21 fevereiro, 2018

Poesia (uma por dia) - 94



Ele anda por aí, e depois de tantas outras personagens meteu-se na pele de Pessoa. Levando a coisa a sério, quis saber mais do poeta e interrogou, nas redes sociais, se Pessoa teria, não só ouvido p´ra música mas se a ouvia ou se gostaria dela. Reuniu contributos de muitos. 
O meu vai aqui...

Minha alma é uma orquestra oculta
Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tange e range, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.

Todo o esforço é um crime porque todo o gesto é um sonho inerte.
As tuas mãos são rolas presas.
Os teus lábios são rolas mudas.
(que aos meus olhos vêm arrulhar)

Todos os teus gestos são aves. És andorinha no abaixares-te, condor no olhares-me, águia nos teus êxtases de orgulhosa indiferente.
E toda ranger de asas, como dos (...), a lagoa de eu te ver. Tu és toda alada, toda (...)

Chove, chove, chove...
Chove constantemente, gemedoramente (...)
Meu corpo treme-me a alma de frio... Não um frio que há no espaço, mas um frio que há em vir a chuva...

Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz.

9 comentários:

  1. Já lhe disse e volto a dizer, Rogério.
    Tanto faz ser o André Lévy como outro qualquer
    blogues são blogues e FaceBooks,
    são outros ossos que não quero roer.

    Pronto, esta poesia fica adiada.
    A de virá outro dia é aguardada.

    .

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    1. Não roa

      mas o André Levy

      também escreve aqui

      https://www.abrilabril.pt/internacional/dois-minutos-da-meia-noite

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  2. Dependendo do heterónimo do momento, nada me leva a concluir que Pessoa não gostasse de música. Quanto ao seu ouvido musical, não era dos mais apurados. Valheram-le a genialidade ao nível da palavra e a flexibilidade sintática porque a musicalidade poética não era o seu ponto forte.

    Agora deixo-te o abraço de sempre enquanto aguardo serenamente que me venham apedrejar por "caluniar" um ídolo.

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    1. Não ter ouvido
      não significa ser surdo
      quanto à não musicalidade
      duvido

      encontro-a em muitos poemas, por exemplo

      Qualquer música, ah, qualquer
      Logo que me tire da alma
      Esta incerteza que quer
      Qualquer impossível calma!

      Qualquer música – guitarra,
      Viola, harmônio, realejo…
      Um canto que se desgarra…
      Um sonho em que nada vejo…

      Qualquer coisa que não vida!
      Jota, fado,a confusão
      Da última dança vivida…
      Que eu não sinta o coração!

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    2. Pudesse ele estar aqui, connosco, e poria as mãos no fogo em como ele próprio te confirmaria o que eu te disse... mas, surdo, nunca disse que o fosse.
      Repara que me não refiro unicamente à poesia metrificada e eu nem sequer preciso de sair da minha casa de infância para te apontar três ou quatro grandes modernistas que conseguiram subverter a metrificação, mantendo-se muitíssimo musicais.

      É outra, a genialidade de Pessoa. Complexa e galvanizante, subvertendo até a musicalidade e mantendo-se poeta apesar disso.

      Perdoa-me a teimosia, mas não o estou a menosprezar; muito pelo contrário, estou a afirmar que conseguiu algo que muito, muitíssimo poucos conseguiram.

      Talvez um dia tenhamos a oportunidade de conversar mais longamente sobre este assunto. Por ora, nem os olhos, nem os braços, me permitem teclar por muito tempo e, se acaso nos viermos a encontrar na esplanada, ao vivo, terei um zilião de perguntas da vida real para te fazer e a musicalidade de Pessoa deixará de ser um assunto prioritário...

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  3. Quando as palavras se deslaçam
    acontecem pássaros
    Abraço amigo

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  4. Gostei do poema, de Bernardo Soares. Não conhecia, nunca li o Livro do Desassossego.
    Também gostei de ouvir o ator.
    Abraço

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