
Quando passa a haver a consciência generalizada de que a água se tornou um recurso escasso, é preciso lembrar (e combater) tentativas recentes para transformar a sua posse num bem privado
Uma "guerra humanitária" à Síria? Escalada militar. Rumo a uma guerra mais vasta no Médio Oriente-Ásia Central? "Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos em vias de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão". (General Wesley Clark)
- Pois não - aceitou Martim. - Daqui por diante vocês farão meus exercícios escolares e eu assino. Clóvis e mais dois de vocês formarão a minha segurança. Januário será meu Ministro da Fazenda e pagará o meu lanche.
- Com que dinheiro? - atalhou Januário.
- Cada um de vocês contribuirá com um cruzeiro por dia para a caixinha do Governo.
- E que é que nós lucramos com isso? - perguntaram em coro.
- Lucram a certeza de que têm um bom Presidente. Eu separo as brigas, distribuo tarefas, trato de igual para igual com os professores. Vocês obedecem, democraticamente.
- Assim não vale. O Presidente deve ser nosso servidor, ou pelo menos saber que todos somos iguais a ele. Queremos vantagens.
- Eu sou o Presidente e não posso ser igual a vocês, que são presididos. Se exigirem coisas de mim, serão multados e perderão o direito de participar da minha comitiva nas festas. Pensam que ser Presidente é moleza? Já estou sentindo como este cargo é cheio de espinhos.
«Veio enfim um tempo em que tudo o que os homens tinham olhado como inalienável se tornou objecto de troca, de tráfico, e podia alienar-se. É o tempo em que as próprias coisas que até então eram comunicadas, mas nunca trocadas; dadas, mas nunca vendidas; adquiridas, mas nunca compradas - virtude, amor, opinião, ciência, consciência, etc. - em que tudo enfim passou para o comércio. É o tempo da corrupção geral, da venalidade universal"»Karl Marx, in "Miséria da Filosofia", 1847
A propósito da comemoração do
«II Centenário do Nascimento de Karl Marx
– Legado, intervenção, luta. Transformar o mundo».
Posted: 21 Feb 2018 03:36 PM PST
Dividendos
mais generosos !“A Galp vai travar investimentos para dar dividendos
mais generosos ” e ninguém se escandaliza !O das … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 03:22 PM PST
Ele anda por aí, e depois de tantas outras personagens meteu-se na pele de Pessoa. Levando a coisa a sério, … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 03:21 PM PST
Autoeuropa
e a Comissão de Trabalhadores acordaram um aumento salarial de 3,2%
retroativo a 01 de outubro passado, divulgou em … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 03:11 PM PST
Existe um partido que, mesmo sem aparecer, participa de fato nas eleições italianas: O Partido da Otan, formado por uma … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 02:31 PM PST
Os serviços secretos anglo americanos tocam e a imprensa dos dominantes baila “O massacre do século ! “Diz o Publico , … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 11:28 AM PST
Ler artigo em: Início – CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação http://bit.ly/2EK7rbY
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Posted: 21 Feb 2018 10:35 AM PST
O
advogado e historiador norte-americano, Alfred de Zayas, especialista
da ONU sobre Promoção da Ordem Internacional Democrática e Equitativa,
concluiu, … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 10:08 AM PST
Sempre que houve convergência entre o PS, o PSD e o CDS-PP, o País e os portugueses andaram pior – e são … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 09:49 AM PST
O
presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército
Raúl Castro Ruz, recebeu na tarde da terça-feira, 21 de … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 09:48 AM PST
Foram anos de degradação das condições laborais. O capital esmagou o trabalho. Resistir foi duro mas valeu a pena. Os … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 08:53 AM PST
O
Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros exigiu a condenação
«imediata e firme» das Nações Unidas aos ataques de grupos terroristas …
Mais
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Posted: 21 Feb 2018 08:28 AM PST
O PCP é o único partido que leva uma iniciativa legislativa ao plenário do Parlamento, no dia em que é discutida … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 03:48 AM PST
O
antigo patrão dos patrões acusou os portugueses de não quererem
trabalhar, mas no seu currículo tem pouco trabalho e muitos cargos … Mais
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Posted: 21 Feb 2018 03:33 AM PST
As
comissões de trabalhadores do grupo Águas de Portugal (AdP)
consideraram esta terça-feira, em audição parlamentar na Comissão do
Ambiente, que a … Mais
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Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tange e range, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.
Todo o esforço é um crime porque todo o gesto é um sonho inerte.
As tuas mãos são rolas presas.
Os teus lábios são rolas mudas.
(que aos meus olhos vêm arrulhar)
Todos os teus gestos são aves. És andorinha no abaixares-te, condor no olhares-me, águia nos teus êxtases de orgulhosa indiferente.
E toda ranger de asas, como dos (...), a lagoa de eu te ver. Tu és toda alada, toda (...)
Chove, chove, chove...
Chove constantemente, gemedoramente (...)
Meu corpo treme-me a alma de frio... Não um frio que há no espaço, mas um frio que há em vir a chuva...
Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz.
Bernardo Soares - Livro do Desassossego. Vol.I. Fernando Pessoa.
"Nas últimas semanas acentuaram-se os ataques aos trabalhadores da Autoeuropa e às suas organizações representativas, configurando já uma das maiores campanhas de manipulação política e de ingerência externa num conflito laboral de empresa, desenvolvidas desde o 25 de Abril de 1974.
Políticos de direita, representantes patronais, comentadores de várias matizes e pseudo-sindicalistas atropelam-se na comunicação social dominante para ver quem vai mais longe no ataque aos trabalhadores e às suas organizações, colocando-se abertamente ao lado da multinacional alemã, na tentativa de impor um horário de trabalho que vai ao encontro da velha ambição do capital de voltar a considerar todos os dias da semana como dias normais de trabalho.Cúmulo da hipocrisia, utilizam a táctica do «agarra que é ladrão»".
"Após uma série de greves de 24 horas e várias rondas de negociações tensas, o sindicato alemão chegou a um acordo com o patronato que consagra um aumento salarial de 4,3% e a possibilidade de redução da semana laboral de 35 para 28 horas, em prol da conciliação familiar.(...) O acordo colectivo foi assinado na madrugada de terça-feira (6 de Fevereiro), em Estugarda, entre o IG Metall e uma associação patronal do Sudoeste da Alemanha, a Südwestmetall, abrangendo cerca de 900 mil trabalhadores dos sectores automóvel, metalomecânico, metalúrgico e eléctrico da região de Baden-Württemberg, onde estão sediadas algumas das mais importantes empresas alemãs."
Pressupondo que a pá corresponda ao ordenado médio deste nosso país e a colher de café ao RSI, não tenho eu feito outra coisa senão aquilo que o senhor Calvino faz... só não o faço por opção própria e sim porque não tenho alternativa.Será agora de esperar o que fará o Senhor Calvino quando descobrir que não tem saída... nem ele, nem todo o Bairro, nem o País.
Fechou livro e sentiu-se revigorado de paciência a ponto de estar disposto a regar uma pequena planta, gota a gota, para o resto da vida toda.«Para treinar os músculos da paciência o senhor Calvino colocava uma colher de café, pequenina, ao lado de uma pá gigante, pá utilizada habitualmente em obras de engenharia. A seguir, impunha a si próprio um objetivo inegociável: um monte de terra (cinquenta quilos de mundo) para ser transportado do ponto A para o ponto B - pontos colocados a quinze metros de distância um do outro.A enorme pá ficava sempre no chão, parada, mas visível. E Calvino utilizava a minúscula colher de café para executar a tarefa de transportar o monte de terra de um ponto para outro, segurando-a com todos os músculos disponíveis. Com a colher pequenina cada bocado mínimo de terra era como que acariciado pela curiosidade atenta do senhor Calvino.Paciente, cumprindo a tarefa, sem desistir ou utilizar a pá, Calvino sentia estar a aprender várias coisas grandes com uma pequenina colher.»
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Além da ira da igreja... |
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.
António Gedeão
"No início, a raça dos homens não era como hoje. Era diferente. Não havia dois sexos, mas três: homem, mulher e a união dos dois. E esses seres tinham um nome que expressava bem essa sua natureza e hoje perdeu seu significado: Andrógino. Além disso, essa criatura primordial era redonda: suas costas e seus lados formavam um círculo e ela possuía quatro mãos, quatro pés e uma cabeça com duas faces exatamente iguais, cada uma olhando numa direção, pousada num pescoço redondo. A criatura podia andar ereta, como os seres humanos fazem, para frente e para trás. Mas podia também rolar e rolar sobre seus quatro braços e quatro pernas, cobrindo grandes distâncias, veloz como um raio de luz. Eram redondos porque redondos eram seus pais: o homem era filho do Sol. A mulher, da Terra. E o par, um filhote da Lua.
Sua força era extraordinária e seu poder, imenso. E isso tornou-os ambiciosos. E quiseram desafiar os deuses. Foram eles que ousaram escalar o Olimpo, a montanha onde vivem os imortais. O que deviam fazer os deuses reunidos no conselho celeste? Aniquilar as criaturas? Mas como ficar sem os sacrifícios, as homenagens, a adoração? Por outro lado, tal insolência era perfeitamente intolerável. Então...
O Grande Zeus rugiu: Deixem que vivam. Tenho um plano para deixá-los mais humildes e diminuir seu orgulho. Vou cortá-los ao meio e fazê-los andar sobre duas pernas. Isso com certeza irá diminuir sua força, além de ter a vantagem de aumentar seu número, o que é bom para nós. E mal tinha falado, começou a partir as criaturas em dois, como uma maçã. E, à medida em que os cortava, Apolo ia virando suas cabeças, para que pudessem contemplar eternamente sua parte amputada. Uma lição de humildade. Apolo também curou suas feridas, deu forma ao seu tronco e moldou sua barriga, juntando a pele que sobrava no centro, para que eles lembrassem do que haviam sido um dia.
E foi aí que as criaturas começaram a morrer. Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando...
Zeus ficou com pena das criaturas. E teve outra idéia. Virou as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente. Antes, eles copulavam com a terra. De agora em diante, se reproduziriam um homem numa mulher. Num abraço. Assim a raça não morreria e eles descansariam. Poderiam até mesmo continuar tocando o negócio da vida. Com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.
E esta é a nossa história. De como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos (quem se importa?), a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos.Platão, in "Mito do Andrógino ( Banquete de Platão)"
Tô feliz (matei o Presidente) - 2
«Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos os corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão»
Gabriel, o Pensador (aqui)
Uma coisa eu invejo no povo brasileiro.
Na hora de ser, é povo
Na hora de não ser, também é
_______________________A imagem terá quase tantos anos quanto aqueles que eu somo. É esbatida a imagem, mas não a memória que guardo daquele velho. E só não lhes conto detalhes dele enquanto novo, pois não seria natural a um neto lembrá-lo enquanto tal.Joaquim Bento Guerreiro, era só conhecido por Ti Joaquim Bento, por ele mal usar o último apelido, quase sempre omitido por razões que nunca referia e que nem os que lhe eram próximos inquiriam pois tinham a ver com uma infância sofrida. O Ti, diminutivo muito em uso por ali, lhe era acrescentado pela vizinhança e não deixava de traduzir um respeitoso e carinhoso trato, como se o tivessem adotado como membro da pouco numerosa prole que habitava aquele lugar, entre a Moita do Ribatejo e o Chão Duro.Homem de francas e calorosas falas não as usava nem na taberna nem em um outro lugar, dos poucos que por ali havia, para dar dois dedos de conversa, pois o tempo era por ele contado para cuidar daquilo que ele julgava ser onde o tempo devia ser gasto. Já assim não era com a sua mulher, a Mariana, que por vezes para ir comprar um litro de sal distraia-se em cavaqueira chegando a perder a manhã inteira, incapaz que era de dar justificação ou desculpa para romper uma qualquer conversa, desde que não fosse coscuvilheira.Joaquim Bento levantava-se muito cedo, primeiro para tratar da lareira. Fazia-o com cuidado esmero, não lhe faltando a lenha pois que a poda nem sempre a fazia bem feita e sempre lhe sobrava madeira. E era podas de videira, romãzeira, figueira e de outras árvores de fruto à mistura com as podas do olival, abrangendo todas as árvores da quinta, num bem estudado mix para obter o odor desejado, em equilíbrio com o ponto de ignição, para que todos os toros ardessem por igual.Fogo pegado, ajeitava a cafeteira e na água fervente juntava-lhe duas ou três colheres de café, e depois de levantada a fervura, depositava uma pequena brasa para que a borra depressa decantasse.
Joaquim Bento e Mariana O aroma da lenha somado ao do café funcionava como um despertador para Mariana e ambos, após o pequeno matinal repasto, saiam para as lides da quinta, ela para tratar da criação, ele para os afazeres agrícolas com exceção da vaca que ele tinha por sua conta, na missão de levar-lhe a palha. "Vai lá tu, Joaquim, ela gosta mais de ti" disse-lhe Mariana, um dia, apontando o estábulo improvisado e já a caminho da pequena pocilga para tratar da porca, e depois dos gansos, e depois das galinhas, e depois aos pombos e só no fim os coelhos, quando ele trouxesse a erva que chegasse.Todos os animais da quinta tinham nome, mas só me lembro do dado ao cão, o "Naice" (assim escrito, conforme dito) e receio trocar os dos outros todos. Coisa imperdoável seria trocar o nome dado à porca por aquele que fora dado à vaca...Aquela quinta** dava tudo pois Joaquim Bento e Mariana assim o garantiam. Desde cereais a frutos, toda a espécie de hortícolas e tubérculos, vinho e até azeite. Tudo trabalhado a braço e a estrume, pois os animais além de boa carne, com exceção de um ou outro caso*, também garantiam o adubo orgânico que bastasse...Esta rotina, só era alterada nas férias, quando a quinta era invadida pela alargada família e Ti Joaquim Bento e Mariana, se por um lado tinham redobrada ajuda, por outro eram chamados a outras tarefas. Ele era solicitado a contar histórias***, ela a embalar sorrisos.Numa dessas férias, o meu tio Maurício, impressionado pelo que vira deixou a promessa de aligeirar o esforço de meu avô no levantar a pulso dezenas de baldes do poço, na tarefa empenhada na rega do pomar. "Não pode ser, num homem daquela idade".Promessa feita, promessa cumprida. E sem que já ninguém se lembrasse que a tinha feito, meses depois, meu tio trouxe uma bomba de água, provida de um pequeno moto-compressor e em segredo montou-o no poço. Chamou-o para lhe dar a surpresa e ele foi.Olhou a aparelhagem, muito sério. Meu tio, julgando que o seu ar seria porque se intimidara em lidar com a tecnologia, avançou com um "não custa nada!" e explicou tim-tim-por-tim como se fazia:"Aqui, liga o motor. Depois ferra a bomba, assim. E de seguida puxa este botão para cima". E repetiu tudo o que dissera, pondo a bomba a bombear. E bem depressa se enchia o tanque de rega.- "Está a ver?"- "Estou, mas não posso usar isso!"Surpreendido, questionou com um desiludido por quê. A resposta surgiu pronta.- "Sabes que levo meia-manhã a fazer tudo isso que esse zingarelho faz em minutos? Que faria nesse entretempo? E depois enquanto o faço, a braço-a-braço, recordo quando era grumete e baldeava o convés, com um balde que é tão parecido com este. Quando o elevo agora parece que volto a sentir a brisa do mar a desalinhar-me os cabelos. Este esforço que faço agora ajuda-me a fazer perdurar tal memória. Se isso se for, vou eu atrás!"Meu tio e todos nós mal tínhamos presente que Joaquim Bento fora marujo e nem nos passava pela mente que era com memórias de mar que ele tão bem cultivava a terra.
“E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu”.
Clarice Lispector, aqui
Eu sei, eu sei... diz-se que uma imagem vale mais que uma carrada de palavras... diz-se que quem acena, chega... diz-se que quem aplaude, gosta.
E é por tudo isso tudo se dizer, que tenho a esperança de que algo de diferente venha a acontecer...
Mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo!
Dom Cle_mente já é de há muito considerado um cómico. A foto, antiga, já era a propósito de segundos casamentos...
«Quando agora Marcelo Rebelo de Sousa anuncia que o governo de António Costa herdou um “trilho aberto” de ”inquestionável mérito” parece estar a querer refazer a história e “inquestionavelmente” a formular uma incontestável mentira.
Marcelo não deveria prestar-se a este tipo de mistificações e deixar-se arrastar pelo tortuoso caminho das inverdades políticas.
Todo o mérito da actual situação económica, orçamental e social pertencem unicamente ao governo do PS com o apoio parlamentar do PCP e BE e a mais ninguém porque foi capaz, contra ventos e marés, inverter as políticas da governação PSD/CDS.
Seria bom que Marcelo escutasse bem as palavras de Dom Januário Torgal Ferreira.»
«O Presidente do Conselho Económico e Social vai organizar um debate no próximo dia 9 no CCB sobre "Orçamento da UE pós-2020: que impactos para Portugal?", para o qual convidou deputados dos partidos portugueses representados no Parlamento Europeu. Todos? Não. Correia de Campos, que até já andou pelos corredores de Bruxelas, sabe de onde pode vir uma voz dissonante num coro que quer afinadinho. Razão pela qual decidiu excluir o PCP do debate.
(Quem tiver uma concepção de democracia que não encaixe nos peculiares padrões do ex-ministro, pode exigir a reparação desta exclusão deixando a sua opinião aqui:
apoio.secretario.geral@ces.pt »
Segundo outras fontes, também aqui citadas, Merkel já advertiu os sindicalistas: se continuarem a reivindicar, transferimos as fábricas para Palmela.