22 novembro, 2019

José Mário Branco, a homenagem pelo traço do Fernando


Não embarco na ideia do fim da História. Nos anos 80 e 90, o pós-modernismo foi a versão cultural do neoliberalismo. Nós aprendemos a criar em cima de um tripé: a estética (a busca da beleza), a técnica (a oficina da arte, o saber fazer) e a ética (não há criação fora de um contexto comunitário). Se faltar um dos pés, o tripé cai. O que realiza fisicamente uma obra é a sua partilha. O que o pós-modernismo nos vem dizer é que essa parte da ética não interessa para nada, não há compromisso. Que, na arte, pode haver neutralidade, pode não haver relação com uma comunidade. É mentira. Há sempre um compromisso. Mesmo que o compromisso seja afixar um não-compromisso.  
José Mário Branco
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transcrição integral do trabalho de Fernando Campos,
publicado no "Sítio dos Desenhos"

6 comentários:

  1. Há já uns anos, levados pela mão do Rogério, eu a Fê e outros mais, seguimo-lo até ao "Sitio dos Desenhos" e por lá andei eu muito tempo deslumbrada com o talento e sentido oportuno do caricaturista Fernando Campos.
    Foi, pois, com muito gosto que agora lá voltei.

    Custa-me sempre constatar que é preciso as pessoas partirem, definitivamente, para serem faladas, louvadas, apreciadas e citadas. Compreendo todas as justas homenagens, eu própria as faço, mas seria tão bom se déssemos o verdadeiro apreço e justo valor, a quem o merece, antes da derradeira viagem...

    Um abraço a ambos.

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  2. Infelizmente para mim não conheci o "Sitio dos Desenhos"

    Abraço e bom fim de semana

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  3. José Mário Branco um cantor e compositor de Abril. A cultura portuguesa ficou mais pobre com a sua partida. Que descanse em Paz

    Votos de uma semana feliz

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  4. Belíssima e merecida homenagem :))

    Hoje : O teu respirar ainda preenche o meu peito

    Bjos
    Votos de uma óptima noite
    Bom fim-de-semana

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  5. Há sempre compromisso na criação artística. Quem cria não pode afastar-se de si mesmo, daquilo que é como pessoa. Cada um está comprometido, à partida, de uma ou de outra maneira, consigo próprio e com o coletivo a que pertence.

    A Ética não pode ser separada da Arte, em circunstância alguma. O pior é quando os próprios "artistas" não sabem quem ela é.

    Não era o caso de José Mário Branco, claramente.

    Lídia

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  6. Caros amigos
    A arte é mesmo assim
    O canto, o traço
    O poema cantado
    O rosto traçado
    A pauta
    A tela
    O verso
    A voz, a voz
    O risco

    E lá no fundo da memória
    o desenho
    que a perpetua


    Obrigado Fernando Campos

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