15 agosto, 2023

O LIVRO QUE SÓ AGORA DECIDI ESCREVER, DESDE 2010 QUE ESTAVA PARA ACONTECER...

 Os meus contributos para a morte lenta da Indústria Transformadora

Era este o título da minha publicação em 29 de Abril de 2010 e que agora reproduzo. Tem matéria útil para inscrever no prefácio, naturalmente actualizando os gráficos e adequando o estilo...

Façam o favor de ler...

Não sei o porquê deste ar de quem tem sentimentos de culpa. Nem eles, nem os partidos que representam, podem ser culpabilizados. A culpa é minha. A morte lenta do aparelho produtivo tem, na minha descuidada intervenção, a principal causa. Os semanários poupam-me. Omitem as minhas culpas, mas estes vão aparecer como os principais salvadores.


Introdução – Se bem se lembram, já contei, fui enfermeiro graças aos testes psicotécnicos que me descobriram tal aptidão. Quatro anos de serviço militar. Passado à “peluda” em finais de 1971, não foi difícil arranjar emprego. Não potenciei a minha vasta experiência anterior adquirida em diversas actividades: como paquete num escritório; vendedor; revisor de textos num jornal; enfermeiro. Nem sequer quis utilizar a cunha do meu sogro, para ingressar numa seguradora. Quis uma função fabril: Programador de Trabalho. O que se seguiu foi o ingresso numa profissão aliciante que passou de Programador a Técnico de Organização Industrial e depois a consultor, atingindo o topo da carreira como senior manager nas áreas da consultoria em organização e gestão. Conheci apenas 4 entidades patronais, mas em 8 admissões. Como explicar esta incongruência? É simples: Saia de uma e entrava noutra de onde saía para regressar à primitiva. Fiz isto quatro vezes. Um verdadeiro boomerang, lançado para novos rumos e com regressos festivos e melhorados em salário, categoria e respeito profissional. Digo isto por vaidade pessoal? Não! Claro que não. Digo isto só para dar evidência de que este meu testemunho se baseia em competências reconhecidas e admiradas…

Uma carreira construída a fechar empresas – Ao fim do meu percurso profissional, faço o balanço e constato que de todas as empresas que me deram emprego (Ramalho Rosa, Ld.ª; G. Tournier, SARL ; NORMA; Coopers & Lybrand; PwC Consulting e Lisconsult) apenas esta parece ainda ter alguma actividade. Todas as outras ficaram pelo caminho...
Quase todos os projectos onde participei levaram ao encerramento de empresas de grande ou média dimensão ou a alterações profunda na sua missão. A lista é tremenda: Siderurgia Nacional; SAPEC; MAGUE; Companhia Portuguesa do Cobre; MJO; Fundição de Oeiras; A Reguladora; IPETEX; J.B. Corsino; Companhia Portuguesa de Trefilaria; Sociedade Portuguesa dos Sabões… Estas empresas tiveram o meu apoio em projectos inovadores visando replicar efeitos de produtividade e melhoria da qualidade em outras, por feitos de demonstração de boas práticas… As outras replicaram mesmo: ou já fecharam ou acabarão por encerrar. Os quadros seguintes dão a visão global dos efeitos da minha intervenção. 

Entre 1990 e 2002 fechei várias empresas, as outras imitaram os meus projectos e vão fechando sob o efeito da minha competente intervenção. Porque os efeitos só se fazem sentir a médio prazo, as agências de "rating" chamam a isto uma economia em "morte lenta"

Claro que o impacto no emprego também me coloca na lista negra como principal causador de muitos dramas que vão por aí. 

E o sector público? - Pois, também aí vão acontecer coisas. Tendo eu realizado projectos relevantes na CARRIS, STCP e INCM não se deverá esperar muito para... Não estas não fecham, privatizam-se. E como passei na Direcção Geral dos Serviços Prisionais, sem ter ficado em nenhuma das suas celas, nada me admira se não teremos presos em Estabelecimentos Prisionais privados... prontos para nos receber a nós (aos outros, não!).

Epílogo - Os dois senhores que irão salvar as trapalhadas que eu ando a fazer desde o 25 de Novembro, já chegaram a um entendimento, que podemos resumir assim:

  • Nada de reforçar o aparelho produtivo que eu derreti, iria dinamizar a economia, criar emprego e aumentar a base de incidência das receitas do Estado. Nada de fazer isso. Embora reformado, eu continuo por aqui e sou um perigo
  • Pelo lado da receita será melhor privatizar, sobretudo o que dá lucro
  • Irão reduzir os subsídios de desemprego, ver-se-ão livres dessa despesa
  • Irão fazer mais umas coisas, nem eles sabem bem o quê...

Serão os salvadores do Sistema. Ou aparecerão como tal...


6 comentários:

  1. Pelamordassanta, querido amigo, que raio de peso é esse que trazes sobre os ombros? Parece que vieste ao mundo para expiar as culpas de todos os nossos antepassados, incluindo as do velho pai Adão!
    Quanto aos dois senhores que, segundo o teu prognóstico, aparecerão ao povo no alto de uma azinheira como "salvadores" de um sistema "insalvável", digo-te já que nutro uma particular antipatia pelo do lado direito, que até o RSI conseguiu fazer encolher num passe de mágica, reduzindo-o de 189 euros para 170 e pouco, no ano da desgraça de 2012, salvo erro...
    Subscreverei cada uma das tuas palavras no dia em que me mostrares o teu iatezinho, a tua mansão e o teu avião particular, está bem?

    Forte abraço!

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    1. Farei mais do que me pedes, excepcionalmente dou-te acesso às minhas contas offshore. Boa

      Abraço fraco

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    2. Caramba? Como foi que eu deixei escapar as contas offshore??? Estou a perder qualidades... ;)
      Outro abraço!

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  2. É simplesmente ironia, quando escreves que és tu o culpado⁉️
    Caso contrário, és um exagerado‼️

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    1. É complicada ironia (só podia)
      Mas mesmo prevalecendo a ironia... sou um exagerado!

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  3. Meu caro Rogério
    Toda esta tua publicação é ironia pura. Já agora te digo que aquele olhar cândido das personagens que nos trazes, não me enganam e é pena que tenham enganado tantos durante tanto tempo.
    Abraço militante

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