenas quatro livros publicados; "Poeta Porque Deus Quer", Autores Editora, 2009, "Pequenas Utopias", Corpos Editora, 2012 (World Art Friends), "Almas Gémeas", em Março de 2016, uma edição que me foi ofertada pelos poetas e grandes amigos Joaquim Sustelo e Albertino Galvão, sob a chancela da Euedito e ainda "... Até A Neve Chorará Num Dia Quente", também em edição ofertada por Joaquim Sustelo em 2018.
Colaborei, ainda, em várias antologias poéticas editadas anualmente também por Joaquim Sustelo a cada aniversário do conceituado site de poesia "online" - Horizontes da Poesia.
Vários sonetos meus foram editados, em 2014, na colectânea de poetas lusófonos Enigma(s), sob a chancela da Sinapis Editores - Editorial Minerva - e nas antologias "Tertúlia da Gandaia"I e II, Hórus Editora, 2016, bem como na Antologia da Academia Virtual de Letras, no mesmo ano.
A minha produção literária tem-se espraiado e adquirido a dimensão de vasta obra poética, nestes últimos dez anos de completa e diária entrega ao trabalho de produção, maturação e partilha "online" do poema - clássico e também modernista -, na Web, nos blogs que criei na plataforma Sapo no dealbar do ano de 2008, na Academia Virtual de Letras - Intenção e Gestos, no site Horizontes da Poesia e na página autoral que mais recentemente criei no Facebook, bem como na Colectânea Literária Online - Fénix, onde me foram gentilmente oferecidas pelos escritores Carmo Vasconcelos e Henrique Lacerda Ramalho duas colectâneas individuais; uma de trabalhos de expressão plástica e poesia e outra contendo apenas sonetos.
Também partilhei regularmente poemas através do Portal CEN, de Carlos Leite Ribeiro, Presidente, e Maria Beatriz, assessora para o intercâmbio cultural entre Portugal e o Brasil.
Muito recentemente, fui ainda convidada a participar com dezoito sonetos e várias parcerias em glosas - com meu avô António de Sousa, Fernando Pessoa, Antero de Quental, Florbela Espanca e Maria da Encarnação Alexandre -, no blogue O SECULAR SONETO, criado pela poetisa Regina Coeli e inspirado na obra do poeta brasileiro Vasco de Castro Lima, "O Mundo Maravilhoso do Soneto".
Já no ano de 2016, integrei o grupo de quinze munícipes oeirenses que, em conjunto com elementos da Câmara Municipal de Oeiras e da Fundação Aga Khan, foram convidados a participar na delineação do Modelo de Funcionamento do Fórum Oeiras Sénior, uma estrutura de apoio direccionada para a população idosa, no sentido de garantir a sua participação social no contexto de um envelhecimento mais digno, mais saudável e mais participativo, sendo agora membro da Associação Desenhando Sonhos, também ela vocacionada para a dignificação da população mais carenciada e/ou idosa.
Em 2021 a minha poesia atravessou o Atlântico e sob direcção de Baltazar Gonçalves encontrou um lugar na Antologia TANTO MAR ENTRE NÓS: Diásporas, da Kotter Editora e em 2022 fui convidada, junto com Fernando da Cunha Sá, para participar na obra RECLUSÃO, de Laurinda Rodrigues.
Para finalizar, em cerimónia realizada a 16.10.2017 no auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, fui agraciada pelo Município de Oeiras com uma medalha e um Título Honorífico, na categoria Arte e Cultura."
Grande Maria João, uma homenagem merecida. Que tenha melhoras e que volte.
ResponderEliminarUm abraço para ela e para ti Rogério.
Ainda estou atrapalhadita com a gestão do tempo e do esforço físico, deveria ter-vos agradecido directamente, a si e à Janita, L.
EliminarUm abraço!
Vejo, entretanto, que já voltou.
ResponderEliminarRendo-me. emocionada, ao talento, à garra e à vontade férrea desta grande Mulher e Poeta.
ResponderEliminarUm beijinho para a Maria João e um abraço para ti, Rogério.
E eu fico corada e sem jeito, mas agradeço-lhe muito, Janita.
EliminarUm abraço!
Voltei ontem, ainda titubeando, com mais uma maleita que ainda não sabia ter e um cansaço três vezes maior.... Mas não esperava ver-me por aqui, com a minha carinha de há oito anos ou nove anos...
ResponderEliminarObrigada, Rogério!
Obrigada também a vós, Senhor das Nuvens e Janita :)
E agora que passei os olhos pela minha interminável e chatíssima autobiografia, peço desculpa se continuar a tropeçar nas palavras e a falhar aqui e ali, que estou desmusadinha de todo e escrevo/leio à velocidade de uma lesma catatónica...
ResponderEliminarMais abraços!
Credo, Rogério, que apanhei um susto.
ResponderEliminarAfinal, é uma homenagem merecida à nossa querida amiga.
Vou voltar aqui com mais tempo e calma.
Para já, apreciei a beleza física da poetisa.
A beleza física da poetisa foi capturada pela Webcam há uns oito ou nove anos, Teresa... Nem imagina o quanto decaí desde então.
EliminarMas continuo viva, não se assuste :)
Um abraço!
Aplaudindo de pé o excelente poema e a muitissimo merecida homenagem à nossa querida Maria João.
ResponderEliminarAbraço forte para vós . Também excelente fim de semana :)
Obrigada e um forte abraço para si também, São! Que tenha um belíssimo fim-de-semana!
EliminarMeu caro Rogério
ResponderEliminarQue belíssimo poema nos trazes! que linda homenagem!
Abraço militante
Obrigada, X Dias Longo.
EliminarEnvio-lhe um abraço militante já que para uma verdadeira militância não reúno as absolutamente essenciais condições físicas.
Que belo poema!
ResponderEliminarParabéns à Maria João que o escreveu e a ti, Rogério, que mo deste a conhecer!
Abraço para os dois
Venho apenas agradecer os abraços e beijos
ResponderEliminarGrato pelo reconhecimento à homenagem e à homenageada