Ontem tive uma reunião com um editor a seu convite. O tema era, a pretexto do meu primeiro livro, falar da minha obra literária. Levei-lhe os poucos livros que tinham sido publicados mas centrei-me nos projectos futuros... Ele, o meu interlocutor, pegou nos "Contos" e foi lendo as badanas enquanto eu ia falando. A páginas tantas, interrompeu-me: "Que belo texto ela lhe dedica. É sua amiga?". Resposta pronta: "É mais que isso, ela é a "madrinha" da minha obra literária!" e dizendo isto abri eu o meu "Almas..." e li-lhe o que ela me tinha escrito no blog e que consta na introdução do livro. Escreveu ela:
– «É uma narrativa que prende o leitor pelo tom leve. No entanto, não deixa de dar a conhecer alguns dos azedumes de uma época em que o mundo decorre a dois tempos distintos: A chegada à Lua, signo do progresso do Homem e a Colonização, signo da sua pequenez.Maravilhosa é a forma como utiliza esta dicotomia e tece com as palavras relações tão inesperadas e divertidas… Tem todos os ingredientes para captar a atenção do leitor. Movimento, humor, apelo aos sentidos, suspense... E o encanto próprio do narrador autodiegético, pois que também ele é personagem, ou melhor, personagens. Sobre os cheiros (de África)... Sei que a memória guarda um espaço de eleição para eles. É através deles que muitas vezes nos vemos a viajar no tempo de encontro a lugares e momentos do passado.» – Lídia Borges (Searas de Versos).
Tivesse eu levado o "Sementes..." ter-lhe-ia recitado o poema dela, que mais me tocou:
ANTES QUE ANOITEÇAas sílabas não são já o meu brinquedo de infância preferidoque em laboratório usei para dizer os primeiros afetose dar nome às coisas insubstituíveispara perpetuar o nunca perpetuávelas palavras vão envelhecendo comigoalgumas já desapareceram simplesmentesofro-lhes a ausência contudo cada vez maispreciso de menos palavrastalvez por isso muitas delas recolhem-se já no silênciomisteriosamente dóceis abstêm-se do canto e do prantoe até as mais viçosas e alegres se enrolam à sombrana soleira da tardeantes que anoiteça, antes que eu me afundeou me transforme em pedradá-me um poema dos teuscom sabor a maçã a lima ou hortelãpara perfumar com ele os meus derradeiros sonhos
Lídia Borges, in "Sementes Daqui"- 2013
Da poetiza Lídia Borges espera-se sempre um lindo e correto prefácio.
ResponderEliminarE sua escrita,Rogério perfuma os sonhos seja infantis ou derradeiros .
Parabéns aos dois amigos. Com abraços .
"Lindo e correto"
EliminarCada um dos adjetivos
está mais que certo
Abraço agradecido
Obrigada, Rogério! Exageeeero! :)
ResponderEliminarBj.
Lídia
Quem exagera é exagerado
EliminarE sou-o, de facto
Beijo agradecido