Gonçalo M. Tavares é o autor do conto que ontem recriei. Incapaz de enveredar pelo plágio, uso o estratagema de manter a ideia original (e até o texto) e depois dou-lhe o meu jeito, reforçando a ideia e alargando-lhe o sentido.
Tratando-se de metáforas, com o mínimo de criatividade, os resultados podem até nem acrescentar nada ao brilhantismo do autor usado, mas alargam o campo de quem lê e interpreta.
Sem repetir todo o conto, reproduzo o essencial. Conta o conto que o Senhor Calvino treinava os músculos da paciência transportando de um ponto a outro, com colheres de café, um monte de 50 kg de terra, tendo por ali perto uma pá. Gonçalo M. Tavares termina «Paciente, cumprindo a tarefa, sem
desistir ou utilizar a pá, Calvino sentia estar a aprender várias coisas
grandes com uma pequenina colher.»
Pressupondo que a pá corresponda ao ordenado médio deste nosso país e a colher de café ao RSI, não tenho eu feito outra coisa senão aquilo que o senhor Calvino faz... só não o faço por opção própria e sim porque não tenho alternativa.Será agora de esperar o que fará o Senhor Calvino quando descobrir que não tem saída... nem ele, nem todo o Bairro, nem o País.
Li esta manhã o comentário da Maria João, e não pude deixar de pensar nos milhares de pessoas que vivem do RSI, ou de reformas que pouco mais são que ele.
ResponderEliminarAbraço
A Maria João desconstruiu a metáfora... agora hesito entre a impaciência e a raiva perante a impotência...
EliminarNunca pensei ver o meu pequeno comentário com honras de publicação, mas a verdade é que, sem excepção, descrevo situações pelas quais eu própria passo sem esquecer, por um único segundo, os milhares de pessoas que passam por idênticas dificuldades.
ResponderEliminarA escrita - tanto a prosa quanto a poesia - dá-me a liberdade de utilizar episódios da minha vida pessoal enquanto chamadas de atenção para situações de muito maior abrangência e eu fico bem mais segura da utilidade dessa liberdade quando pessoas como tu e a Elvira Carvalho o entendem.
Forte abraço.
Mudar o Mundo
Eliminarafinal custa...
e muito
Ele está sempre em mudança, Rogério e agora está a mudar mais rapidamente do que nunca... o que custa é mudá-lo no sentido de o tornar menos cruel e mais equitativo.
EliminarMascarar a pobreza com truques. Não há paciência!
ResponderEliminarBeijinhos, Rogério :)
Julgo que o texto do Gonçalo é um bom texto
EliminarMas Gonçalo podia ser, no mínimo
mais explicito
Julgo que tens razão
ele faz-nos perder a paciência