Recomenda-se a leitura deste post ao som desta sinfonia:
Consultor preocupado e diligente, contratado por quem deve e pode, recebeu carta branca para propor medidas de redução de custos. Fê-lo em todos os domínios da actividade e até noutros, tal era sua gana. Perante tão numeroso número de propostas, caiu-me os olhos nesta por inusitadamente incidir sobre a obra de Schubert, aqui mesmo a ser tocada. Diz o relatório:
Depois de exautiva análise e tendo em conta as melhores práticas de gestão , deixo à consideração da Ex.ª Administração, as seguintes medidas de racionalização de custos nesta peça:
1. Os oboés estiveram desocupados durante largo tempo. Deverá reduzir-se o seu número e distribuir o trabalho por toda a orquestra evitando-se assim picos de inactividade
2. Os doze violinos tocavam notas idênticas. Parece ser uma duplicação desnecessária e o pessoal deste sector deve ser drasticamente reduzido. Se for realmente necessário um grande volume de som poderá usar-se um amplificador.
3. Foi dispendido um esforço considerável a tocar fusas. Parecer ser um requinte desnecessário pelo que se recomenda que todas as notas sejam arredondadas para a semi-colcheia mais próxima. Assim será possível utilizar estagiários em vez de profissionais especializados.
4. Não se vê qualquer utilidade na repetição pelas trompas de passagens já tocadas pelos violinos. Se todo todas essas passagens redundantes forem eliminadas poderão estes metais serem dispensados com evidentes economias.
5. Propõe-se a aplicação destas medidas a todas as orquestras do mundo inteiro com ordens severas que assegurem o respeito da sua introdução de que resultarão, não só economias monumentais, como se evita a produção de Sinfonias Inacabadas e a sua entrega fora de prazo…A bem da cultura autosustentada
Texto arranjado a partir de várias versões, nomeadamente desta
Pois!:))
ResponderEliminarMas essas medidas, por definição, não se aplicam às obras arte, por isso é que são obras arte, existem independentemente das medidas de racionalização económica. São obras de arte pela graça de Deus!O que pode acontecer é não poderem ser executadas, mas não deixam de existir, têm vida própria.
:))
rrss rrsss
ResponderEliminarPenso que já estivemos mais longe da aplicação destas medidas...
E que bom me ir deitar ao som desta peça estupenda!
O meu grato abraço.
Economia... é engraçado como quem nos tem governado, parece que não percebe nada... era engraçado aplicar a mesma regra em casa... para economizar... ninguém come... depois de todos morrerem à fome... é cá uma poupança ;))
ResponderEliminarBjos
Comecei a ler o teu texto com um sorriso, que no final já era uma franca gargalhada!
ResponderEliminarLembrei-me de uma história verdadeira (não são todas?) em que foi apresentado um projecto-lei para que o número Pi 3,14159265, para ficar menos complicado, passaria a ser igual a 3! Felizmente a proposta não foi aprovada, para bem das rodas que passariam a ser quadradas...
Abraço,
António
Achei muita graça e comecei a imaginar o que seria se...
ResponderEliminarBeijo
Estou agora a imaginar o que esse consultor pensaria da nona de Beethoven: Um grupo coral enorme em silêncio durante a execução dos primeiros três andamentos; intervindo apenas no quarto andamento da obra.
ResponderEliminarEnfim.
Um bom Feriado.
Abraço.
Garanto-lhe que dei uma boa gargalhada ao ler este texto.
ResponderEliminarUm abraço,
Uns dias de ausência e tantas novidades. Ainda dizem que não se passa nada neste país. Constato que agora escreve em estereofonia, com transferência dos Caminhos para um blog autónomo. Parabenizo-o pela decisão que me parece acertada. Esta conversa avinagrada precisa de posts como estes e os Caminhos merecem local exclusivo. Vou ler os capítulos que perdi e depois vou dar lá um salto, para me deleitar com a sua narrativa.
ResponderEliminarForte abraço
Caro Rogério
ResponderEliminarAcho que não vai ter mãos a medir para recusar os convites que lhe vão fazer, para "consultor de redução de custos" Espero que não aceite, porque faz por aqui muita falta.
Abraço
PS: Curiosamente é a segunda vez que encontro Schubert hoje.
Caro Rogério
ResponderEliminarPenso que o Rogério vai ter que fazer um intervalo na publicação do seu livro porque entretanto é capaz de aparecerem por ai umas propostas enteressantes. Será?
Beijinho
Amigo Rogério!
ResponderEliminarA orquestra até pode continuar a ser "audível" após estas 5 medidas... mas que não é a mesma coisa!!!
Beijinhos
Ná
Adoro Rui Veloso e sobretudo o Porto Sentido.
Nota vinte.
ResponderEliminarDesculpem a "mania" de avaliar. Defeito de profissão.
Um beijo