01 agosto, 2023

O LIVRO QUE VOU ESCREVENDO - Cap. 004

 

MUITOS FORAM OS MESES QUE PASSARAM

SEM QUE DESSE POR ELES


Depois daquele reencontro, mais fiquei a saber: que ele, era quadro de uma empresa de consultoria na área da manutenção industrial e que estava ali em prestação desse serviço, até ao arranque da fábrica; que, além dele, trabalhavam nessa empresa mais dois elementos que também foram alunos do Instituto (disse-me os nomes, mas eu, na altura, não os associei a quem); que no dia seguinte iria entrar, na Cergal, um técnico preparador do trabalho, com o qual eu viria a ter contacto estreito pois todas as minhas tarefas eram dependentes das que ele ia, no dia-a-dia, realizando. Foram dois ou três meses de formação intensa e prática até ao arranque, seguido um lufa-lufa constante sem que eu, sedento de saber, sentisse a pressão das extensões de horário ou de uma coisa ou outra que ia acontecendo e correndo menos bem.

 

Ia tudo andando com todos achavam que devia andar, quando apareceram os primeiros sintomas de ter sido a decisão de construir a fabrica naquele lugar um enorme erro e um investimento desastroso.

 

Tudo começou ao notar que a enorme máquina de lavagem de garrafas, a primeira da máquina da linha de enchimento, vinha tendo sucessivos cortes na alimentação de água reduzindo ao mínimo o caudal necessário. O controlo de qualidade de linha vinha cada vez mais a rejeitar quantidades significativas de produto final (cerveja engarrafada, pronta a seguir para o mercado) por as garrafas apresentarem depósitos e até pequenos objetos como resultado da deficiente lavagem.


Todos os encarregados comentavam a constante ocupação do Diretor Técnico a fechar bebedouros e torneiras...

 

Mas a dinâmica estava criada e aqueles percalços eram tidos e comentados como consequência da seca severa que assolara o País, embora, na serra, nunca falhara o chuvisco...

 

Entretanto a minha relação com todos, desde a direção ao pessoal operário, era bem sintomática de que aquele era o meu mundo. E a simpatia com que me rodeavam aumentou bastante depois de nas festas de Natal, dirigidas aos trabalhadores e suas famílias, ter eu animado, em palco, as festividades estabelecendo diálogo com as crianças presentes e, até, contando pequenas histórias recolhendo sorrisos e palmas.

 

Não muito depois, a fábrica seria encerrada e todos os trabalhadores e quadros dispensados...


Continua 

 




 

5 comentários:

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    1. Tem dias!...
      mas vou tendo a necessária energia
      para pôr a memória em dia!

      Abraço

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  2. Quer dizer então que a "família CERGAL" faliu?

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    1. Parte da família Cergal foi transferida para a Soc. Nacional de Cervejas que adquiriu a marca e passou a fabrica-la nas suas unidades fabris. Outra parte foi despedida. Quanto a mim... não percas as cenas do próximo capítulo! :)

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  3. Bons tempos, a julgar pelas fotos das festas natalícias.
    Tudo tem príncipio e fim. Esse tempo da CERGAL chegou ao fim.
    Agora são só recordações. Recordações essas, que ficarão perpetuadas num livro em construção...
    Abraço, Rogério.

    PS- Vi a foto da Mª João e senti-me tão emocionada e sem coragem para falar, que fiquei calada. Como pode a fdp da vida ser tão injusta?

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