28 dezembro, 2010

Da minha janela - 4

Aproprio-me desta janela como se fosse minha. Tenho direito às pequenas felicidades que dela se vê. Mereço-a. Mereça-a também você:
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"Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim".
Cecília Meireles,
texto trazido pela "caminhante" no seu comentário ao "Da Minha Janela 2"

13 comentários:

  1. Essa é, Rogério, a Janela por onde se vislumbra a verdade do mundo!
    Lindissima citação de Cecília Meireles!
    Obrigado.
    Um abraço.

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  2. Boa escolha, esta de Cecília.

    Que a janela da sua vida se abra sempre sobre coisas interessantes e, de preferência, muito agradáveis.

    Um abraço.

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  3. Senti um pouco a brisa morna que se colhe dessa janela onde não basta apenas olhar. É preciso ouvir!

    Ouvi dizer, lá na sombra dessa grande árvore, que o ano está na curva final.

    Já se começam a ouvir alguns passos trazidos na força do vento e do desejo que exige mais amor e respeito.

    Que o novo ano seja Bom e positivo.

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  4. Caro Rogério
    A leitura das "suas janelas" trouxe-me a lembrança desta canção e sobretudo da cena que a antecede.
    Aqui lha deixo.
    Abraço

    http://www.youtube.com/watch?v=5S-ZrxBkqKU

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  5. Rogério, "é preciso aprender a olhar", essa é uma grande lição!
    Andei sumida - correrias de fim de ano - mas estou voltando e pretendo colocar as leituras em dia.
    2011 cheio de realizações e harmonia.
    bjs carinhosos
    JUssara

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  6. Meu amigo:
    Quando se junta dois amigos muito especiais para mim o resultado só pode ser este, LINDO!!!
    Espero que a sua janela, tal como a dela se mantenham sempre abertas para nós.
    Se por acaso já não nos "falarmos" mais este ano ;-) desejo-lhe umas boas entradas em 2011.
    Beijinhos ainda constipados ;-)

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  7. Rogério,
    Faço link num Leituras Especial :)
    Feliz Ano Novo!
    Abraço.

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  8. Caro Rogério,

    Felicito-o pelo post!
    ...é preciso aprender a olhar...

    Um Feliz 2011 para si e família

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  9. Havendo saúde, dinheiro e amor, a felicidade paira no ar!
    E é isso mesmo que lhe desejo para 2011, Rogério, bem como à sua família!

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  10. Debaixo da sua janela, desejo-lhe um Feliz 2011, para si e para os seus. Voltaremos certamente a encontar-nos por aqui, com todo o gosto meu, no próximo ano.

    Abraço

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  11. Sai da janela e vem celebrar a entrada no ANO NOVO
    kis :=)

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  12. da minha janela, vi a sua... e como estou grata por isso...

    abraçinho terno :)

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