Depois de ter escrito, há muito, um post pouco comentado, frustrado, não aceitei o insucesso e preparei um texto que apresentei hoje publicamente. No texto citei os dois: Álvaro Cunhal e Saramago. Citei-os para alertar para riscos de arrogância, sectarismo e de falta de respeito por quem, tendo uma ideia errada, importa que a tenha certa. A intervenção correu bem e foi ovacionada. Passados momentos, da plateia, que estava "bem composta" mas não cheia, alguém pediu para intervir. Intervir para me corrigir: "Essa citação não é de Saramago, nem é positiva nem está certa e... nega a própria dialéctica..." Pasmei. Mas me interroguei "Será que a minha citação de eleição* é uma invenção?" Mas quanto à frase "negar a dialéctica..." será que quem me interpelou entende que a síntese entre uma tese e um contraditório (antítese) é a supremacia convincente de quem expôs a tese?
Cheguei a casa, e pesquisei nessa angustiada incerteza de ser um bom saramaguiano, para desfazer o engano. Não há dúvida, e a frase está certificada pela própria fundação... e parece fazer parte do "Cadernos. V2". Fica-me o desgosto por haver quem não entenda nem Saramago, pouco saber de dialéctica e, pior, de estar perante alguém... disposto a colonizar-me publicamente.
Vale a pena referir a citação que, na altura fiz, de Álvaro Cunhal
“Se fôssemos dizer: não devemos entender-nos com ninguém que nos ataque, então não nos entendemos com ninguém. Todos nos têm atacado. Portanto é necessário ver que, embora todos nos ataquem, há homens que não são comunistas, que têm preconceitos anticomunistas, mas que podem vir a ter uma posição de cooperação connosco…” Álvaro Cunhal, Marinha Grande – 22.6.1976
talvez esse "interpelante" seja o mesmo que eu vi um dia a meter na "boa ordem" o desalinhado Saramago.
ResponderEliminarnão te invejo a sorte.. rss
abraço, meu caro
Na "mouche"...
ResponderEliminarNão me apercebi que o interventor teria dito que a citação não pertencia a Saramago, mas quanto a não ser dialéctica exclamei quase de voz alta um Então porquê?. Ainda há pouco estava a pensar por que motivo a frase não seria dialéctica, ou qual teria sido o raciocínio para se chegar tal conclusão, mas não sou erudito.
ResponderEliminarEstamos quase todos de acordo
ResponderEliminarquanto à não existência de verdades absolutas mesmo que escritas por irmãos
mas quando tratamos por V.excelência um macaco
o animal fica vaidoso
e assim fica a perder.
Na verdade relativa é precisa a persuasão - a unidade na acção -
em torno do fundamental sem tabus nem complexos.
Saramago e Cunhal ensinaram a aprender sempre
porque não basta ter razão
Abraço amigo
Se há pessoas cuidadosas em tudo que publicam é o amigo Rogério, lamento que nem sempre o entendam e mais lamento que não entendam a profundidade das palavras de Saramago.
ResponderEliminarNo entanto sempre pode haver cooperação, até com quem não está de acordo connosco, como refere Cunhal.
beijinho e bom domingo
Fê
O mal dos "convencidos" é não entenderem como isso lhes aconteceu.
ResponderEliminarHá gente que fala apenas para desestabilizar. Deve ter sido o caso. Don't worry....
ResponderEliminarMas é uma frase profundíssima, cheia de significado e de conhecimento humano. É um pensamento que considero completo e de que gosto muito:
Beijos e abraços.