As Portas do Armário, Porfírio Pires,Óleo sobre tela |
O Meu Armário
O meu armário
não é nem alto
nem largo
nem fundo
mas onde me vai cabendo tudo
Lá, fui guardando
cidades, aldeias, vilas
e todos os lugares por onde fui passando
Dentro do meu armário correm os riosDentro do meu armário
da minha infância
fui guardando afectos, angustias e medos
à medida que fui crescendo
O meu armário tem gente dentroNos dias mais cinzentos
Muita gente, mesmo
ou no decurso das lutas que vou travando
abro-lhe as portas de par em par
e tiro de lá uma espada, ou um pássaro
ou um sol
ou um grito
ou um sorrisoO meu armário, ao longo do tempo
nunca teve esqueletos dentro
Rogério Pereira
Entre todos os poemas que fui lendo hoje, destaco dois de nível superior. Este, "O meu Armário" e o "Palhaço Sem Circo" do Luís Eme. Dois poemas que me deixaram maravilhada. Capazes de fazer inveja a muito vate consagrado.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Um abraço
Nível superior?
EliminarVá lá, não exageres...
Já toda a gente percebeu
que teu armário é quase igual ao meu
Tem um armário muito precioso, tem VIDA lá dentro!
ResponderEliminarUm beijinho
O Toque do coração
Quando sai um pássaro
Eliminarespero, sem pressa
e ele regressa
Nem todos os armários são iguais, mas gosto deste seu, especialmente porque tem lá um sol. Eu gosto do sol, sobretudo do Sol. Tudo o resto vem por acréscimo.
ResponderEliminarSaudações Poéticas!
Viva a Poesia!
Lídia
O Sol?
EliminarAh, pois... o sol!
SOL DO MENDIGO
Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o Sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o Sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...
Pela manhã acorda tonto de luz.
Vai ao povoado
e grita:
- Quem me roubou o Sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios
rosnam:
- Que grande bebedeira!
E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o lado,
dorme, dorme...
Manuel da Fonseca
Perfeito, esse armário! Ainda bem que há armários assim: dignos e humanos.
ResponderEliminarBeijinho
Sabes? Também estás dentro desse meu armário
Eliminare às vezes espreito-te...
Um fabuloso poema, este teu "O Meu Armário", Rogério!
ResponderEliminarForte abraço!
Maria João
Outro aplauso, desta vez para a excelente tela de Pofírio Pires!
ResponderEliminarMaria João
Dois aplausos?
EliminarUau!!
Sempre admirei a tua veia poética, Rogério.
ResponderEliminarContudo, não acredito que no teu armário não haja esqueletos. Todos nós temos os nossos esqueletos escondidos no armário ou na cave.
Mas... Teresa...
Eliminareu disse que não tinha...
Que belo armário, Rogério!
ResponderEliminarNele cabem, prosas, poemas, festas, e um sem fim de coisas belas.
Esqueletos? Isso há, mas é nos armários infectos!
O próximo livro a ser editado terá de ser de poesia, pode ser?
Ah, eu queria!!
;)
Não vai haver um próximo livro
EliminarPorquê? Um dia digo!
Um belo poema, meu caro Rogério
ResponderEliminargostei. de verdade
e espero que venha livro
abraço fraterno
Não Manuel, não vai haver
Eliminarum livro precisa que lhe se dê a mão
e eu tenho as duas bem ocupadas
O poema está espetacular!! Quem o escreveu? O Rogério ou o Rogerito?... :)))
ResponderEliminarO Rogérito
EliminarO Rogério só colocou as virgulas
Rogério
ResponderEliminareu direi que esse armário é muito "rico" em memórias, e em tudo oq ue de bom e mau a vida nos traz.
um poema, muito bom mesmo!
beijo
;)
Verdade?
EliminarBela poesia que eu nunca poderia escrever - a principal razão é porco não tenho um armário, só tenho uma mesinha de cabeceira e uma salgadeira.
ResponderEliminarUm abraço e versa-te homem, que a poesia é do melhor que se pode fazer com as palavras!
Que bom dares pérolas a homens
EliminarVersemo-nos