04 outubro, 2019

Freitas, as exéquias e a memória...


Morreu Freitas de Amaral. Facto que, se bem que esperado, não tinha data anunciada. Aconteceu em final de campanha e não tendo a certeza de que poderá influenciar quem quer que seja, não posso deixar de lembrar que foi uma figura que vem trazer à memória de como terá, no seu percurso, fornecido a todos os partidos (do até aqui chamado arco da governação) razões para sentidas homenagens. 

Curiosamente, Francisco Louçã junta-se às exéquias

Eu, por meu lado, sobre Freitas, terei neste espaço escrito pouco. Mas do pouco escrito, registo esta passagem extraída de um voto de pesar, aprovado na AR, em Junho de 2018:
«De todos os momentos da carreira de Frank Carlucci é à frente do posto em Lisboa que viria a revelar-se politicamente mais determinante. Firme na ideia de que o processo de transição e consolidação democrática não estava perdido, contrariamente à opinião de membros da própria Administração norte-americana, Carlucci bateu-se pela restauração da normalidade do processo democrático em Portugal, ao lado dos principais protagonistas políticos da resistência, Mário Soares, de quem era amigo pessoal, Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral.»
Votação do voto de pesar, de onde é extraído este elogio fúnebre
apresentado pelo CDS
Favor – PSD, PS e CDS - PP
Contra – BE, PCP e PEV 
Abstenção – PAN e 8 Deputados do PS

Ah, e convém não esquecer:

«A direita, depois de aprovada a Constituição, arreganhou os dentes, ostensivamente, por duas vezes:
A primeira foi na eleição presidencial de 1980; Soares Carneiro, guarda-mor do campo de concentração de São Nicolau, apoiado pela AD de Sá Carneiro e Freitas, tinha por objectivo explícito revogar a Constituição por referendo; a vitória do General Ramalho Eanes, apoiado pelo PS de Zenha e Sampaio e pelo PCP bem como pelos milhões de portugueses que nele votaram, garantiu o essencial da Revolução de Abril.
A segunda foi na eleição presidencial de 1985 disputada entre Freitas do Amaral, apoiado pelo PSD, pelo CDS e por todos os nostálgicos do fascismo, e os defensores da democracia consagrada na Constituição, representados na segunda volta por Mário Soares.
Depois destas duas vitórias consecutivas nas eleições presidenciais, a direita não mais ousou, mesmo quando venceu, pôr em causa a democracia saída do 25 de Abril, consagrada na Constituição de 1976!»

1 comentário:

  1. A memória nem sempre é fiel aos factos embora seja de lamentar a morte de alguém que se tornou uma figura pública!

    Abraço

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