17 março, 2024

GOLPE DE ESTADO

Hà 45 anos, assalto à sede do PCP, em Famalicão (ver artigo)
 

Se o leitor não fez as contas saiba que a IL, o salazarismo snob, cresceu oito vezes, de um para oito deputados, em 2022, mantendo agora esse grupo: o salazarismo caceteiro, tão acarinhado pelos meios de intoxicação social levando em triunfo o trauliteiro da bola reconfigurado em picareta falante sob os sorrisos babados de oligarcas e especuladores domésticos e estrangeiros, cresceu doze vezes em 2022 e quadruplicou a sua representação no passado domingo, atingindo 48 deputados. 

 Entre eles vêem-se operacionais e herdeiros do banditismo de 1974 e 1975 que assassinaram democratas e destruíram bens e instalações de partidos democratas, principalmente do Partido Comunista Português, alvo principal da sua sanha e também inimigo a abater pela cáfila de comentadores e analistas, deuses infalíveis da opinião única que chocam com desvelo os ovos da besta fascista. Caceteiros, admiradores, amigos e seguidores dos envolvidos na vaga terrorista de 1974 e 1975 são agora respeitáveis «eleitos», «senhores deputados» que, por muito que haja juras de serem mantidos à margem dos círculos governamentais – diz o povo que quem mais jura mais mente – são figuras que nunca deixarão de se fazer convidadas em cada recanto por onde se move a renovada classe política. Além de integrarem a miríade de cenários políticos que a comunidade informativa, opinativa e censória vai obrar com fartura durante uma cegada que parecerá interminável.

(...)

Os exemplos recentes deste ramo essencial da estratégia golpista de inspiração fascista é o tratamento factualmente mentiroso e omisso das posições do PCP em relação ao problema ucraniano. A intoxicação mediática conseguiu o milagre de fazer crer que os comunistas portugueses estão ao lado do capitalismo oligárquico russo que, com a ajuda ocidental, arrasou a herança económica e social da União Soviética. Alcançar a quadratura do círculo é um feito só ao alcance dos que fazem da mentira, da censura, da liquidação do pluralismo e da liberdade de opinião o seu modo de vida. A defesa da paz na Ucrânia e em todo o mundo pelo PCP é interpretada como um apoio a Putin. Fazer do absurdo verdade é, desde sempre, uma trama do nazifascismo.

(...)

O PS, parte essencial do 25 de Novembro e da estratégia para apagar o país do mapa e de manter a maioria do povo em níveis de desenvolvimento muitas vezes indignos, vítima da política insultuosa e totalitária de Bruxelas, está prestes a tomar conhecimento de que a direita em bloco, falando já em revisão constitucional à sua revelia, não tenciona agradecer-lhe os serviços prestados.

Na comunicação social corporativa, entretanto, os socialistas começaram a perceber logo na noite eleitoral que a música vai tocar de maneira diferente daqui em diante. A agressividade de comentadores contra representantes do PS é um sinal que não deve ser negligenciado.

(...)

O cenário mudou completamente no domingo e o fascismo não é representado apenas pelos chegas e il’s; no interior do PSD, sem falar no CDS agora por ele engolido, acoitam-se um sem número de salazaristas que não hesitarão em dar a cara se o momento se proporcionar.

É preferível prevenir que remediar. O golpe foi dado, porém está longe de consolidado. Abril está aí e não é apenas uma efeméride, uma memória: é um instrumento. Nunca é cedo demais para resistir e para demonstrar ao fascismo, insuflado por ventos que sopram de feição, que a democracia, para o ser verdadeiramente, terá de ser antifascista.

É para restaurar essa realidade que os antifascistas devem estar disponíveis e prontos. Ainda vamos a tempo. Tornemos o próximo 25 de Abril inesquecível."

Ler tudo no AbrilAbril


5 comentários:

  1. Bom texto.
    As forças do mal, no mundo, estão a levar a melhor. Como alguém disse "a ignorância é atrevida". Cá por mim vou embalar livros e outros papéis de que os fascistas não gostam porque não sei onde isto vai parar. Vejam-se as últimas declarações de Trump, tudo tem a ver com tudo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se a "ignorância é atrevida"
      O pensamento é persistente

      A A25A vai reeditar o meu livro

      Eliminar
  2. Outro 25 de Abril, Rogério?
    E se a coisa dá para o torto?
    Eu vou ficar quietinha no meu canto a ver a Banda passar.
    Abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por enquanto, eu te lembro
      estamos a braços
      com outro 25 de Novembro

      E quanto a Banda a passar
      Acho que temos é "Tanto Mar"

      Abraço energico

      Eliminar
  3. Meu caro Rogério
    Por motivos pessoais tenho andado arredado destas lides, mas estou estou de volta.
    Que belo artigo nos trazes!
    Fiquei triste muito triste ao ver entrar em Belém, um operacional do MDLP que destruiu sedes do PCP , é para mim incompreensível como é que um povo fustigado com 48 anos de fascismo e precisamente quando fazemos 50 anos de liberdade um partido racista tem 48 deputados. Que ironia!
    Cá estaremos para os combater como combatemos Salazar e Caetano, ironia das ironias é o seu afilhado que está em Belém!.
    Abraço militante.

    ResponderEliminar