16 outubro, 2019

"A geringonça morreu. Viva a geringonça"


Chegar tarde, mas cumprir com o que jurei a mim próprio: primeiro, não passar um só dia em branco; segundo, não citar tão só e apenas os que merecem ser citados; terceiro, todo o juízo com juízo, é como se fosse eu próprio a produzi-lo. 
E é assim que aqui vai (escrito pelo Ricardo):

"O BE diz que a geringonça morreu porque o PS a matou. O PS diz que a geringonça está viva e continua tudo como dantes. O PCP diz que a geringonça nunca existiu. Nenhum dos três tem razão. A geringonça existiu, sim, e não existe mais. Mas morreu de morte natural.
(...)
A geringonça acabou porque deixou de ser necessária e porque o seu fim interessa a todos os participantes. Não há motivo para lamentar a sua morte, mas há razões para celebrar a sua existência.
(...)
A geringonça representou várias rupturas com a prática de 40 anos de democracia. Primeiro, o PS aceitou tratar o PCP e o BE como interlocutores políticos válidos, acolhendo diversas propostas em vários domínios. Segundo, PCP e BE aceitaram não fazer do PS o seu principal inimigo, mesmo sabendo que alguns dos traços que sempre criticaram nos socialistas iriam persistir. Terceiro, o Parlamento português passou a funcionar num regime de negociação quotidiana - um padrão comum em várias democracias europeias, mas quase ausente na prática parlamentar portuguesa. Por fim e não menos importante, difundiu-se na sociedade a convicção de que é possível e desejável um projecto de desenvolvimento para Portugal baseado no combate às desigualdades, na justiça social, em serviços públicos universais e na protecção dos direitos sociais e laborais.

A geringonça acabou, mas deixa no sistema político uma experiência de negociação que não se esquece. E deixa na sociedade portuguesa a convicção de que o retrocesso dos direitos não é inevitável nem desejável. Não é pouco. É o critério pelo qual os partidos em causa serão julgados no futuro pelos seus eleitores."

Excertos do texto de Ricardo Paes Mamede, hoje no DN.

7 comentários:

  1. Estou absolutamente de acordo com o texto de Ricardo Paes Mamede‼
    O PS já não precisa de bengalas, embora não tenha conseguido a maioria, e segue o seu caminho sozinho...

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  2. Querida amiga Teresa, já não é a primeira vez que dá a volta ao texto de quem cito.
    O Ricardo não diz nada disso do que referiu que ele disse.
    O Ricardo
    disse exactamente o contrário

    «A geringonça acabou, mas deixa no sistema político uma experiência de negociação que não se esquece. E deixa na sociedade portuguesa a convicção de que o retrocesso dos direitos não é inevitável nem desejável. Não é pouco. É o critério pelo qual os partidos em causa serão julgados no futuro pelos seus eleitores."»

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  3. Compreendi muitíssimo bem o que o Ricardo escreveu ❗❗❗
    Também NÃO esqueço a geringonça como uma excelente oportunidade da abrir novas experiências políticas. Uma experiência de negociações que durou e vingou. Mas os eleitores embora gostassem dessa forma de governar, quiseram dar a oportunidade ao PS de se emancipar e seguir o seu caminho sem bengalas.

    No último parágrafo, embora o tenha compreendido, afastei-me do Ricardo. Gosto de ver o PS mais forte e sem sócios. Isso não quer dizer, que a geringonça não tenha sido uma ótima experiência no sector político‼‼‼

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  4. Teresa,

    As bengalas
    de que falas
    delas
    precisam
    os precários, e tu não és precária
    delas
    precisam
    os pensionistas e reformados
    e ao que suponho
    se és idosa
    estás te lixando para a pensão e reforma
    pois a tua será (é já)generosa

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  5. Não preciso, nem de bengala, nem de reforma‼

    Se o teu partido luta pelos os desfavorecidos, porque é que perdeu tantos votos❓❓❓ O vosso umbigo é mais importante do que analisar os vossos próprios erros. Lamento ver moribundo, um partido pelo qual votei nos últimos anos.

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  6. Agora as negociações serão mais demoradas porque há mais interlocutores, ainda bem que não houve maioria!

    Abraço

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  7. Poderia bem ser um conteúdo meu... ou seja, revejo-me plenamente nessas palavras.

    Abraço

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