01 novembro, 2019

Feriado ou o quanto é injusta a memória, quando curta!


No ano passado e eu dizendo que em puto, fazia o que faziam os outros. "Pão, por.. Deus", pedia eu. E não pedia muito. Bastavam uns tantos doces e um rebuçado no fundo do saco e aí me detinha, sentado num qualquer degrau, com outros, a fazer partilha.

Depois de puto, ainda não muito crescidote, ficava a uma qualquer esquina, mãos nos bolsos, a roer-me de inveja observando os que, então, se entregavam à tradição. Foi assim, até deixar de ser assim. Palavra que não dei pela chegada do Halloween, primeiro em filmes e desenhos animados, depois em campanhas dos supermercados e, por fim, nas salas de aula, onde apenas alguns professores salvam a tradição e relembram cantilena chilreada pela catraiada:
“Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós.
Para dar aos finados
Qu’estão mortos, enterrados.
À porta da bela cruz
Truz! Truz! Truz!
A senhora que está lá dentro
Assentada num banquinho.
Faz favor de s’alevantar
P’ra vir dar um tostãozinho”
E pronto, aqui chegado, saúdo o reposto feriado ao mesmo tempo que deploro e lamento quanto é injusta a memória quando é curta. É que este feriado foi-nos roubado e só nos foi devolvido por acção daquele tal partido... Não se lembra qual? 
Pois, e isso é um outro mal!

8 comentários:

  1. Também na minha meninice
    eu via as meninas a bater às portas
    mas pedir pão por Deus, não,
    não me lembro de ouvir nem eu pedi.

    Havia uma lengalenga que era gira
    todos davam um bolo folhado
    para dividir pelo grupo ali agregado

    Chovendo
    e trovejando
    andam bruxas
    dançando.

    Chovendo
    e fazendo sol
    estão as bruxas
    a comer pão mole


    Quanto à reposição do Feriado
    nunca que ele devia ter sido retirado.
    Era no Dia de Todos os Santos em que eu recebia
    uma peça de roupa nova, nem que fosse um par de soquetes
    para dar sorte todo o ano, acreditava nisso minha santa Mãe.

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  2. Lembro-me bem do pão por Deus. Os nossos olhos brilhavam com as frutas e os bolinhos que nos davam. Coisas que nunca havia na nossa mesa.
    Quanto ao feriado lembro bem de quem o tirou e também de quem lutou para que nos fosse devolvido.
    Abraço

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  3. Na minha meninice não houve Pão por Deus. Talvez, seja uma tradição mais para o sul de Portugal. NUNCA tinha ouvido falar desse peditório até entrar no bairro blogosférico. No Dia de Todos os Santos íamos visitar o jazigo do meu avô materno.

    Não sei quem vos tirou o ferido‼ Quem lutou para que ele voltasse foi a igreja católica, está claro. É um feriado para os católicos romanos e apostólicos 🌚

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  4. Eu só soube da existência da tradição do Pão por Deus quando fui viver para Lisboa. Aqui no Porto nunca tinha sequer ouvido falar nisso. Nem no Pão por Deus, nem no Dia da Espiga. Em contrapartida, aqui no Norte existe, por exemplo, a tradição das Maias, com a colocação de flores de giesta nas portas e janelas das casas na noite de 30 de abril para 1 de maio. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.

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  5. Janita
    Tua ladainha
    é ainda
    mais bonita
    e fica
    no nosso imaginário
    a partilha

    Elvira
    A memória é um bem precioso

    Teresa,
    Pão Por Deus mais a sul? nem penses...
    Há nessa tradição múltiplas influências,
    designadamente a celta
    se fosses inteligente e esperta
    devias consultar primeiro a wikipédia

    quanto a ser a Igreja
    a reverter o feriado por ser religioso
    deves estar no gozo ou muito distraída
    a Santa Sé bateu a bola baixa
    e cedo cedeu, como causa perdida

    https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2012/05/09/7259-executivo-confirma-corte-de-quatro-feriados-a-partir-de-2013

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  6. Fernando Ribeiro
    Como já referi, na página da Wikipédia, há uma matriz que situa cidades/vilas onde o Pão Por Deus é assinalado de forma mais expressiva. Designadamente:
    Anadia
    Roriz
    Braga
    Coímbra

    Quanto ao Dia da Espiga, ele era comemorado onde havia seara...

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  7. Quando pequenina, nunca andei ao pão-por-Deus mas recordo-me das crianças que vinham bater à nossa porta e de, por volta dos meus seis ou sete anos, ter conquistado o direito de ser eu a abrir a porta e a entregar as apetitosas fatias de bolo e as enormes arrufadas que haviam sido confeccionadas ou compradas de véspera.

    Estranhamente, não estava a associar este ritual ao dia de finados. A memória já me vai pregando partidas destas, mas ainda está bem viva no que toca â luta pelos feriados que, em 2013, nos foram roubados pelo PSD e CDS-PP.

    Abraço

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  8. Bolinhos, bolinhós pedem-se em Coimbra! :)
    Eu lembro-me!

    Abraço

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