12 dezembro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 19

Os caminhos do seu navegar cedo constituíram uma atracção irrecusável
de percorrer os meus e dos contar com palavras que procuro próximas das suas

Julgava, quando decidi escrever o meu livro, que o facto de não ter preocupações de escrever a história me libertava da responsabilidades normalmente atribuíveis a um historiador. José Saramago fez-me mudar a minha opinião e, pela compreensão do “efeito borboleta” que se inscreve na teoria do caos, posso admitir que todos aqueles acontecimentos narrados por mim poderão explicar, por si sós, a queda do império colonial. Não, não estou a ver-me grande demais. Esses acontecimentos que descrevo é que poderão ter tido uma importância muito maior que aquela que eu próprio lhe atribuía inicialmente(*)

HOMILIA DE HOJE

A coerência no caos - "A nossa relação com o tempo faz-se por intermédio de algo a que chamamos História e a História é algo que se escreve como consequência da eleição de dados, datas e circunstâncias que vão ser organizadas pelo historiador para que toda essa pilha de informação seja coerente consigo mesma. A História não seria mais que a tentativa de introduzir a coerência no caos dos múltiplos factos de todos os dias."

In José Saramago nas Suas Palavras

18 comentários:

  1. Caro Rogério
    Quanto daquilo que começamos a "fazer" não o começariamos se soubessemos a responsabilidade que "sem querer" estavamos a assumir.
    Mas acho que o meu caro vai dar bem conta do recado e vai ser para muitos (de nós)um verdadeiro professor, especialmente na forma de utilizar estes meios para a divulgação de coisas extremamente interessantes.
    Acontece caro Rogério
    Abraço

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  2. Caro rogério
    Ao exercitarmos a nossa capacidade de discernimento os factos da vida tornam-nos mais flexiveis e felizes, é isso que o Rogério me consegue transmitir. Boa continuação.

    Beijinho

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  3. Assim não dá, Rogério!
    Venho comentar a primeira das suas canções de Natal( What A Wonderful World ) e deparo-me com uma homilia dominical??
    Bem,vai ficar uma espécie de dois em um.
    Concordo consigo: esta não é de facto a melhor versão da canção em causa e a mim causou-me um certo constrangimento, que me vou abster de explicar, ver o vídeo. Terminei por ouvir, apenas, e gostei mais!
    Também concordo que quando os amigos se cumprimentam e interessam, realmente,em saber como o outro tem passado, é uma forma de lhes dizer que gostam deles. Ainda que não tenham as cores do arco-íris(metaforicamente) reflectidas no rosto..(digo eu).

    Agora que já vai no segundo capítulo do seu livro, penso que não deve questionar-se tanto sobre os seus efeitos. Continue a escrever e não se deixe influenciar tanto pelas teorias do Saramago. Afinal quem o vai ler e apreciar não é ele, pois não??
    Depois o que estamos à espera é da sua história e não da História da guerra colonial. As conclusões são tiradas pelos leitores...no final do livro escrito e lido!
    Bem, se eu meti os pés pelas mãos, não se coíba de mo dizer. Gosto de aprender com quem sabe...sabe?
    Janita

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  4. Gosto de SEna, gosto de canções de Natal, gosto de Saramago e gosto da sua escrita.


    Já foi ao Dª Maria II ver "1974"? Estará lá até 19/12/2010. Se me permite, sufiro que não perca, porqu eintuo que lhe agradará...

    Um abraço

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  5. Rogério.

    Não há como não concordar com Saramago. Além de gênio, é um homem muito à frente de seu tempo. No presente, porque a obra dele é presente. Múltiplos fatos nos acontecem no dia a dia, um caos. A História lhes introduz coerência, após passados esses fatos.

    Gênio. Esse homem que admiro, assim como admiro a você, era um gênio. Uma visão de mundo extraordinária. Eu acredito piamente - pois já vi - no efeito borboleta. É impressionante, e sempre falo sobre isso. Uma coisinha à toa que você faz hoje, tem consequências inimagináveis no amanhã. Isso é fato.

    Beijos, meu caro poeta lúcido

    Carla

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  6. Folha Seca,
    É como diz. Frequentemente, pensamos com humildade, que somos pequenos demais para termos importancia. Mas olhando para o passado percebo que os heróis conhecedos não o seriam se não fossem os actos anónimos dos que na realidade fizeram a história...

    Flor de Jasmim, que bom saber que lhe transmito esses sentimentos. Reconheço que o conhecimento nos torna mais humanos e disponíveis para entendermos os outros e, talvez como diz, isso nos torne mais felizes... Não tinha a percepção de poder estar a dar contributos como aqueles que refere...

    Janita, quando me diz "Continue a escrever e não se deixe influenciar tanto pelas teorias do Saramago." chega tarde na sua recomendação. EStou "apanhadinho" não só pelo seu pensamento, como pelo carinho e saber com que lida com as palavras e mais pela sua dimensão humana. Eu estou (e quero estar) à Sombra dessa montanha enorme que foi Saramago. Ele não me lerá por razões óbvias mas não sei se me leria se fosse vivo. Ele tinha tanta coisa para fazer...

    São, vou tentar ir... mas tenho muito trabalho. Obrigado pela dica (gostei saber desses seus gostos, comuns...)

    Carla, conhecia a teoria, mas só agora a senti e interiorizei. Nem sempre o que sabemos nos trepa na alma, né?

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  7. Meu amigo:
    Acho sinceramente que o seu caminho está a tomar a dimensão de uma longa auto-estrada ;-)
    Sei que vai ser fiel ao rumo que traçou e à história, porque inspiração e talento não lhe falta.

    Beijinhos e boa semana

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  8. Todos tivemos uma auto-estrada, por vezes entrecortada outras apenas caminho com obstáculos que nem sempre a alma soube ultrapassar da melhor maneira. Na próxima oportunidade fale da sua. Nem que ela seja apenas uma estreita e longa rua...

    Alexandre, todos somos maiores do que aquilo que pensamos ser. Também somos maiores do que a dimensão que os outros outros nos dão... Mas há também... ia antecipar coisas do meu livro e isso não deve aqui acontecer...

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  9. Amigo Rogério,
    Subscrevo, totalmente, o comentário da Janita no que se refere à história que está a contar. A verdadeira criatividade liberta-se, sempre, dos conhecimentos produzidos por modelos já existentes. A sua narrativa tem tido, até aqui, um cunho muito próprio e criativo. Não deserte desse trilho.

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  10. Meu Caro FMF,

    Sair desse trilho é sair da influencia de Saramago. Ser influenciado não significa copiar-lhe os gestos, imitar-lhe a escrita. Ser influenciado é ser por ele desassossegado. Lembra-se de ter escrito que iria eu percorrer o caminho da jangada de pedra. EStou influenciado por esse sonho e ainda hei-de escrever um ensaio sobre a surdez...

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  11. Caro Rogério.
    Respeito a sua opção de querer manter-se à "sombra dessa montanha" criada por José Saramago.
    Se iniciou a escrita do seu livro sob a influência dessa sombra, eu por mim não notei nada. Pelo contrário, pareceu-me possuir um estilo literário muito próprio, aliás, cheguei a dizer-lhe isso.
    Espero que o desassossego que lhe provoca essa influência, não lhe roube a criatividade e o objectivo com que se lançou na rota dos "Caminhos do Meu Navegar".

    Seguir desassossegado é o que lhe dita, agora, o seu EU e a sua ALMA. Então e o seu CONTRÁRIO??
    Desta vez ficou calado??

    Felicito o FMF! Não por o seu parecer se identificar com o meu, isso seria ridículo e absurdo. Mas,sim, pela coragem de não se deixar seguir, comodamente, ao sabor da corrente. Formular uma opinião diferente da maioria e não dizer Amén a tudo, só porque sim...é digno de louvar.
    Cá fico a aguardar os próximos capítulos.
    Janita

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  12. Lá vou eu voltar à Janita... porque tocou num ponto muito importante: ter comentários fora do "sim senhor". Estou decepcionado com tanta unanimidade nos comentários da maioria dos blogues que leio, incluindo no meu próprio sítio. Parece que todos os artigos nos saem bem, que estamos sempre inspirados e que todos pensam como nós. Para poupar a pena e tempo, se alguém disser que se estou decepcionado o problema é meu, digo já que, de certeza, não é...

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  13. Respondo-vos com Saramago, assim, com palavras dele (claro que aplicadas ao contexto do que escrevo e não de quem me comenta):

    "Sim, essa é a minha postura, duvidar de tudo. Se há algo que possa ser útil para o leitor, não é justamente que ele termine pensando como eu penso mas que logre colocar em dúvida o que eu digo. O melhor é que o leitor perda essa postura de respeito, de acatamento do que está escrito. Não há verdades tão fortes que não possam ser postas em dúvida. Temos de dar-nos conta de que nos estão a contar histórias. Quando se escreve a história de qualquer país, temos de saber isso. A realidade profunda é outra. O historiador, muitas vezes, é alguém que está a transmitir uma ideologia. Se fosse possível reunir numa História todas as histórias – para além da História escrita e oficial -, começaríamos a ter uma ideia sobre o que se passou na realidade."

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  14. Cada um de nós tem o "seu" Saramago, meu caro Rogério.
    Com a HOMILIA DE HOJE de hoje concordo plenamente.

    Navegar na sua escrita é um prazer, e o Rogério está a dar conta do recado muitíssimo bem.

    Saudação de um Düsseldorf coberto de neve e de uma amiga com dores na garganta!!!

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  15. Teresa, minha Teresa
    Cuide-se e cure-se. Quero-a em condições de cantar canções...

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  16. Meu querido Rogério,

    Cada história de vida é uma vida por si só. Com uma riqueza de sentimentos capaz de preencher páginas e páginas de um livro. Basta apenas a sensibilidade e destreza do escritor.

    Isso, caro amigo, você tem.

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  17. Não conhecia esta foto.Linda!
    Um homem seguro de si, caminhando, ainda que só...

    Um beijo

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  18. Caro amigo Rogério!

    Como bem sabes, estou muito atrasada na leitura do teu livro, sou portanto um pouco suspeita para julgar as palavras hoje aqui ditas em termos mais exactos.
    No entanto e porque já conheço os outros escritos, as crónicas do dia a dia e não só, posso confirmar que é muitíssimo bom tudo o que escreve.

    Beijinhos

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