31 outubro, 2011

Dia D. Dia de Drummond. Dia Bom

Poema da Necessidade

É preciso casar João,
é preciso suportar António,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Sentimento do Mundo'

(veja aqui)

19 comentários:

  1. È preciso compartilhar..sempre..

    Obrigada por compartilhar este belo poema!!

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  2. Rogério querido,

    É preciso amar e avinagrar... como você sabe ser.

    Obrigada pelo belíssimo Drummond.
    Girassóis nos seus dias. beijos

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  3. É preciso uma infidade de coisas sempre e cada vez mais. Falsas ideias importantes ou ideais a serem perseguidos com sinceridade?
    Um grande bj querido amigo

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  4. Drummond tem poemas que retratam nossos momentos, sejam de amor, de melancolia, de lembranças, alegrias ou dos problemas sociais.

    Bela escolha.
    Como bem disse este poema retrata o agora.

    abraços

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  5. GOSTO DE
    CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

    Gosto de o ler
    sempre
    que simplesmente ACONTECER!

    Obrigado pela partilha.

    Convido a ver a
    LEGIÃO ESTRANGEIRA,
    sabe um dos lugares onde existem?
    ...
    Os legionários recebem seus vencimentos quase que totalmente livres de despesas.
    As refeições feitas no quartel são gratuitas de segunda a sexta-feira, e nos finais de semana pagas à parte (cerca de 4 euros).
    Aos salários iniciais, em torno de mil euros para quem serve no continente e de 1,5 mil para os alojados na ilha da C-----a, juntam-se os prémios e bonificações pagos, quando os soldados partem em missões fora do território francês. Conforme o caso, os soldos podem até triplicar.
    A rotina na ilha, se resume a fazer faxina, cuidar das fardas, lustrar botas, praticar exercícios físicos e estar sempre "ligado", pronto para ser chamado a qualquer hora do dia ou da noite.
    Nos finais de semana, impecavelmente uniformizados, os legionários são liberados para ir à cidade, apesar de que nem tudo o que diz respeito à vida mundana é permitido.
    Nada de discoteca, de baladas com mulheres ou bares mal afamados. "Somos controlados. Temos que ter um comportamento exemplar", acrescentou.

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  6. Grande, enorme Drummond!
    Bonita homenagem no seu centenário.
    Obrigada.

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  7. Caro Rogério
    Uma boa notícia.Carlos Drummond de Andrade é um poeta que nos diz coisas. Sim, pura e simplesmente que a gente lê, ouve e percebe.
    Grato pela notícia.
    Abraço

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  8. Li este poema há dias e fiquei encantada apesar da dureza de alguns versos. Hoje, dia de Drummond de Andrade, foi uma ótima escolha.

    Beijinho

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  9. Um poema pertinente e necessário nos dias de hoje...em que é preciso tanta coisa que não temos!! É preciso não assassinar os homens...Drummond sabia do que falava!
    Beijo amigo pela escolha maravilhosa.
    Graça

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  10. Bonita e excelente homenagem!!! O poema escolhido com frases duras, mas que se enquadram nos momentos actuais.
    Beijo e uma flor

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  11. Já cheguei no dia 1, mas Carlos Drummond de Andrade é um poeta de todos os dias, onde irónicamente os dias são mais iguais do que os que ele incentiva.

    Obrigada pela partilha e aprendamos com ele a diferença.

    Beijos

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  12. Grande Drumond. Sábias palavras.

    Permita que aqui lhe deixe um poema com que, há dias, deparei. Da Antologia Poética, de Ferreira Gullar.

    "
    NÃO HÁ VAGAS

    O preço do feijão
    Não cabe no poema. O preço
    Do arroz
    Não cabe no poema.
    Não cabem no poema o gás
    A luz o telefone
    A sonegação
    Do leite
    Da carne
    Do açúcar
    Do pão

    O funcionário público
    Não cabe no poema
    Com seu salário de fome
    Sua vida fechada
    Em arquivos.
    Como não cabe no poema
    O operário
    Que esmerila seu dia de aço
    E carvão
    Nas oficinas escuras
    porque o poema, senhores
    está fechado: “Não há vagas”
    Só cabem no poema
    O homem sem estômago
    A mulher de nuvens
    A fruta sem preço

    O poema, senhores,
    Não fede
    Nem cheira."

    Um beijo

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  13. É preciso tanta coisa, que nem mil poemas vão conseguir dizer.

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  14. É preciso, acima de tudo, pensar, que é algo a que muitos se desabituaram ou delegaram a terceiros.

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  15. Poema muito forte... muito bom... dá que pensar... e faz mudar!
    Obrigada por estar aqui à nossa disposição!

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  16. Obrigada por me ter dado a conhecer este poema de Drummomd, Rogério.
    Gostei muito, mas acho-o com demasiadas necessidades sumamente elementares, para anunciar algo tão drástico.
    Um beijo

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  17. anunciar o fim do Mundo, sempre rendeu...

    que o poetas sempre fintaram!
    abraço

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  18. Muito lindo este poema! Muito lindo este Poeta...


    L.B.

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