25 outubro, 2019

Uma visão, de fora. A ser apreciada, cá dentro

 A impotência geral dos cidadãos para mudar o que está mal, a abstenção geral, devia ter uma voz política de movimento social. E não há muitas forças políticas capazes de o organizar. 

Dias depois das eleições, o Partido Comunista Português (PCP) divulgou um vídeo. O João Rodrigues já escreveu sobre ele.

Mesmo sendo propaganda, é uma forma elegante de relativizar o seu resultado eleitoral, a descida lenta mas continuada desde 1980, e de valorizar a importância da generosidade quotidiana dos comunistas, que é por isso mesmo - como já se disse - imprescindível.»
Da forma, acima transcrita, inicia João Ramos de Almeida uma (boa) análise sobre o que está acontecendo ao PCP e as razões desse porquê. O texto pode ser lido, na integra, no blogue "Ladrões de Bicicletas".

Embora estas considerações sejam aqui feitas a título pessoal, essa opinião será certamente objecto de reflexão no meu Partido.

Contudo, nesta e noutras análises que nos últimos tempos têm vindo a público, registo uma lacuna numa perspectiva que julgo ser uma questão central em qualquer análise e que passa pela avaliação das alterações profundas na estrutura produtiva do País, com a queda da produção industrial e com o consequente repercussão na base de apoio do PCP, em particular na redução da classe trabalhadora e, mais significativamente, no seu peso no emprego total.  Ficam os números, bem expressivos:

Número de trabalhadores na Indústria Transformadora (dados PORDATA):
  • em 1990, 1.016.606, peso no total de postos de trabalho, 42%
  • em 2017,    711.684, peso no total de postos de trabalho, 18%
Há 8 anos atrás, em 2011, já eu ia falando em tudo isso, mas ainda sem a percepção de todas as implicações. Não foi apenas o endividamento que começou quando o aparelho produtivo começou a ser destruído. Aqui começou, também, a perda de influência da classe trabalhadora e, com ela, a do PCP.
Fica a imagem que então publiquei, com a Siderurgia Nacional ao fundo, esclarecendo a quem pertencia cada esqueleto 

2 comentários:

  1. Bom dia. Os politicos só são bons durante os dois meses anteriores às eleições. Depois... bem depois nem se deixam ver

    Fiquei seguidor por ter gostado muito do seu blogue.

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  2. Como calcularás, ler um texto desta dimensão, abrindo e lendo, também, todos os links disponibilizados, exigiu aos meus olhos um esforço titânico. Valeu a pena, mas creio que vou passar o resto do dia a tentar aliviar esta descomunal dor de cabeça.

    Abraço

    PS - (Um dia - espero... - ainda havemos de trocar impressões sobre o processo de destruição da economia/produção primária, bem como sobre a actualíssima e insidiosa destruição do SNS)

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